quinta-feira, março 25, 2010

Os rodoviários também são prejudicados

Os constantes problemas no transporte público do município continuam sendo motivo de indignação para os usuários do sistema. No início da tarde de ontem, por exemplo, a região de Araras ficou mais de uma hora sem ônibus. As comunidades se manifestam contra as empresas, mas a pressão maior quem sofre são os funcionários das viações, ou seja, motoristas e cobradores, que são obrigados a enfrentar, diariamente, a irritação da população.
Ontem, o Sindicato dos Rodoviários se manifestou sobre o assunto e revelou que muitos profissionais já estão trabalhando estressados. “São a vitrine das empresas e, por isso, são eles que passam por todo tipo de constrangimento, ouvem todo tipo de xingamento”, disse Paulo Pacheco, secretário da entidade. Segundo ele, as principais reclamações dos funcionários são relativas à falta de segurança e os horários de saída das linhas, que são muito “apertados”. “Desde o ano passado, estamos tentando nos reunir com o patronal. Os encontros chegaram a ser agendados, mas foram cancelados em cima da hora”, acrescentou.
A reivindicação de motoristas e cobradores é que seja feito um remanejamento dos horários dos ônibus ou que as empresas aumentem o número de coletivos circulando em cada linha. “Já as reclamações sobre a falta de segurança englobam o estado precário dos veículos, que vivem quebrando e aumentam os riscos de acidentes, assim como durante as manifestações de usuários, como a que aconteceu no último domingo, no Bairro da Glória”, lembrou, acrescentando que, com os usuários com os ânimos alterados, motorista e cobrador também poderiam ter saído feridos.
Pacheco ressalta que entende a indignação das comunidades, mas a entidade acredita que “um erro não justifica o outro” e “dois erros não fazem um acerto”. “A empresa está passando por dificuldades e, com o veículo danificado, o problema fica ainda maior”, defende, garantindo que o sindicato está preocupado com toda a categoria, que engloba ainda os fiscais, inspetores e mecânicos, entre outros. “São aproximadamente 2,5 mil funcionários, e nossa expectativa é a de ganhar o apoio do poder público para que esses problemas sejam amenizados”.
Motoristas e cobradores afirmam que a situação está ficando cada vez mais séria e, apesar de constantes xingamentos de usuários, sequer podem reagir. “Ouvimos desde ofensas pessoais a ataques verbais contra a empresa. Muitas pessoas ainda acreditam que a situação chegou a tal ponto por nossa responsabilidade, nas não temos culpa nenhuma, faltaram investimentos”, disse um motorista que, temendo sofrer represálias, se identificou apenas como A.C.H, de 54 anos. “Estou nessa profissão há quase vinte anos e nunca vi crise como essa”, disse.
O parceiro de A.C.H., o cobrador S.A.W., de 32 anos, faz coro às declarações do colega e acrescenta: “Às vezes, ainda tentamos explicar aos passageiros. Se nos alterarmos, ainda corremos o risco de perder o emprego. Ou seja, além da pressão por conta das reclamações, ainda vivemos, praticamente, na corda bamba”, concluiu.
O Setranspetro esclarece que as empresas contam com profissionais que trabalham exclusivamente no departamento de tráfego e que são aptos para ouvir e orientar os motoristas e cobradores a respeito das dificuldades operacionais. As empresas também contam com o Departamento de Recursos Humanos, que procura viabilizar treinamentos e programas com os profissionais para que estes recebam informações e orientações sobre como lidar com os clientes em situação de conflito. O Setranspetro e as empresas operadoras também disponibilizam um canal de comunicação para ouvir os usuários. As pessoas podem ligar durante os sete dias da semana, 24h por dia, para o telefone 0800 886 1000. Por fim, o Setranspetro explica que a situação da crise vivenciada pelas empresas aumenta muito a carga de estresse de todos os profissionais, inclusive dos que trabalham internamente, nos departamentos de manutenção e administração.
Fonte: Tribuna de Petrópolis

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