domingo, março 29, 2009

Concer: pedágio caro e nenhum benefício

Cobrado há mais de 14 anos pela concessionária Concer, o pedágio para trafegar na Rio-Petrópolis trouxe poucos benefícios para Petrópolis. Milhares de petropolitanos que trabalham ou estudam no Rio e viajam de carro pagam R$ 7,20 cada vez que passam nos guichês da empresa.
Até mesmo quem sai do centro da cidade, em direção a Areal, Posse ou São José do Vale do Rio Preto precisa pagar o pedágio se não quiser pegar variantes perigosas. Em troca, nem mesmo a ligação entre os bairros do Bingen e Quitandinha, que a construção da estrada interrompeu, foi construída – na verdade, a obra sequer tem projeto na Concer.
O gerente de operações da empresa Única/Facil, engenheiro Luiz Assunção, criticou ontem as condições de conservação e sinalização da BR-040. Com a experiência de quem acompanha uma frota de ônibus que passa 220 vezes por dia pela praça de pedágio na Baixada Fluminense e 64 vezes ao dia no pedágio para Juiz de Fora, o engenheiro acredita que somente ações de fiscalização por parte da Agência Nacional de Transportes Terrestres poderiam contribuir para que as melhorias necessárias nas pistas sejam feitas pela concessionária.
“O problema da BR-040 é que ninguém fiscaliza para que a concessionária seja obrigada a cumprir suas obrigações. O asfalto na baixada é muito ruim. Algumas placas estão quebradas, outros trechos não têm sinalização. A ANTT deveria fiscalizar isso. A pista de subida tem problemas de arquitetura, é muito antiga, não tem acostamentos, é extremamente perigosa e está totalmente fora dos padrões internacionais”, afirma, acrescentando que o preço de pedágio praticado pela Concer é semelhante aos valores da Europa, onde as condições das pistas são excelentes. “Se eles têm preços semelhantes aos da Europa, o serviço também deveria ser compatível”, comenta.
Os problemas na pista refletem diretamente na frota da empresa, que precisa passar por manutenção com mais frequência. “A suspensão dos carros é danificada pelos buracos. Frequentemente, os ônibus têm o retrovisor danificado por carretas que passam cortando, principalmente na pista de subida, que é muito estreita”, comenta.


Passageiro de ônibus paga R$ 0,45 em cada viagem

Detentora da exclusividade no transporte de passageiros entre Petrópolis e o Rio de Janeiro, a Única/Fácil é uma das maiores clientes da Concer. Cada coletivo da frota faz, pelo menos, oito viagens por dia, pagando uma tarifa de pedágio de R$ 14,40 a cada travessia do pedágio.
De acordo com o diretor da empresa, Luiz Assunção, somente na praça de pedágio da Baixada fluminense os ônibus passam 220 vezes por dia, o que representa uma arrecadação diária de R$ 3.256 e um acúmulo mensal de mais de R$ 97 mil, somente com os ônibus da Única/Fácil. Sem contar com o pagamento de pedágio nas linhas que seguem em direção a Juiz de Fora. Estes, segundo o gerente de operações, passam 64 vezes por dia pela praça de pedágio, pagando R$ 14,40 em cada uma delas, o que totaliza uma arrecadação mensal de mais R$ 28 mil.
“Todas as outras concessionárias têm um sistema moderno e os ônibus têm uma pista exclusiva para passagem. Na Concer nem isso, os ônibus têm que entrar na fila com todos os veículos. O sistema deles ainda é muito antigo”, queixa-se Assunção.
A estudante de Biologia Adriana dos Santos Souza, que passa pela BR-040 diariamente, de ônibus, lembra que dos mais de R$ 25 gastos com as passagens para o Rio de Janeiro todos os dias, R$ 0,90 são destinados à tarifa de pedágio. “Se pensarmos nas condições da estrada, acho que é caro. Quem sobe e desce todo dia, de segunda a sexta-feira, como eu, vê que os acidentes acontecem com muita frequência. Tem sempre um carro batido, uma capotagem, um caminhão tombado. Deveriam fazer alguma coisa, essa estrada é muito perigosa, tanto na descida quanto na subida. À noite é ainda mais perigoso por causa da falta de segurança”, conta a estudante.
O pagamento da tarifa de pedágio, no valor de R$ 0,45, embutido no preço da passagem de ônibus, muitas vezes passa despercebido pelos usuários, mas pesa no bolso de todos. O mesmo acontece com o comércio e a indústria. O transporte de mercadorias é onerado pela cobrança do pedágio.
Fonte: Tribuna de Petrópolis

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