BR-040: reclamações e alta insatisfação

Precariedade da manutenção e sinalização e os constantes congestionamentos mereceram queixas dos usuários./Foto: Marco Oddone. Os outdoors espalhados pela Concer ao longo da Rodovia BR 040, indicando que estrada foi eleita uma das 10 melhores do país, não reflete a realidade de satisfação dos usuários. Quem utiliza diariamente a rodovia sofre com a má conservação. Os defeitos na pista causam acidentes, transtornos e prejuízos aos motoristas. A insatisfação dos usuários com o péssimo estado da rodovia, principalmente com a pista de subida, já rendeu à Concer (que administra a estrada há 17 anos) multa no valor de mais de R$ 1,9 milhão. O montante é um acumulado de 2006 até os dias atuais. De acordo com dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres -ANTT, nesses sete anos, a Concer já recebeu 27 autuações, sendo 12 defesas/recursos deferidos, 10 processos para apuração das penalidades ainda em andamento e cinco penalidades aplicadas. Entre 2007 e os primeiros meses deste ano, a ANTT recebeu 995 reclamações sobre a Concer. No ano passado, foram 228 denúncias e só nesses quatro meses de 2013 foram 109. E em todas as avaliações feitas pela agência, a concessionária sempre ficou abaixo do índice esperado. Em 2011, a péssima qualidade da pavimentação da estrada foi a principal queixa dos usuários, seguida dos congestionamentos. Em 2012, e neste ano, a má condição do asfalto continuou sendo o principal alvo de críticas de quem trafega pela BR-040. Já foram 41 reclamações neste início do ano e 61 queixas no ano passado. Segundo a ANTT, a Ouvidoria da agência só começou a registrar as reclamações contra as concessionárias a partir do segundo semestre de 2002. Durante os anos de 2003 e 2006 a Ouvidoria passou a divulgar o nível de satisfação do usuários no lugar da quantidade de queixas registradas contra as empresas. A fórmula do cálculo do nível de satisfação do usuário e os relatórios da Ouvidoria estão disponíveis no site da ANTT. Apesar da implantação dos mecanismos para denunciar as péssimas condições da rodovia, os usuários sentem-se lesados e acreditam que a ANTT não cumpre corretamente o seu papel. Se a fiscalização e as ações fossem mais enérgicas, a quantidade de queixas seria maior, acreditam os usuários. O engenheiro eletricista Mauro Dantas, é testemunha da falta de atenção por parte da agência reguladora. Na semana passada, após quebrar a roda do carro ao passar por um “caroço” na pista, ele encaminhou um ofício a ANTT. No entanto a resposta da agência “foi vaga”, irritando ainda mais o usuário. No ofício encaminhado pela agência, é solicitado que o usuário “forneça mais detalhes sobre a sua manifestação, tais como BR, quilômetro (KM), trecho, sentido da via e ponto de referência, para que possamos analisá-la da melhor maneira possível. Por oportuno, esclarecemos que à Agência Nacional de Transportes Terrestres compete, entre outras atribuições, a regulação e a fiscalização da prestação dos serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros e do transporte rodoviário de cargas”. “Não estava reclamando apenas de um buraco na BR-040, no trecho da subida da Serra de Petrópolis; e sim das péssimas condições da estrada. Como (do verbo comer) o pneu do meu carro se não encontrar no mínimo cinco defeitos por quilômetro de serra percorrida. Defeitos sérios e críticos que podem provocar graves acidentes”, protestou Mauro. O incidente com o seu veículo aconteceu entre os quilômetros 93 e 94 da pista de subida. Ele contou que já conhecia o defeito, mas naquela noite acabou se distraindo. “Há oito anos eu subo e desço, diariamente, a serra. Conhecia aquele caroço, mas acabei esquecendo”, disse o usuário, acrescentando que existem 255 defeitos na pista de subida. Mauro não fez os cálculos, mas garante que gasta um bom dinheiro com a manutenção do carro. “Pelo menos duas vezes por ano eu tenho que trocar os pneus do carro. E sempre que vou ao mecânico, ouço a mesma coisa: evite os buracos que isto está causando danos ao veículo. Não tenho como evitar. O que preciso é que a Concer realize a manutenção da estrada. Pagamos um pedágio caríssimo para trafegar por uma estrada tão ruim”, desabafou. O episódio com a ANTT levou Mauro a iniciar uma campanha contra a Concer. “Perdi a linha! Reconheço que o atendente da agência não tem a responsabilidade. Espero que ele encaminhe meu desaforo à instâncias superiores. Continuo na luta! Não vou mais ficar quieto! Esta empresa (CONCER) é uma irresponsável!”, concluiu. Fonte:Tribuna de Petrópolis