Dizem que existem 180 milhões de técnicos de futebol no Patropi. Pode ser. Mas a sabedoria popular brazuca não mete o bedelho apenas em questões futebolísticas: na hora de curar ressaca, todo mundo tem a sua receitinha de estimação. Não acredita? Faça o teste: aproxime-se da sua roda de amigos, leve a mão à testa e solte, como quem não quer nada, a frase “Estou com uma ressaca federal”. Pronto, agora é só se preparar para ouvir as maravilhas curativas de cada um.
Com certeza, as receitas serão tão variadas quanto os perfis dos “especialistas” ouvidos pelo Rio Show para ajudar você, leitor, a tirar o gosto de cabo de guarda-chuva da boca. A empresária Adriana Lima, dona do clube Dama de Ferro, sequer pestaneja:
— Miojo, Coca-Cola e sal de frutas antes de dormir. É batata. Às vezes passo no Bob’s da Fonte da Saudade. Hambúrguer é um santo remédio.
Adriana, que a-do-ra champanhe, também tem receita para evitar a ressaca da bebida.
— Boto uma pedrinha de gelo na taça. Nunca mais tive ressacas terríveis por causa de champanhe — ensina.
O compositor Moacyr Luz é tão fiel à linha gastronômica contra a ressaca que virou até nome de prato no restaurante Otto, na Tijuca, onde mora. O Prato do Moa leva costelinha assada, feijão, arroz e abóbora.
— Tem de ter um feijãozinho básico, ferro puro para repor o que o álcool te levou na véspera. — filosofa. — Mas se o restaurante ficar muito longe de casa você não chega inteiro.
A senda culinária é forte entre os bebuns cariocas — só mudam os ingredientes. O roqueiro Jimmy London, da banda Matanza, é autor de letras como a de “O último bar” (“Varava noite adentro pelos bares por aí/Enchendo a cara e perturbando a paz”). Pois bem, Jimmy cura seu mal-estar enchendo a cara... de carne.
— Preciso comer carne e o melhor lugar para isso é churrascaria rodízio. Encho a cara de carne na Barra Brasa e volto para casa, para dormir. Quando acordo, estou curado.
Dormir também é o segredo do designer Muti Randolph:
— A ressaca me faz sofrer muito. Demoro muito a dormir mas, quando consigo, acordo bem. Há quem recomende tomar uma aspirina antes. Mas alguém se lembra disso?
A julgar pela variedade de receitas, pouquíssima gente lembra. O stylist Felipe Veloso garante que não tem muita ressaca. Quando bebe, opta por um método natural de cura:
— Mergulho na praia antes de dormir, na volta da noitada. É a única forma de dar uma levantada depois da balada.
Mas há também quem prefira uma abordagem, ahn , científica para o problema. O jornalista e escritor Marcelo Moutinho faz parte desta turma:
— Bebo um litro de água com gás antes de dormir. A garrafa dorme ao lado da cama. De manhã, tomo um comprimido de boldo concentrado e um Engov, ambos com chá verde.
E eis que surge o chá no receituário carioca. A infusão também é a preferida da jornalista Stella Caymmi, que mistura chás de boldo e carqueja com um comprimido de Tylenol:
— Um é para o fígado e o outro, para o estômago. Se você dorme sem dar uma cobertura para o fígado, acorda se sentindo a última das criaturas.
Mamãe Nana também é sábia nessas questões. Antes de sair para beber, ela toma uma colher de sopa de azeite extravirgem. Se, ainda assim, bate a ressaca, Nana aconselha água.
— Quem é dona de casa como eu sabe que a carne se retrai com o álcool. Quando percebo que estou saindo do limite, volto para casa. E jamais bebo de estômago vazio, nem por amor a uma mulher — brinca.
Last but not least , Zeca Pagodinho, que não poderia faltar numa reportagem sobre ressaca que se preze. Pois bem, a receita dele pode não ser a mais sensata, mas... Bom, se você tem ressaca é porque deixou a sensatez em algum lugar do passado. Com a palavra, o mestre:
— Eu tomo outra dose, para rebater.
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