quinta-feira, novembro 30, 2006

Itaipava Shopping disputa turistas na serra carioca


Valor hoje:

José Roberto Sauer, do Itaipava Shopping, diz que superoferta lojas pode ser revertida com maior atração de turistas .

Itaipava, em Petrópolis, destino mais charmoso da serra carioca, quer estar para o Rio da mesmo forma que Campos do Jordão está para São Paulo e Gramado está para o Rio Grande do Sul, uma referência em turismo de inverno. Pelo menos é a expectativa dos comerciantes locais, principalmente aqueles que vão se instalar em uma das 105 lojas do Estação Itaipava Shopping, empreendimento que será inaugurado no dia 7 de dezembro.

A abertura promete desencadear uma nada fácil acirrada disputa pela clientela, que visita a cidade especialmente nos finais de semana, com outros shoppings de menor porte e com o próprio comércio de rua.

O Itaipava conta, por enquanto, com cerca de 50% das lojas ocupadas e equipamentos inéditos na região, como sala de cinema digital com lugares marcados. Além disso, terá teatro, elevador panorâmico e lojas-âncoras de grande porte, como a gigante carioca de utilidades do lar Casa&Vídeo e o Armazém Digital, espécie de espaço cultural que vai reunir o cinema, a sala de teatro/shows, além de uma loja de veículos da Land Rover.

Encravado no meio do bairro serrano, o Estação Itaipava tem como alvos principais as classes A e B e foi construído pela Sédina Incorporações Imobiliárias com investimento de R$ 10 milhões, segundo informou José Roberto Sauer, superintendente do shopping.

O Itaipava deve gerar cerca de 1.500 empregos diretos e é considerado um empreendimento de alta prioridade para a economia da região. Por isso, obteve 15 anos de isenção de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) da Prefeitura de Petrópolis e está oferecendo aos lojistas descontos na locação de unidades e carência de até seis meses nos aluguéis para aquelas lojas tidas como prioritárias para a composição do perfil do shopping.

As condições, segundo Sauer, são comuns nesse tipo de empreendimento até que o negócio "pegue" e passe a andar com as próprias pernas. O executivo admite, porém, que a presença do novo ponto comercial vai desbalancear a relação entre a oferta de lojas e a presença de clientes em Itaipava. "Tem mercado, mas não para todo mundo. Vai ter mercado para quem for competente", diz Sauer, que tem no currículo a participação na montagem da rede de lojas de conveniência da Esso e o comando da rede Hiper Móveis Mesbla no período anterior à derrocada da famosa loja de departamentos.

Sauer avalia que essa superoferta de shoppings e lojas pode ser revertida, como aconteceu há algum tempo com o comércio da Barra da Tijuca, no Rio, com um forte trabalho de atração de turistas e de moradores para a região de Itaipava.

Hoje, segundo ele, uma pesquisa feita com empresas especializadas em mudanças mostra que há um fluxo de aproximadamente 60 famílias de classe média em processo de transferência para a região de Itaipava. A maioria tenta fugir dos elevados índices de violência da capital fluminense.

Outra saída, na avaliação de Sauer, é transformar o comércio de Itaipava em uma referência para as cidades vizinhas, atraindo o público periférico, como também ocorre hoje com a Barra da Tijuca. Segundo ele, a meta é que o movimento dos demais dias da semana alcance ao menos algo próximo a dias como sexta-feira, sábado e domingo.

Essa idéia de "vender Itaipava" é também vista como a saída por Carlos Grijó, administrador do Shopping Vilarejo, até agora o maior da região. Tem 102 lojas, com expressiva rotatividade de varejistas, mas com área menor em relação ao novo empreendimento. "A concorrência é sempre boa. A região ganha. Isso vai mobilizar todo mundo para atrair mais turistas", diz. A idéia de Grijó é juntar forças para fazer uma mídia conjunta destinada a atrair mais público para Itaipava.

"Acredito que os visitantes vão acabar circulando por todos os shoppings. Aí, quem tiver melhor preço vai fazer o melhor negócio", diz. Enquanto isso, o Vilarejo, que já promove anualmente um festival de jazz no inverno, em um anfiteatro a céu aberto, está buscando patrocínio para, a partir deste ano, realizar também festivais de teatro e de cinema.

Concorrência à parte, Grijó e Sauer concordam que todo esforço para atrair clientes pode ser em vão se a prefeitura da cidade não investir para melhorar a infra-estrutura urbana do bairro e o escoamento do trânsito. Itaipava, justamente no seu trecho mais movimentado, é cortada ao meio por uma rodovia federal de mão dupla, a União e Indústria, primeira via pavimentada (com calçamento, hoje asfalto) do Brasil, inaugurada em 1861 por d. Pedro II, ligando Petrópolis a Juiz de Fora (MG).

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