sábado, julho 05, 2008

Pedreiro morre em troca de tiros com a PM depois de seqüência de assaltos

Em uma ocorrência que mais se parece com um thriller policial, o pedreiro Marco Antônio Correa, de 40 anos morreu em uma troca de tiros com policiais militares, na noite de anteontem. De acordo com a polícia, antes do confronto, Marco Antônio teria praticado uma seqüência de cinco assaltos, foi perseguido e trocou tiros com os PMs, até ser morto na Rio-Juiz de Fora, altura da Feirinha de Itaipava.

Marco Antônio começou sua ação com o ataque a um motorista de táxi. Rendeu o motorista e obrigou-o a participar de assaltos a três postos de gasolina, na região de Itaipava e de uma tentativa de roubo no distrito da Posse. Ali, o motorista escapou e Marco Antônio assumiu o volante do carro. Ele foi localizado pelos PMs e passou a ser perseguido na rodovia. A troca de tiros aconteceu pouco depois das 21h30, na Rua Edgard Abrantes, via próxima à Feirinha de Itaipava, que abriga casas de luxo no distrito. Depois de baleado Marco Antônio foi levado para o Hospital Alcides Carneiro, onde morreu.

O caso foi registrado na delegacia de Itaipava (106aDP). Vítimas dos assaltos prestaram depoimentos e reconheceram tanto o revólver calibre 38 usado nos crimes, como também a foto do documento de Marco Antônio. De acordo com a polícia, com o acusado foram encontrados R$ 356, em dinheiro, um revólver calibre 38 com cinco munições deflagradas e uma intacta e o veículo Fiat Uno placa LCQ 3403, roubado na do em Cascatinha.

Surpresos com a notícia da morte, parentes de Marco Antônio disseram na delegacia que ele trabalhava como pedreiro, que era uma pessoa tranqüila, sem vícios e não tinha envolvimento com ilícitos ou motivos para tomar tais atitudes. O levantamento da ficha de antecedentes criminais mostra que o acusado não tinha qualquer passagem anterior na polícia. Diante do histórico do acusado e da perplexidade e revolta de parentes e conhecidos dele, a polícia suspeita que o pedreiro possa ter sofrido uma espécie de surto ou que estivesse passando por algum problema grave.

A seqüência de assaltos começou às 19h40, no Carangola, onde um taxista foi rendido e perdeu o veículo. Usando o táxi, em cerca de duas horas, o acusado teria percorrido a região dos distritos e rendido frentistas de pelo menos quatro postos de gasolina, três deles foram roubados e um fugiu correndo.

Ciente da seqüência de assaltos, policiais militares fizeram um cerco à região. Quando o táxi passava pela Br-040, na altura da Feirinha de Itaipava, ele foi avistado por policiais da Patamo 52-0531, que passaram a persegui-lo. Ao perceber a viatura atrás do táxi, o motorista saiu da rodovia acessando a Rua Edgard Abrantes. Naquela via ele teria disparado contra os policiais que revidaram. Durante a perseguição o fugitivo teria arrebentado o portão de uma das propriedades com o carro. Ele continuou fugindo e em uma reta perdeu a direção do veículo, que caiu em um barranco. Segundo os policiais, ao descer do carro o acusado teria efetuado mais um disparo contra a guarnição de policiais, que revidou novamente e o atingiu.

Ferido, ele foi levado para o HAC e não resistiu. O disparo atingiu a cabeça do acusado. O corpo foi removido para o IML. Marco Antônio Correa, foi sepultado às 17h de ontem no Cemitério de Areal, município onde morava com a família. Ele deixou esposa e uma filha de sete anos. Segundo testemunhas, o clima durante o velório era de inconformismo e revolta.

Funcionários de um dos postos assaltados foram procurados por um parente do acusado para se certificar que o assalto foi mesmo cometido pelo pedreiro. "Um parente dele esteve aqui e conversou com o frentista assaltado, perguntando se tínhamos certeza de que foi ele quem assaltou. O que foi confirmado pelo nosso frentista. Pelo que disseram ele era uma pessoa tranqüila..., eles pareciam não acreditar", contou ontem o gerente de um dos postos assaltados.

Seqüência de assaltos

Na delegacia, as vítimas relataram em depoimento como aconteceram os assaltos. Todos reconheceram o revolver calibre 38 apreendido em poder do suspeito e a fotografia do documento de Marco Antônio, que foi apresentado pelos policiais da 106aDP.

Primeiro roubo:

A primeira vítima foi um taxista abordado no bairro Cascatinha. Segundo a ocorrência policial, o acusado teria solicitado uma corrida até a região do Carangola e no caminho retirou da mochila um revólver e anunciou o assalto. O motorista seguiu até a localidade conhecida como Amoedo, no Carangola e recebeu a ordem para parar. O taxista entregou a féria do dia ao acusado, que jogou o dinheiro no chão e disse: "dançou, dançou, não vou precisar do seu dinheiro. Eu preciso do carro para fazer outras coisas", contou o taxista em depoimento à polícia. Após a fuga do assaltante, o taxista pediu ajuda aos policiais militares. Durante as diligências para recuperar o táxi, policiais foram informados que o veículo roubado estava sendo usado em uma seqüência de assaltos à postos de gasolina nos distritos.

Segundo:

Por volta de 20h30, o táxi Uno roubado parou no posto Brasão, na BR-040. O frentista do posto se aproximou e o motorista mandou completar o tanque com gasolina. Depois de colocar o correspondente à R$ 82, e o funcionário se aproximou para receber o pagamento e o motorista lhe apontou uma arma escura e dizendo: "e aí?". O frentista se afastou e disse que o mesmo podia ir embora. Segundo o relato da vítima, o táxi saiu tranquilamente em direção à BR-040, na pista sentido Rio.

Terceiro:

Pouco depois, o mesmo táxi parou no posto EJM Petrobrás, na Estrada União e Indústria, em frente a boate Tamboatá, em Itaipava e efetuou outro assalto. O frentista contou que estava em frente a loja de conveniências, quando o táxi parou próximo a última bomba. O motorista abriu a porta e anunciou o assalto. Em seguida o veículo saiu em alta velocidade em direção à Pedro do Rio.

Quarto:

Por volta de 21h05 o táxi chegou ao posto Barenco, em Pedro do Rio e mais um frentista foi assaltado pelo ocupante do carro. Quando parou o motorista disse algo que o frentista não entendeu. Perguntado sobre o que havia dito, o motorista apontou a arma para o peito do frentista dizendo "Meu irmão, passa o seu dinheiro pra cá", lembrou o funcionário, que imediatamente obedeceu. Segundo o relato do frentista, após o roubo o motorista saiu tranquilamente do posto e seguiu em direção à Posse.

Segundo a policia, na Posse um outro frentista foi rendido; este no entanto se assustou e fugiu correndo. Policiais disseram ainda que o acusado é suspeito de ter assaltando na mesma noite um outro posto de combustível, no município de Areal.

Perseguição e morte

Sabendo dos cercos policiais feitos na Posse e nas proximidades da Rodoviária do Bingen, policiais da Patamo 531 se deslocaram para o viaduto de Bonsucesso para auxiliar no cerco ao assaltante. Os policiais ficaram às margens da BR-040 junto à Feirinha de Itaipava. Cerca de 40 minutos mais tarde, avistaram o táxi Uno branco descendo o viaduto em direção à Araras. Certificando-se da placa e do número do ponto e vendo que apenas um homem estava no carro, passaram a persegui-lo.

O táxi saiu da rodovia, entrando na primeira Rua à direita após a Feirinha. De acordo com os policiais, cerca de 50 metros depois o acusado efetuou o primeiro disparo contra os policiais que em princípio teriam disparado dois tiros para o alto. O motorista continuou subindo a rua e ao entrar a direita arrebentou o carro no portão de uma propriedade, efetuando mais três disparos contra a viatura, de onde os policiais revidaram. O acusado continuou fugindo e em uma reta perdeu o controle do carro, que caiu em um barranco. Segundo o depoimento dos policiais, ao abrir a porta, o acusado efetuou mais um disparo que foi respondido pelos policiais. Marco Antônio foi atingido e levado pelos PMs ao Hospital Alcides Carneiro, onde a morte foi constatada
Fonte:Diário de Petrópolis

Nenhum comentário: