sexta-feira, junho 17, 2005

A fotografia

Tudo começou quando o pessoal passou pela casa do Ormenegildo e viu o cara com uma máquina fotográfica antiga como ela só, ajeitando a família para uma foto. Um careca deu o maior grito:
– Não ouse apertar esse botão sem antes convidar a gente para essa fotografia, por causa de que a comunidade tem o direito de figurar na foto! Ormenegildo ponderou:
– Mas vocês são uns oito e não vai caber todo mundo na foto! Estão pensando que eu vou fazer um pôster?
Um cara de bigodinho:
– É claro que a gente cabe! É só tirar a foto na rua e ficar bem de longe. Só tem que tomar cuidado quando recuar, para não cair na vala!
Ormenegildo concordou e uma magrinha implorou:
– Por favor, seu Ormenegildo, não tomei banho hoje! Dá pra esperar enquanto eu vou até em casa um instantinho para um trato legal? Um gordão:
– Se vai dar tempo, eu vou até o orelhão pra ligar pra casa do meu cunhado lá em Cordovil, pra ele trazer minha irmã, mais as cinco crianças, pra entrarem nessa foto!
Ormenegildo: – Mas é muita gente! A minha máquina é mais velha que o meu avô e não vai suportar a emoção!
O sujeito de bigodinho: – Deixa de ser modesto. A máquina aí é de última geração. Tira até o cheiro das pessoas!
Um magricela: – Céus! Então preciso passar um desodorante, porque o que passei há cinco dias já deve estar vencido! Ormenegildo, já irritado: – Pô, vocês pensam que eu vou ficar esperando todo mundo?
O gordão não gostou: – A sua máquina é de outro, por acaso? Como seus vizinhos temos o direito de sair na foto, porque é o que determina a lei!
Ormenegildo se queimou: – Eu quero que a lei vá procurar a turma dela! Agora me invoquei e só vou tirar
o retrato da minha família!
Um careca não gostou: – Ah, é? Então pega a sua máquina, dobra ela bem direitinho e... Não continuou, porque estourou a maior briga, com direito a um monte de ambulâncias. No dia seguinte o retrato de todo mundo saiu nos jornais.

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