quarta-feira, setembro 21, 2005

Adeus às armas (e já contaram para os bandidos?)

O texto a seguir está circulando na internet: ''Há muitos equívocos sobre o Estatuto do Desarmamento. Ele não proíbe a posse de arma... Apenas dificulta a obtenção da mesma. Existem duas coisas: o registro e o porte da arma. O registro é apenas quando a arma fica no domicílio e o porte quando a pessoa está autorizada a 'andar' armada pelas ruas... No primeiro caso, todos maiores de 25 anos podem ter armas, tendo apenas que registrá-la de tempos em tempos. Nesse caso as armas terão que ficar em casa! Existem pesquisas que indicam que a grande maioria das ocorrências fatais com armas de fogo são oriundas de acidentes domésticos... Só para finalizar, já houve um declínio de 8,2% no número de mortes desde que a campanha começou...''.
O texto afirma que o estatuto do desarmamento apenas dificulta a obtenção da arma. Ela não ''dificulta'', simplesmente proíbe o comércio legal de armas, o que cria uma dificuldade inexistente para bandidos e malfeitores, que não serão afetados e não terão o menor problema em se abastecer de armas, incluindo as pesadas de todo tipo, até granadas e mísseis.
E o cidadão comum, onde vai se armar? Ainda mais num país que tem uma polícia declaradamente ineficiente (experimente discar 199, emergência policial e ver se ela estará em sua casa em minutos). Nos últimos dias, no Rio, vários cidadãos conseguiram localizar automóveis roubados, usando detectores com GPS e apelaram para a Polícia Militar, que os mandou para casa afirmando que não agiriam por tratar-se de lugares ''muito violentos''. Durma-se com um barulho desses.
Se vai ser proibido comprar armas legalmente como será possível registrá-las? Os bandidos não têm o menor problema nisso e o resultado é que vamos passar a ter um segundo mercado ilegal: o do tráfico de armas, primo-irmão do de drogas. Criaremos mais uma ilegalidade que vai ampliar a corrupção e o banditismo. Ou alguém duvida que isso vá acontecer? Agora, além de boca de fumo, os traficantes vão abrir bocas de armas, os contrabandistas vão encher as burras de dinheiro e, conseqüentemente, a polícia e até alguns militares corruptos vão faturar alto, mais um Mensalão na praça, que se somará ao dos bicheiros e traficantes.
Lembram quando era proibido importar computadores? Comprava os meus na Rua de Santana. Batia numa porta, dava uma senha e depois de checado entrava numa oficina onde os computadores eram montados na minha cara, de acordo com o que eu quisesse, tudo made in Coréia. Funcionava igualzinho a qualquer clínica de aborto desta cidade, coisa que, aliás, é proibida, mas que a polícia está careca de saber onde funciona e até os nomes dos médicos ''responsáveis''. Era precisava comprar computador no contrabandista porque os fabricantes ''legais'', protegidos pela reserva de mercado, cobravam preços pornográficos por micros vagabundos e geralmente clonados de velhos modelos estrangeiros e feitos também com peças contrabandeadas, mas enchendo os bolsos de alguns maganos oficiais que lhes davam monopólio.
O mesmo ocorre com os softwares, vendidos livremente nas calçadas da Av. Rio Branco. Quem for mais velho em redação de jornal do Rio se lembrará do Danilo, nosso contrabandista de uísque. Ele vendia Old Stroessner, que era como a gente chamava o uísque dele, para gozá-lo, pois era ''importado'' do Paraguai, quando não destilado em Ypacaraí. Até hoje os sacoleiros que atravessam a Ponte da Amizade em hordas só transportam bebidas, cigarros, eletroeletrônicos e coisas assim. Se o estatuto for aprovado (e tudo indica que o será por este povo manipulado), podem ter certeza de que haverá sacoleiros com ''32'' e ''trezoitões'' nas bagagens e aí é que ninguém vai mais controlar nada. (A seguir: Armas e responsabilidade)

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