sábado, junho 25, 2005

O gordo na loja

O que para muitos é um momento de rara felicidade, para um gordo pode ser sinônimo de depressão. Por exemplo: comprar roupa. Não existe nada mais detestável. O gordo até entra na loja, o problema é que nada na loja entra nele. Não rola reciprocidade, entende? Para piorar, o vendedor vem sempre atender com aquela cara de ''a única coisa que cabe em você aqui é este belo chaveiro de borracha, mas tem uma loja para gordos no segundo piso que é muito boa''. Geralmente, o gordo passa por quatro estágios na tentativa de comprar uma roupa.
O primeiro é o que chamamos de ''O Gordo Detetive''. Fica uns cinco minutos fingindo que olha a vitrine mas, na verdade, está esperando o momento certo de entrar sem que ninguém perceba. Entra de fininho, como um policial que está seguindo um suspeito. Esconde-se atrás da arara de roupa. Quando ninguém está olhando, vai para trás da pilastra. Numa atitude mais ousada, usa um manequim como escudo, mas sobra tanto gordo para os lados que é logo descoberto pelo astuto vendedor. É hora de mandar o velho e bom ''estou só olhando, obrigado''. Sentindo-se menos pressionado, começa o segundo estágio: ''O Gordo Fashion''. É quando o gordo esquece que é gordo e perde a noção de ridículo se apaixonando, por exemplo, por uma camisa vermelha, sem se tocar que vai ficar fantasiado de tomate salada. O vendedor, reparando uma pontinha de empolgação por parte do gordo, volta ao ataque, antecipando o terceiro estágio: ''O Gordo Schin''. O vendedor descobre uma camisa GG que, de repente, até cabe. O gordo, empolgado, escolhe mais diversos modelos e vai para a cabine: experimenta, experimenta, experimenta... Uma até chegou a fechar, mas quando o gordo se viu obrigado a respirar, acabou expulsando dois botões de casa. Começa então o quarto e último estágio: ''O Gordo Intelectual'', aquele que acha que esse lance de consumo não tem nada a ver, sacou?

Nenhum comentário: