sábado, junho 20, 2015

Crise na construção civil gera desemprego e baixo número de vendas de materiais

(Foto: Alexandre Carius / Tribuna de Petrópolis) 
Aline Rickly - Mais de 1.900 pessoas perderam o emprego na área de materiais de construção no estado do Rio de Janeiro esse ano. Em Petrópolis, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, mais de 300 pessoas ficaram sem emprego na área da construção civil desde o início de 2015: o número de demissões de janeiro a abril foi de 1.458. Já o de admissões foi de 1.096. No mesmo período do ano passado a realidade era outra. O número de admissões superava, na época, o de demissões: nos primeiros quatro meses de 2014, 1.561 pessoas foram contratadas no setor e 961 demitidas. Para especialistas da área, o desemprego é consequência da insegurança dos empresários, que estão receosos com a situação econômica do país. Isso reflete tanto nos novos investimentos em obras, quanto na queda de vendas em lojas de materiais de construção.

De acordo com um levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), os empregos na indústria do setor caíram 3,89% no estado, nos primeiros três meses de 2015, em comparação com o mesmo período do ano passado. Para Walter Cover, presidente da Abramat, falta confiança dos empresários para investir. Além disso, ele mencionou as obras do Governo Federal que estão paralisadas, como as do Programa Minha Casa, Minha Vida. Com relação a venda do varejo, ele observou que as famílias estão postergando as reformas. Primeiro porque a renda estagnou. Segundo, porque o desemprego está batendo as portas de muitos trabalhadores. Com essa incerteza, eles preferem não arriscar as finanças. 
Em todo o estado, 31 mil pessoas que trabalhavam no ramo da construção civil ficaram desempregadas esse ano. A situação ainda não é pior, segundo Walter, porque existem os investimentos nas obras para as Olimpíadas de 2016. Com os juros altos para os financiamentos habitacionais a procura por imóveis também caiu. Com isso, as construtoras frearam os lançamentos de condomínios residenciais e também de centros comerciais. 


Expectativa é que o setor volte a aquecer no segundo semestre
Para o segundo semestre, ele estima uma melhora para a área da construção. Um dos motivos é que estão previstas mudanças importantes para a fase 3 do Programa Minha Casa, Minha Vida. O outro é o lançamento do Plano Nacional de Exportações, que deve contribuir para melhorar a confiança dos empresários na economia do país. Apesar do otimismo, ele destaca: “Esperamos um crescimento gradual e lento”. 
O presidente do Sindicato da Construção Civil em Petrópolis, Ricardo Francisco, concorda com as colocações do presidente da Abramat. Para ele, o aumento excessivo dos juros para financiamento da casa própria e a paralisação das obras do PAC e do Minha Casa, Minha Vida, são as maiores causas para o desaquecimento da construção civil no país. 
Sobre a realidade atual das  lojas de materiais de construção, ele afirmou que 90% das vendas são correspondentes ao varejo, é um consumo de pequena quantidade. “Por não ser da ordem de 1ª necessidade para a sobrevivência pequenas reformas e obras são adiadas, ficam para segundo plano”, comentou, acrescentando que uma coisa leva a outra. “Se as pessoas não compram, a loja não vende. Se não há a comercialização de produtos, não existe a necessidade de muitos empregados e o empresário opta pela demissão”, observou. 

Se no ano passado, o setor estava contratando, agora o cenário é outro: o de demissões. Uma das lojas 
de materiais de construção, que fica na rua Montecaseros, já demitiu esse ano, três entregadores, que trabalhavam nos caminhões. O gerente Cristiano Melchiades contou que, ao todo, a empresa tem três lojas – as outras duas estão situadas na rua 13 Maio e no bairro Duarte da Silveira. Juntas, empregam mais de 80 pessoas. As demissões já refletem a queda nas vendas.
O gerente observou que o mês de abril foi um dos mais críticos desse ano. “Os consumidores estão gastando apenas o necessário. Vendemos muito para pessoas que estão passando na rua e entram para comprar alguma coisa e também por telefone. Mas, tem dias que nem o telefone toca”, disse. No início da tarde de ontem, a loja estava vazia, sem clientes.  
Em uma outra loja, que fica ao lado, a situação não é diferente. A gerente Cecília Bolis revelou que as vendas caíram 50%, em comparação com o ano passado. E as perspectivas não são animadoras. “A conta de luz que custava R$ 300,00 aumentou para R$ 700,00. Isso refletiu no aumento dos preços dos produtos – alguns chegaram a dobrar”, relatou. A loja, ainda não demitiu, mas segundo a gerente, são poucas as alternativas para driblar a situação. 
Fonte:Tribuna de Petrópolis 

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