Alunos sem aula no Vale das Videiras

Pais de alunos matriculados na Escola Municipal Américo Fernandes Ribeiro, no Vale das Videiras, em Araras, estão preocupados com a educação de crianças de algumas turmas, que, segundo eles, ainda não tiveram aula neste ano devido à falta de professores. Os pais afirmam que alunos matriculados em turmas da pré-escola ainda não tiveram aula neste ano e que o problema se estende também à turma da terceira série do ensino fundamental. Neste caso, no entanto, o problema estaria sendo atenuado pela diretora, que recentemente passou a ministrar as aulas.
“Como a terceira série está sem professor, a diretora está dando aula naquela turma e se divide entre as duas funções, mas na turma do pré, na qual minha filha está matriculada, ainda não há previsão de início das aulas”, contou a caseira Aline da Conceição Ribeiro dos Santos, que no início do ano matriculou Maria Isabel, de 5 anos, na escola que fica mais próxima do sítio onde a família mora.
“No dia 2 de fevereiro, entregamos na escola o material pedido na lista. No dia seguinte, eles chamaram os pais para uma reunião e disseram que não tinha professor e que as aulas começariam depois do carnaval. Quando ligamos depois do carnaval, disseram que os professores estavam sendo selecionados e que as aulas começariam só depois da Semana Santa. Na semana passada, tivemos outra reunião na escola e disseram que até sexta-feira os professores viriam conhecer a escola. Ligamos na sexta e novamente ontem e a resposta foi a mesma: até agora nenhum professor veio conhecer a escola e não há previsão sobre quando as aulas vão começar. As mães estão bravas, algumas como eu já entregaram o material. Muitas têm medo de reclamar e desagradar a diretora, mas os nossos filhos não podem continuar sem estudar, alguma providência precisa ser tomada”, reivindica Aline.
No caso de Maria Isabel, que até o ano passado estudava em uma escola em Araras, a solução encontrada pela mãe foi contratar uma educadora para que a menina não perca o ritmo de estudos. “Ela fez o jardim I e II, já conhece as letras e está aprendendo a ler, não pode ficar com os estudos parados”, disse a mãe, mostrando o caderno da menina com as lições passadas pela educadora. “No meu caso, como tenho apenas uma filha, a solução que encontrei foi contratar uma professora particular, para que ela não perca o ritmo dos estudos”, disse Aline, frisando, no entanto, que nem todos os moradores podem adotar a mesma medida. “Eu faço isso porque tenho só uma filha, mas há moradores lá que têm três, quatro crianças e que não têm condições de pagar alguém para ensinar”, completou.
Além do atraso nos estudos, a falta de professores naquela região em que a maioria dos pais de alunos trabalha em sítios é um motivo para uma preocupação a mais: que atividade desenvolver com as crianças que ficam com o horário livre? “Minha amiga tem um filho de 9 anos que tem que ficar em casa sozinho porque a mãe trabalha e ele não está tendo aula. No outro dia, ela chegou e o menino tinha se machucado porque caiu de uma árvore brincando. Todo mundo aqui trabalha e muitos não têm com quem deixar as crianças”, finaliza.
Por meio da assessoria de Comunicação da Prefeitura, a secretária de Educação, Sandra La Cava, disse que já tomou todas as providências para regularizar a situação da falta de professores nas escolas da rede municipal, entre as quais a Escola Américo Fernandes Ribeiro. Ainda segundo a assessoria, no dia 4 de janeiro, 55 professores concursados foram convocados pela secretária e outros 15 professores de Matemática e Ciências foram contratados – estes últimos em regime de CLT – para suprir a falta de professores nas escolas da rede municipal. A assessoria ressalta que a falta de professores em cerca de 20% das escolas estaria ocorrendo desde a metade do ano passado. A secretária ressaltou ainda que todos os trâmites foram feitos na Secretaria de Educação para a efetivação dos professores convocados e que atualmente o processo de contratação está sendo finalizado na Secretaria de Administração. A secretária acredita que até o início do mês que vem as contratações já tenham sido concluídas e os professores estejam nas salas de aula.
Fonte: Tribuna de Petrópolis