terça-feira, novembro 01, 2005

Usuários da BR-040 cobram ações da Concer que garantam mais segurança à estrada.

A beleza da pista de subida da BR-040 (Rio/Petrópolis) não é suficiente para esconder os perigos que rondam quem circula pela estrada. Rodeada por Mata Atlântica, a via é estreita e tem curvas acentuadas, sem acostamento nem telefones de emergência. À noite, a sinalização precária dificulta a vida dos que não conhecem bem a estrada. Para quem é obrigado a passar por ela todos os dias, não há dúvidas: a estrada está entre as rodovias mais perigosas do Estado.

O risco é confirmado pelos motoristas. A tradutora Scheila Villar, que mora no Rio mas vem a Petrópolis pelo menos uma vez por semana, considera a falta dos telefones como um dos principais problemas, junto com a precariedade da iluminação. "A estrada é muito escura e sem um telefone de emergência. Se acontecer alguma coisa, não temos nem como pedir socorro", reclama, lembrando que o problema aumenta também os riscos de os motoristas serem vítimas de violência.

Há poucos dias precisei passar pela estrada à noite. Num determinado ponto, um outro motorista me avisou que havia um problema no carro. Sem lugar para parar em segurança, preferi arriscar. Continuei a viagem e só fui checar o que estava acontecendo quando cheguei ao meu destino", contou. Para o economista Marcos Nóbrega, que mora em Petrópolis e trabalha no Rio, os problemas fazem com que a estrada se torne duplamente perigosa. "A falta de iluminação e a estrutura da pista, que é muito estreita, facilitam a ação de bandidos".

Para o advogado Mauro Corrêa, que mora em Petrópolis e trabalha no Rio desde 77, o principal problema é mesmo a falta de telefones. "Se acontecer alguma coisa e o motorista não tiver um telefone celular, ou se parar em algum ponto da estrada onde o mesmo não funcione, não terá outra escolha a não ser sentar e esperar até que um funcionário da Concer apareça", lamenta. Para ele, a existência de bares na margem da estrada também causa dor de cabeça.

"Muitas pessoas bebem e acabam avançando na pista. Outras, que chegam de carro, deixam seus veículos no meio da pista porque não têm onde parar. Isso sem falar quando os carros quebram e acabam deixando espaço para apenas um veículo passar", reclama. Ricardo Luiz Fischer, motorista da viação Única/Fácil, responsável pelo transporte de passageiros entre Rio e Petrópolis, concorda e lista alguns dos perigos que ele enfrenta 18 vezes por semana, ao subir a serra.

"A sinalização é precária e as muretas de proteção são baixas. A sorte é que já conhecemos bem a estrada e controlamos a velocidade, que não pode passar de 50 quilômetros por hora", reclama ele, contando que teve um amigo motociclista atingido por um carro que subiu parte da estrada na contramão, pela pista de descida. "Parece brincadeira, mas não é. Ao sair do túnel, descendo a serra, ele encontrou num carro subindo pela contramão. O motorista nunca tinha passado pela estrada e não percebeu que estava na pista errada", conta.

Para ele, outro problema é a falta de acostamento. Por curiosidade, ele contou quantas paradas faz na estrada em pontos onde há recuo para o ônibus. "Paramos 13 vezes na pista de subida. Em quatro temos acostamento para parar, nas outras nove não. Paramos na pista mesmo", revela. Cristiano Pinto do Amaral, também motorista da Única/Fácil, diz que o perigo está até onde ninguém espera. "A faixa branca que divide as duas pistas fica escorregadia quando chove. Um desavisado que tentar acelerar um pouco mais pode perder o controle do carro assim. É um perigo", garante.

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