segunda-feira, abril 13, 2009

Caos no serviço de telefonia deixa segundo distrito sem comunicação

Os distritos de Petrópolis sofreram com o apagão do sistema de telefonia (fixa e móvel) nesta Sexta-feira Santa. A pane teve início por volta das 9h e se estendeu por todo o dia. Em pleno feriado prolongado, milhares de pessoas não conseguiam usar seus cartões de crédito e débito, que não funcionavam em nenhum estabelecimento. Todas as ligações feitas não eram completadas. Vários clientes, a maioria turistas que costumam usar apenas cartões, não tinham como gastar no comércio local e iam embora. Serviços que necessitavam do acesso a Internet de banda larga também foram prejudicados. Comerciantes estavam indignados e os prejuízos ainda estão sendo contabilizados.

Sonia Infante, proprietária do O Arteiro, uma das lojas mais tradicionais do segundo distrito, estava indignada e disse que vai mover uma ação contra os responsáveis por este colapso, que rendeu a ela um prejuízo de mais de R$ 5 mil. "Vou procurar os meus direitos na justiça. A Semana Santa que é o melhor feriado do ano para o comércio de Itaipava foi duramente atingido. Com certeza, perdi mais de R$ 5 mil com que eu deixei de vender. È um absurdo e vou procurar outros comerciantes para entrarmos com uma ação coletiva contra os responsáveis por essa bagunça", disparou.

O proprietário da padaria Artesão do Trigo, Paulo Carvalho, em Itaipava, estava revoltado com o aconteceu. "Eu fiquei de 10h até às 21h sem poder receber pelos cartões de credito e débito e não podíamos acessar os serviços de proteção ao crédito para aceitarmos os cheques. Perdemos muitos clientes ontem, em um feriado muito bom para o comércio da região", avaliou.

Ana Augusto, que trabalha no caixa de uma loja de conveniência também em Itaipava, disse que a o apagão chegou até a sua casa. "Aqui na loja foi um horror. Conseguimos vender alguma coisa, mas a maioria dos clientes foi embora porque não tinha como usar os cartões. Na minha casa, em Santa Mônica, fiquei sem luz, sem telefone e sem Internet. Fiquei isolada sem poder me comunicar com ninguém".

De acordo com funcionários de vários estabelecimentos, a pane atingiu Corrêas, Nogueira, Itaipava, Araras e Pedro do Rio. Muitos comerciantes relataram que dentro dos supermercados, vários carrinhos cheios de compras forma devolvidos porque as pessoas não tinham como pagar sem o uso dos cartões.

O dono de uma loja de conveniências em um dos shoppings mais tradicionais de Itaipava, Flávio Cardoso de Souza, que tem sua loja aberta desde 1988, avaliou como "catastrófico" a Sexta-feira Santa. "Perdemos muitos clientes e tivemos que fechar a loja antes do horário pelo fato de não termos como vender as mercadorias sem cartão e sem consultar o ligue-cheque. Quero ver quem vai pagar por isso. O pior é que isso acontece com freqüência, mas nunca houve tanta demora para que as linhas fossem restabelecidas", afirmou.

Todos os órgãos responsáveis pelo serviço de telefonia do segundo distrito foram procurados, mas até o fechamento desta edição ainda não haviam se pronunciado.

POUSADAS E HOTÉIS CONTAM OS PREJUÍZOS- A falta de linha telefônica nos bairros do segundo distrito causou um grande transtorno aos hotéis e pousadas da região. O gerente da pousada Saint Monique, Luiz Dário de Melo, disse que os clientes não conseguiram entrar em contato com a pousada para tentar reservar uma vaga para passar a Páscoa. Como o hotel já estava com 100 % dos cômodos ocupados, muitos turistas chegavam à porta e tinham que voltar. Luiz disse ainda que o caos só não foi maior porque "a maioria dos clientes irão sair no domingo, então os pagamentos das estadias não foram feitos na sexta-feira. Todos nossos pacotes foram fechados para sair no domingo, então não tivemos muitos problemas com os pagamentos feitos no cartão", disse.

O recepcionista do Bomtempo Resort, Victor Motta, informou que as linhas telefônicas ficaram fora do ar de 13h até às 18h. Ele disse que após o expediente de trabalho tentou abastecer o carro em um posto de gasolina, mas não conseguiu realizar o pagamento com o cartão. Ele tentou ainda ir até um caixa 24h, mas também estava fora do ar. "Foi uma verdadeira desordem. Fiquei devendo ao posto pois não conseguia tirar dinheiro nem pagar no cartão", falou.

A auxiliar de eventos do hotel Vale Real, Monique Goeveaux, disse que devido a uma promoção no pacote para a Páscoa, era necessário realizar o pagamento adiantado. Como as linhas ficaram fora do ar, não conseguiu receber de alguns clientes, implicando em prejuízo momentâneo.


BARES E RESTAURANTES TEM PREJUÍZO INCALCULÁVEL - Com a pane nos telefones, o setor de gastronomia do segundo distrito foi um dos mais prejudicados. De acordo com os comerciantes de bares e restaurantes em Itaipava, 90% dos clientes, em feriados e finais de semana, tem o costume de pagar com cartão de crédito ou débito, o que não pôde ser feito na Sexta-feira Santa. Alguns estabelecimentos foram obrigados a receber até cheques pré-datados.

Na Adega dos Frades o prejuízo calculado foi de no mínimo R$ 1.200. "Os telefones pararam de funcionar antes do almoço e só voltaram à noite. Prejudicou-nos tanto no jantar quanto no almoço. Vários clientes foram embora, porque tinham a intenção de pagar com cartão de crédito. Muita gente reclamou, as pessoas ficaram indignadas, e a maioria eram turistas. A sorte foi que eles viam que os celulares também não estavam funcionando, porque muitos achavam que a culpa era do restaurante. Tivemos que receber cheques, o que não é de costume da casa, ou deixar o cliente pagar depois", explicou o gerente Alex Simões.

Nos bares a situação também foi à mesma. No Cervejota, diversos clientes tiveram que ir embora. "Pedi que os funcionários avisassem os consumidores do problema. Pelo menos, a pane não aconteceu em um dia de muito movimento, porque na Sexta-feira Santa, a maioria das pessoas não consome bebidas alcoólicas e nem comem carne, então o movimento estava fraco. Mas se fosse em um sábado o prejuízo teria sido bem maior", relatou o gerente Alexandre Alves.

Em outros setores o prejuízo também foi grande. Em uma farmácia, por exemplo, os funcionários informaram que muitos clientes deixaram de comprar as mercadorias, "alguns não sabiam da pane e quando chegavam aos caixas não estavam com dinheiro pra pagar. Nós recebemos aqui muito cartão, essa pane foi horrível. O pior é que ninguém nos deu nenhuma explicação do que aconteceu, estamos até agora sem saber nada, não podemos nem explicar para o cliente, porque também não sabemos", indagou uma das funcionárias.
Fonte:Diário de Petrópolis

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