quarta-feira, junho 01, 2016

Motocicletas de 50cc passam a exigir habilitação


para conduzir uma moto 50 cilindradas. O condutor deverá possuir Carteira Nacional de Habilitação (CNH) na categoria A, para motos, ou a chamada ACC (Autorização para Conduzir Ciclomotores). Quem for pego guiando uma “cinquentinha” sem o documento estará cometendo uma infração gravíssima, rendendo multa de R$ 191,54 – podendo ser multiplicada por três, resultando em um valor de R$ 574,62 – e retenção do veículo.

O custo para tirar uma ACC ou uma CNH (categoria A) é o mesmo: R$ 253,94. Incluído o preço dos exames psicotécnico e o médico, o valor total chega R$ 423,94 no estado do Rio – sem contar o preço das aulas, que é cobrado em cada autoescola.

O problema é que quem tem uma Autorização para Conduzir Ciclomotores só pode guiar veículos de duas ou três rodas com até 50cc, enquanto da CNH (A) permite conduzir todas as motocicletas menos ou mais potentes. Por isso, é raro procurar pelo primeiro tipo de documento: no Brasil todo, havia apenas 678 ACCs até fevereiro, segundo o Denatran, contra 25 milhões de CNHs (A).

Em pelo menos três autoescolas de Petrópolis procuradas pelo Diário, nenhuma delas oferece curso para ACC, e o motivo é exatamente a falta de demanda. De acordo com o Detran, todas podem oferecer o curso, desde que tenham o veículo ou utilizem o equipamento oferecido pelo próprio aluno. A vantagem é que, para a primeira, o curso é mais rápido: 20 horas/aula no curso teórico e 10 horas/aula para a parte prática, contra 45 horas/aula de teoria e 20 horas/aula de prática. Nas três, o custo das aulas para tirar uma CNH (A) varia de R$ 1.050 a R$ 1.250.

 

Emplacamento, habilitação e capacetes

 

Tudo começou em julho do ano passado, quando o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) passou para os Detrans o emplacamento das cinquentinhas (antes, isso era atribuição dos municípios, o que não acontecia na prática) – desde então, os licenciamentos subiram 280%, de acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motos e Similares (Abraciclo).

A partir disso, veio a cobrança pela habilitação e pelo uso do capacete. A obrigatoriedade da habilitação foi instituída em agosto, foi suspensa em outubro pela justiça de Pernambuco, era para ter começado dezembro, em seguida foi adiada para fevereiro, quando a data foi transferida novamente, dessa vez devido a um pedido da Associação Nacional de Usuários de Ciclomotores (ANUC).

 

“Vou ficar com uma moto fraca, que eu optei por não ter o custo da habilitação, e vou ter que tirar habilitação para poder dirigir. Acho isso ridículo”

Talita Wendling – proprietária de uma moto 50cc

 

Mas quem tem uma cinquentinha não gostou da obrigatoriedade. A atleta Talita Wendling contou que comprou uma moto 50cc há quatro meses justamente porque não precisa ter o gasto para tirar a carteira de motorista.

– Concordo que todo veículo motorizado deveria ter habilitação, mas acho que isso deveria ter sido exposto lá atrás. Separaram a categoria cinquentinha para não ter habilitação e, como viram que as vendas estão altíssimas, eles começaram a exigência da habilitação para arrecadar dinheiro. Acho um absurdo. Eu mesma comprei essa moto justamente por não precisar da habilitação, por ser um gasto menor para mim. Aí agora ele impõe essa regra. Ou seja, eu vou ficar com uma moto fraca, que eu optei por não ter o custo da habilitação, e vou ter que tirar habilitação para poder dirigir. Acho isso ridículo – criticou.

Uma moto 50cc chega a no máximo 50 km/h e aguenta uma carga de no máximo 140 kg. Como é mais simples, pode custar em torno de R$ 3,7 mil. Talita ainda tem razão sobre as vendas: a principal fabricante desse tipo de veículo, a chinesa Shineray, hoje já oferece 10 tipos de motos – no entanto, a marca não informa a quantidade de motos produzidas.

O professor de educação física Igor Santana tem CNH (A) há alguns anos, mas não acha que a obrigatoriedade possa trazer mais segurança para o trânsito.

– Acho a obrigatoriedade desnecessária. Porém os condutores deveriam fazer um processo educativo para conduzirem com segurança, sabendo respeitar as leis de trânsito e o comportamento do condutor em uma via pública – comentou.

 

 
Para tirar ACC
Para tirar CNH (A)
Preço
R$ 253,94 (+ taxas = R$ 423,94)
R$ 253,94 (+ taxas = R$ 423,94)
Curso teórico
20 horas/aula
45 horas/aula
Curso prático
10 horas/aula
20 horas/aula
Extensão
Apenas ciclomotores (até 50cc)
Todas as motocicletas

 

Fonte: Diário de Petrópolis

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