BR-495: obras de R$ 83 milhões em três anos não beneficiaram Itaipava

Com investimentos que em três anos ultrapassam o montante de R$ 83 milhões em recursos federais, a antiga Estrada Philúvio Cerqueira (BR-495), que liga Itaipava a Teresópolis, ainda não recebeu melhorias significativas no trecho de Itaipava. Entre 2008 e 2011, três contratos foram formalizados entre o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e a construtora Delta para recuperação da estrada – dois deles sem a necessidade de licitação. Apesar dos altos investimentos, o trecho mais movimentado e habitado da estrada, que dá aceso à localidades como Benfica, Madame Machado e Vale do Cuiabá, por exemplo, ainda apresenta problemas que põem em risco os usuários.
Em três anos, a recuperação de pavimentação foi feita somente em trechos da serra. Barreiras e desabamento de encostas atrapalharam o andamento dos serviços. A intervenção mais recente foi a remoção de toneladas de pedras que desabaram na altura do Km-23, fechando a estrada, em janeiro deste ano. A pista foi desobstruída, mas equipes ainda trabalham no local. Atualmente, pelo menos quatro pontos diferentes da serra sofrem intervenções e o esquema de trânsito funciona em sistema pare e siga em pelo menos três locais. O trecho de Itaipava, no entanto, continua mal sinalizado, com mato alto encobrindo as poucas placas de sinalização. Falta pintura sinalizando quebra molas e até mesmo a faixa divisória de pistas, o que aumenta o risco para motoristas e pedestres. Percorrendo a rodovia, percebe-se uma grande quantidade de fissuras no asfalto, buracos e pista irregular.
Os três contratos com a construtora preveem melhorias na estrada. O primeiro contrato foi formalizado em 2008, após as chuvas que atingiram a região durante o carnaval. Em caráter emergencial, teriam sido destinados R$ 10 milhões para retirada de barreiras, contenção de encostas e recuperação de asfalto entre os quilômetros 24 e 33,3. Em 2010, a mesma construtora venceu uma licitação, garantindo um contrato de R$ 57,4 milhões. O contrato previa a restauração do pavimento entre os quilômetros zero e 33,5 – incluídos nove quilômetros que a empreiteira já teria recuperado.
As obras de pavimentação começaram em Teresópolis e ainda não haviam chegado à Itaipava em janeiro, quando a região voltou a ser castigada por um temporal. Em março deste ano, a Delta foi novamente contratada pelo DNIT, em caráter emergencial – inicialmente por R$ 33 milhões –, sem a necessidade de licitação. O contrato previa limpeza de pista e contenção de encostas do quilômetro zero ao Km-33,4. O valor do contrato teria sido revisto e reduzido para R$ 16 milhões.
O estado de abandono da Estrada Philúvio Cerqueira é alvo de investigação em um inquérito civil instaurado no Ministério Público Federal em Petrópolis, desde 2004. As investigações estão sendo feitas pelo procurador da República Charles Stevan da Mota Pessoa.
Fonte: Tribuna de Petrópolis