quinta-feira, novembro 12, 2009

Moradores de Itaipava sofrem com as chuvas

O apagão acompanhado pela chuva forte que atingiu a região de Itaipava na noite de terça-feira deixou apreensivas dezenas de famílias que moram próximas ao Rio Santo Antônio. A densidade da chuva fez com que o nível do rio subisse rapidamente, inundando algumas casas durante a madrugada. Em meio à escuridão, moradores perderam o sono com medo que a tragédia que atingiu a região no carnaval de 2008 se repetisse. Naquele ano, nove pessoas morreram, entre as quais três crianças, vítimas de deslizamentos e desabamentos, e dezenas de famílias que tiveram as casas inundadas e ficaram desabrigadas.
“Tenho trauma de chuva forte. Depois do que aconteceu no ano passado, ficamos em alerta sempre que chove muito. Estou acordada desde ontem (terça-feira) de manhã, não consegui dormir essa noite, pois a cada hora a chuva aumentava mais. Sempre que chove forte é uma agonia para os moradores da Estrada do Gentio”, contou a estudante Jéssica de Oliveira, de 17 anos, lembrando que a casa em que mora com parentes não foi atingida ontem, mas a casa em que a tia reside com quatro filhos e o marido, que é mais próxima à margem do rio, foi totalmente inundada. “A água subiu muito rápido, não deu tempo deles salvarem quase nada, apenas alguns documentos e poucas roupas. Não foi só a casa dela, não, tiveram outras que encheram até o telhado”, disse a moradora.
A madrugada também foi longa para o pedreiro José Carlos Pontes Pacheco, que em 2008 teve a casa na Estrada do Gentio atingida pelas chuvas. “Fiquei acordado a noite inteira. Naquela tragédia de 2008 a água chegou a 1m80 dentro da minha casa, perdi tudo. Depois disso, quando chove ficamos muito apreensivos. Com a chuva de ontem eu fiquei acordado a noite toda”, contou o pedreiro. Situação semelhante foi vivida por moradores de uma vila de casas às margens da BR-495 (Petrópolis/Teresópolis). Cansados de conviver com o drama de perder móveis e eletrodomésticos sempre que o rio transborda, moradores estavam revoltados. “O que aconteceu é o que vocês estão vendo aí, o rio encheu e mais uma vez inundou as casas, mas ninguém faz nada para melhorar essa situação”, disse, revoltada, uma moradora, sem se identificar.
Na vila, mais de oito casas foram invadidas pela enchente. “Entrou muita água e lama. O rio enche muito rápido, não dá tempo de tirarmos nada”, conta a moradora Mariana Christian Machado do Couto. Fernando Couto, que tem parentes que moram no local, conta que precisou abandonar a casa em que morava ali, por causa do risco de desabamento. “Tive que sair porque a minha casa ficou toda rachada. Toda vez que chove a gente fica preocupado, não dorme. Isso aqui enche muito rápido”, afirma.
Segundo moradores, o problema estaria se agravando por conta de aterros que vêm sendo feitos em grandes propriedade às margens do rio. “A água entra aqui porque o pessoal faz muitos aterros. O Ibama e fiscais já vieram aqui, mas não adiantou nada. Ao lado da ponte, por exemplo, tinha um terreno que foi aterrado; outras propriedades grandes aqui na região também fazem aterros e com isso quem acaba sofrendo é a população pequena. Os aterros deixam o rio mais estreito e a água acaba invadindo nossas casas”, denuncia o vigia Jorge Luiz de Souza, que mora naquela região há 30 anos.
Na mesma região, o campo do Benfica Futebol Clube ficou totalmente inundado pelas águas do Rio Santo Antônio. No vestiário, a água chegou a quase um metro de altura, danificando uniformes e a máquina de cortar o gramado do campo. Segundo o presidente do clube, Willian Périco Benevides, a maior preocupação é com o desmoronamento das margens do rio, que está a menos de dois metros do campo do clube. “Depois das chuvas de 2008, a Prefeitura disse que faria o muro de gabião para evitar que essa margem continuasse desbarrancando e atingisse o campo, mas até hoje isso não foi feito. Estamos preocupados, pois se nada for feito, com as chuvas de verão desse ano, isso vai desmoronar e atingir o campo, que é usado também como praça de esportes e aí teremos que paralisar os trabalhos nas categorias de base, que atende mais de 200 crianças da comunidade”, disse, lembrando que o clube disputa todas as categorias da Liga Petropolitana de Desportes. Sem qualquer ajuda do poder público, o presidente do clube trabalhava ontem sozinho na limpeza do campo. “Entrou água e muito lixo no campo. Comecei a limpar hoje cedo, mas temos trabalho aqui que vai se estender até amanhã e sexta-feira. A enchente trouxe muita sujeira para o campo”, comentou, lembrando que ainda ontem o clube entraria em contato com a Comdep para pedir algum tipo de ajuda na limpeza do campo.
Fonte: Tribuna de Petrópolis

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