segunda-feira, julho 16, 2007

AS VAIAS MAIS CARAS DO MUNDO

Vaia poppuli vaia dei:

Lula não se conforma por ter financiado as vaias mais caras do mundo no Pan 2007

Por Jorge Serrão

Vaia poppuli vaia dei. Se a popularidade for medida por vaias, o presidente Lula da Silva está mesmo "prestigiado". Os apupos dos 90 mil cidadãos brasileiros presentes ontem à abertura do Pan 2007, no Maracanã, lançou dúvidas objetivas sobre o sempre elevado índice de aprovação de Lula mostrado pelas pesquisas amestradas. Ele nem pôde falar na abertura do evento, conforme previa o protocolo esportivo. Na tribuna de honra, Lula deu um sorriso amarelo. O presidente deixou, cabisbaixo, o estádio Mario Filho. Sua vaidade foi mortalmente ferida. Ganhou a medalha verbal de "impopular".

A primeira manifestação contra Lula aconteceu quando uma imagem do presidente apareceu nos novos telões do estádio. Neste momento, a maioria protestou. Outro instante em que foram ouvidas sonoras vaias para o presidente foi quando o sistema de som do Maracanã anunciou a presença dele. A última vaia foi quando o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzmann, agradeceu a presença de Lula no Maracanã. As vaias contra Lula só foram superadas quando a delegação norte-americana desfilou. No total, houve quem registrasse até seis vaias contra Lula. Mas, no caso, não importa a quantidade – e sim a qualidade da reprimenda dos cidadãos.

A ex-jogadora de vôlei, Ana Mozer, chegou a ironizar em seu blog, na postagem com o título: "E o Nuzman virou presidente do Brasil". Escreveu a atleta: "Pelo menos por alguns segundos. Na abertura do Pan, na hora de anunciar abertos os Jogos, tarefa sempre destinada ao comandante maior em termos de hierarquia de govero, no caso nosso Presidente Lula, Nuzman pegou o microfone e abriu ele os Jogos. Quem viu não entendeu nada. Discursou ele, discursou um outro cartola. Aí voltou para o Nuzman que abriu os Jogos. Sei lá o que aconteceu. Mas que ficou estranho, ficou".

Os adversários de Lula deliraram. O prefeito Cesar Maia comentou as vaias contra Lula: "A assessoria da Presidência se precipitou e pediu ao Nuzman que o presidente Lula não falasse. Mas se esqueceu de falar com o presidente da Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana), Mario Vásquez Rama, que anunciou o nome do Lula e causou um constrangimento muito grande". Quando Nuzman mencionou o governador do Rio, Sergio Cabral, houve aplausos parciais. Quando citou o prefeito do Rio, Cesar Maia, houve aplausos efusivos. Para Lula, sobraram as vaias.

Integrantes da comitiva presidencial revelaram que Lula havia desistido de fazer a declaração de abertura dos jogos pouco antes do momento para o qual estava prevista. Nuzman, que é também presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, então assumiu para si o papel antes destinado ao presidente da República. O cartola desceu da tribuna de honra do Maracanã para o gramado.

O cerimonial se pareceu muito com a cara do governo federal. Sérgio Cabral insistiu para que Lula fizesse a declaração de abertura. O presidente cedeu, recuando de sua desistência. Um microfone foi novamente colocado à sua disposição na tribuna, e as câmeras do sistema oficial de televisão filmaram, esperando por sua fala, ao lado de Cabral e de Maia. Mas a informação de que o presidente decidira falar não chegou a Nuzman. Por isso, no lugar do presidente vaiado, ele soltou o verbo: "Em nome de todos, declaro abertos os Jogos Pan-Americanos Rio-2007. Boa sorte, Brasil!".

Na saída do Maracanã, Lula não quis falar com repórteres. Entrou rápido no carro. Sua mulher, Marisa, acenou, mas fez que não ouviu as perguntas dos jornalistas. O governo federal bancou R$ 1,8 billhão dos R$ 3,7 bilhões gastos na preparação dos Jogos. Pelo menos R$ 49,8 milhões foram direcionados para festas relativas ao evento esportivo. Pelo investimento federal realizado, as seis vaias foram as mais caras do mundo. Que a vaia lhe seja leve, Lula.

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