e São José do Vale do
Rio Preto, na Região Serrana, estão buscando ampliar conhecimentos a fim de
implantar sistemas agroflorestais (SAF) em suas propriedades. A técnica, que
concilia o cultivo de diversas espécies de pequeno e grande porte, aproveita o
desenvolvimento natural da floresta para potencializar a produção agrícola.
Para isso, eles contam com incentivos do programa Rio Rural, da secretaria
estadual de Agricultura.
Dentro desse esforço
para saber como funciona o SAF, agricultores de São José do Vale do Rio Preto
foram até a Região Noroeste do estado visitar locais
onde o sistema já
mostra bons resultados. Os produtores visitaram duas propriedades nos
municípios de Santo Antônio de Pádua e Miracema para conhecer melhor a técnica.
Segundo a engenheira agrônoma da Emater-Rio Margareth Ferreira Costa, que é
técnica executora do Rio Rural no município, a ideia é utilizar o SAF para
implantação da fruticultura, em conjunto com a olericultura já cultivada nas
lavouras de Rio Preto. “Essas visitas possibilitam aos produtores a
oportunidade de conhecer o sistema e seus resultados. O objetivo é estimular a
produção agroecológica nas microbacias do município”, destacou.
Para o secretário
estadual de Agricultura, Christino Áureo, a promoção de intercâmbios entre
produtores de diferentes regiões é uma forma de valorizar a agricultura
fluminense. “O primeiro passo para a transformação é a informação. Essa troca
de conhecimentos, com acesso dos produtores a exemplos de sucesso, é essencial
para que a sustentabilidade esteja cada vez mais presente na nossa produção
agrícola”, enfatizou o secretário.
Harmonia entre horta
e floresta
A primeira
propriedade a ser visitada foi o Sítio Nova Aliança, na localidade de Santa
Cruz, 3º distrito de Santo Antônio de Pádua, do produtor Genilson Gonçalves,
que utiliza o modelo horta/floresta do SAF. Nesse tipo específico, as
árvores potencializam
o crescimento das hortaliças, produzindo sombra na medida certa. Além disso, o
SAF horta/floresta é propício para o cultivo orgânico, já que as espécies
naturalmente promovem o equilíbrio biológico da lavoura.
Gonçalves aderiu ao
SAF em março deste ano e 35 dias após o plantio fez sua primeira colheita de
alface – prazo bem menor que os habituais 55 a 60 dias. No terreno, ele
intercalou a alface com a couve, aipim, brócolis, milho, entre outras culturas,
além da leguminosa gliricídia (que contribui com a nutrição do solo) e o
plantio de frutíferas – laranja, mamão, banana e abacate. O agricultor vende a
produção em feiras e faz entregas para a merenda escolar.
Para o produtor, a
utilização do SAF trouxe melhor qualidade de vida. Além estar se preparando
para conquistar o selo de agricultor orgânico, ele comemora a melhoria das
condições do solo. “Depois que comecei a trabalhar com o SAF, a terra ficou
mais macia e saudável. Hoje, o terreno tem terra preta dá até para cavar com as
mãos. Isso aumenta a produção e facilita nosso trabalho. Com relação à água,
posso garantir que a economia hoje é de cerca de 40%. Antes regava a lavoura
duas vezes por dia, e hoje só faço isso só no final da tarde”, comemora
Genilson Gonçalves.
Em Miracema, a
propriedade visitada pelos produtores foi arrendada pela engenheira agrônoma e
consultora do Sebrae-RJ Ana Cristina Bittar. No local, Ana faz vários
experimentos de cultivo e controle biológico de pragas. Ela já produz alface,
tomate, banana, pimenta, agrião, couve, entre outros alimentos, enquanto
aguarda a colheita de algumas variedades de frutíferas.
“Com o SAF é possível
a proteção da floresta e do solo. O sistema também garante maior preservação da
água naturalmente disponível para a agricultura. No período de seca aqui no
Noroeste do estado, o SAF permite que o agricultor tenha alguma produção. Isso
é usar a natureza a seu favor. Essa garantia é muito importante para o
agricultor familiar”, destaca.
Por meio do SAF, os
agricultores praticam diversas técnicas agroecológicas, como o plantio de
leguminosas para o enriquecimento e proteção do solo, o uso de folhas e troncos
da própria floresta para a adubação, bem como o manejo adequado das plantas de
forma a equilibrar as diversas espécies. Com isso, os produtores diminuem e até
extinguem o uso de agrotóxicos, além de melhorarem a qualidade dos alimentos
produzidos.
Rosalva Pacheco Reis,
de São José do Vale do Rio Preto, voltou da visita empolgada com as
possibilidades do SAF. “Muito do que vimos aqui pode ser implantado na Região
Serrana, com algumas adaptações para nossa realidade. Essa troca de informações
e experiências é sempre produtiva e acaba gerando bons resultados para todo mundo”,
concluiu a agricultora.
Fonte: Dário de Petrópolis
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