terça-feira, setembro 27, 2005

Cardápio de conteúdos para dar mais sabor à taça

Embora teoricamente as mudanças no mundo do vinho sejam lentas, o setor tem se movimentado muito nos últimos tempos. Todo dia aparece produtores novos, regiões que despontam, métodos e conceitos inovadores. Enfim, não é nada fácil se manter atualizado no hoje tão dinâmico cenário vinícola do planeta.
Até que a Internet tem auxiliado bastante nessa tarefa, com um número grande de sites sobre o tema - mas, pelo menos para mim, nada substitui os tradicionais guias e revistas que o carteiro entrega regularmente na minha porta. Internet serve sobretudo para informações rápidas e na maioria das vezes superficiais. É o caso, por exemplo, da caça a pontuações alcançadas pelos vinhos.
Com o incessante aparecimento de novidades, para não comprar gato por lebre, é de grande valia saber quais rótulos e que safras valem a pena. No entanto, é sempre bom frisar, que essas avaliações se resumem à opinião individual de um crítico.
Enfim, vinho é um assunto muito amplo e cativante para ser resumido num simples número. Nenhum vinho, produtor ou região, chegou nem vai chegar a uma posição de destaque sem uma história interessante por trás. Da mesma forma, a par dela um vinho ganha outra dimensão. É por isso que não dá para beber passivamente um Barca Velha, tinto ícone de Portugal. O que é um Château Mouton Rothschild sem a figura do Baron Philippe? É indiferente ou é importante saber que se os produtores de Mendoza não tivessem aproveitado o efeito altitude os vinhos argentinos não teriam ficado tão bons? É mais provável, e confortável, posicionar-se a respeito através de uma boa revista de vinho do que diante da tela de um computador.
Existem boas publicações espalhadas mundo afora, algumas mais abrangentes outras mais específicas. Em países com grande presença de rótulos importados, como Inglaterra e Estados Unidos, é natural que todas as regiões vinícolas ali representadas sejam abordadas, dando um caráter internacional à revista. Não é o que ocorre em países produtores, onde o foco se concentra na produção local.
Antes de listar as revistas que eu assino e recomendo, cabe uma diferenciação entre as abordagens americana e inglesa. Essa distinção tem por base, lógico, as características específicas do público na Inglaterra e nos Estados Unidos: os primeiros, embora levem muito em consideração o preço da garrafa, têm um enfoque mais cultural, enquanto os americanos são mais consumistas e objetivos (e influenciáveis), preocupando-se mais com a pontuação de cada vinho. Isso explica porque tantas publicações inglesas são mais informativas e as americanas dão ênfase às notas.
Decanter (ver assinatura em www.decanter.com ):
Editada mensalmente é a mais importante e informativa revista inglesa, com grande credibilidade internacional. Aborda, sem discriminações, todas as regiões vinícolas do planeta através de colaboradores especializados nos assuntos. Um de seus principais editores é Steven Spurrier, nome de grande prestígio no setor. Entre seus colunistas estão os conhecidos Michael Broadbent e Hugh Johnson. Apresenta todo mês dois painéis de degustação cobrindo exaustivamente o tema.
The World of Fine Wine ( www.finewinemag.com ):
Bimensal inglesa é mais elitizada do que a Decanter, até porque ambas têm artigos assinados pelos mesmos colaboradores. O presidente do conselho editorial é Hugh Johnson e traz outras figuras de peso como o australiano Len Evans e o francês Michel Bettane.
Wine Spectator ( www.winespectator.com ):
Eu preferiria nem comentar, mas tenho obrigação de fazê-lo. Aqui tudo indica que quem anuncia tem regalias. Seu ranking dos 100 melhores do ano serve para os americanos se vangloriarem e acharem que têm vinhos melhores do que o resto mundo.
Wine Enthusiast ( www.wineenthusiast.com ):
Cópia piorada da anterior.
Wine & Spirits ( www.wineandspiritsmagazine.com ):
Revista mensal que prova que os americanos podem ser bem representados. Dá espaço para o que acontece nos Estados Unidos, mas tem caráter internacional.
Wine Advocate (wineadvocate@erobertparker.com):
Fundada há 25 anos, é publicação bimensal editada pelo influente crítico americano Robert Parker. Está focada em avaliações de vinhos, onde, embora as pontuações sejam acompanhadas de comentários, todos se interessam mesmo é pelas notas.
Revue de Vin de France (larvf@presse-info.fr):
Mesmo com algumas falhas, é a mais tradicional e informativa revista de vinhos da França. Ainda é cedo para dizer se a saída de Michel Bettane, o mais importante nome da imprensa do setor no país terá implicações, mas de qualquer modo é praticamente a única publicação regular francesa sobre o assunto.
Bourgogne Aujourd´hui ( www.bourgogne-aujourdhui. com ):
Bimensal para que quer ficar atualizado com a Borgonha.
The Burgundy Breafing ( www.sarahmarsh.com ):
É na verdade uma newsletter eletrônica bimensal, que é melhor imprimir para ler com mais calma e arquivar. Para os aficcionados da Borgonha vale a pena para, principalmente os que seguiam a publicação The Vine. Depois que seu autor, Clive Coates, ficou um vazio, agora preenchido por sua seguidora, Sarah Marsh.
Gambero Rosso ( www.gamberorosso.it ):
Embora a seção dedicada a vinho seja menor do que a de culinária/gastronomia, é a revista de vinho mais interessante da Itália. Até porque é da mesma editora do melhor guia de vinhos do país.
Revista de Vinhos (assinaturas.mce@mcall.pt):
Melhor revista de vinhos de Portugal. Imperdível para quem se interessa em saber tudo que se refere aos vinhos portugueses. Mensal.
Winestate ( www.winestate.com.au ):
A Austrália tem várias revistas de vinho, mas esta é a mais recomendada. Dá um bom panorama do que acontece no país, com bons artigos e painel de degustação.
Guia Peñin Sibaritas (peninmagazine@pi-erre.com):
É a revista bimensal de José Peñin, autor do melhor guia de vinhos da Espanha.
VitiViniCCultura ( www.vitiviniccultura.com ): É não só a melhor revista de vinhos do Chile, como tem uma qualidade de conteúdo e padrão gráfico de fazer inveja a outros países, em particular à Argentina que não tem nada. Mostra a importância com que o vinho é encarado no país. O fato de ser editada em espanhol e inglês, indica que a idéia é mesmo mostrar o Chile no exterior.

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