quarta-feira, janeiro 04, 2006

CIVIS E PMP TROCAM ACUSAÇÕES

De um lado, o presidente da organização não governamental Instituto Civis, Mauro Corrêa, do outro, o secretário municipal de Fazenda, Paulo Roberto Patuléa. Ao fazerem um balanço do ano de 2005, os dois não deixaram faltar faíscas. Enquanto um levantamento feito pela ong no primeiro dia do ano desenha um retrato de caos na economia da cidade, a Prefeitura critica a retrospectiva negativista e reage, garantindo que 2005 foi um ano de ganhos para a população.

Na queda-de-braço, a única coisa difícil é encontrar o vencedor. Enquanto Mauro Corrêa lista índices do IBGE e da Fundação Getúlio Vargas para dizer que a economia da cidade vai mal, Paulo Roberto Patuléa diz que o presidente da ong não admite as conquistas que a cidade teve no ano passado porque é um inconformado com o resultado das eleições de 2004. "O anuário do senhor Corrêa, que ainda chora por causa da reeleição de 2004, é incompleto, subjetivo e tendencioso, que não serve de referência para nada. É o apanhado de alguém que segue a cartilha do quanto pior, melhor", diz o secretário.

O tom da crítica foi dado pelas afirmações de Mauro Corrêa. Segundo ele, "em março, o IBGE divulgou os dados do último censo oficial mostrando a economia petropolitana na 13ª posição no Estado do Rio, depois de estar situada na 9ª posição". Ele lembra também o ranking dos municípios divulgado pela Fundação Getúlio Vargas, que colocou Petrópolis na 92ª posição. "Em 2004 a cidade estava na 52ª colocação, em 2003 na 34ª colocação e em 2002 na 18ª colocação", aponta.

Corrêa cita também o Índice de Desenvolvimento Humano, indicador que mede o desenvolvimento da sociedade, padronizado pelas Nações Unidas, para dizer que a cidade não vai bem. "Petrópolis permanece na 7ª posição, depois de cair da 5ª posição no Estado do Rio", afirma. Do lado da Prefeitura, o secretário de Fazenda diz que a história não é bem assim. Ele afirma que a avaliação do presidente do Civis despreza indicadores importantes como o Índice de Participação dos Municípios, que cresceu nos últimos anos.

"Somos a 11a economia do Estado, captamos milhões em investimentos privados por conta dos incentivos fiscais, o turismo voltou a crescer no fim do ano e nosso valor adicionado do índice de participação dos municípios aumentou mais de 50%, mas nada disso consta no anuário do presidente do Civis", critica Patuléa, classificando a retrospectiva do instituto como "não um ataque ao governo, mas à cidade, a quem produz e trabalha por ela".

Enquanto Corrêa cita a redução no número de empregos formais criados em 2005, em relação ao ano anterior, e o aumento de 11,28% no IPTU como aspectos desfavoráveis do ano que passou, o secretário de Fazenda garante que Petrópolis encontrou o caminho do crescimento com a lei de incentivos fiscais e o programa de desburocratização, medidas implantadas durante o primeiro mandato do prefeito Rubens Bomtempo. Segundo ele, só com a oferta de uma carga tributária menor para a iniciativa privada, 62 empresas decidiram investir R$ 315 milhões no município.

Em relação ao turismo, Mauro Corrêa dia que a cidade teve perdas expressivas. Segundo ele, a cidade ganhou notoriedade nacional pela falta de cuidado com prédios históricos como o Rio Negro, e se destacou também pelo esquecimento da infra-estrutura. Os buracos nas ruas e as calçadas mal cuidadas foram citados por ele como prova da falta de comprometimento do município. Ele critica a falta de policiamento na BR-040 e a atuação do município quando foi confirmado o foco de febre maculosa em Itaipava.

Em resposta ao Civis, Patuléa foi taxativo, lembrando que o setor responde por 7% do PIB municipal. "Em 2005, os investimentos privados no setor aumentaram. A cidade tem de fato um grande potencial, e por isso atraiu um grupo estrangeiro que investirá mais de 30 milhões de Reais num complexo hoteleiro em Itaipava. Firmamos parceria com o Senac para a oferta de capacitação profissional e com o Sebrae para o lançamento do Circuito a Pé. Também vamos financiar o pré-projeto de reativação da estrada de ferro", rebateu Patuléa, ironizando: "Daqui a pouco, além de retrospectiva, o presidente do Civis fará previsões do futuro".

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