Irregularidades na construção
da nova pista de subida da serra, na BR-040, estão sendo questionadas pelo
Ministério Público Federal. Em agravo interno apresentado pela Procuradoria
Regional da República da 2ª Região (PRR2), o MPF reforça o entendimento de que
a construção de um túnel de cinco quilômetros põe em risco a segurança viária.
Além disso, o repasse de verbas públicas à Concer, que administra um trecho de
180 km entre o Rio de Janeiro e Juiz de Fora (MG), infringe a Lei de
Licitações.
O julgamento do agravo interno
deverá ser retomado na próxima quinta-feira, 11 de junho, pelo Órgão Especial
do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2). No agravo, a PRR2 questiona a
decisão que suspendeu a liminar concedida na ação civil pública ajuizada em janeiro
de 2014 pela Procuradoria da República no Município de Petrópolis. A ação
pedia, entre outras determinações, a paralisação das obras e do repasse de
verbas, bem como a elaboração de um projeto executivo e a realização de uma
auditoria de segurança viária e de licitação para seu prosseguimento. A liminar
foi concedida em parte pela Justiça Federal, mas suspensa em decisão posterior.
A construção do novo trecho,
com cerca de 20 km entre Duque de Caxias (RJ) e Petrópolis, está prevista desde
a concessão da rodovia, em 1996. O traçado atual da subida da serra é de 1928,
sinuoso e com poucos trechos de acostamento. Com correção, o custo
originalmente previsto seria de R$ 400 milhões, mas o projeto básico
apresentado pela Concer elevou a previsão inicial para R$ 897 milhões, bem
acima do limite permitido pela Lei de Licitações para reajustes em obras
públicas, que é de 25%. E o custo do novo trecho pode ser ainda maior, pois,
somados e atualizados, os valores previstos no aditivo ao contrato de concessão
que determinou que a obra seria custeada com recursos públicos alcançam quase
R$ 1,5 bilhão.
Outro grave problema apontado é
a ausência de uma rota de fuga adequada no túnel em Petrópolis, cujo projeto
não atende as normas da ABNT. Um parecer técnico do MPF alerta que “os
elementos de projeto do túnel examinados e estudados até o presente momento
permitem identificar uma rota de fuga inadequada, um acostamento de largura
reduzida que impossibilita seu uso como via de acesso emergencial, sistema de
drenagem a ser detalhado e outros elementos essenciais de ventilação e rede
elétrica que exigirão novas Revisões de Projeto em fase de Obras em desacordo
com as diretrizes do TCU”. Em relatório de análise de projeto, a própria ANTT
reconhece que não há garantia de que a galeria que está sendo construída como
rota de fuga tenha resistência mecânica suficiente para suportar o eventual
impacto de veículos.
O agravo interno, apresentado
pela procuradora regional da República Beatriz Christo e cujo julgamento deverá
ser retomado esta semana, pede que se impeça “o prosseguimento das obras no
estado físico e jurídico em que estão sendo realizadas, a toque de caixa, para
que se previna fazer fato consumado e induzir em erro o Poder Judiciário”.
Fonte: Tribuna de Petrópolis
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