segunda-feira, abril 03, 2006

Rodoviária

Fala, Serra!
Rodoviária
Aumenta a cada dia o número de petropolitanos que, em função da notória decadência econômica da cidade, trabalham na capital, o que torna óbvia a importância de um adequado serviço público de transporte coletivo intermunicipal. No entanto, são estarrecedoras e vergonhosas as mazelas a que estão submetidos os usuários das linhas de ônibus concedidas pelo estado, há décadas, à empresa com o sugestivo nome de Única. Esse inconcebível e intolerável monopólio é responsável por, entre outros absurdos: freqüente alteração e supressão de horários e linhas, sem prévia comunicação, visando tão-somente ao insaciável apetite de lucro da empresa; descumprimento freqüente de horários, sob a esdrúxula justificativa de ausência de motoristas ou de que o ônibus ainda não chegou de sua origem (...); drástica redução do padrão de conforto e motorização dos veículos, sem a correspondente redução no preço da passagem; falta de higienização dos ônibus, que vão e voltam o dia todo sem passar por uma adequada limpeza; péssima manutenção dos carros, ocasionando quebras freqüentes e estouros de pneus (...). Diante do quadro dantesco, a ANTT diz, com razão, que a responsabilidade pela fiscalização do transporte intermunicipal é do Detro/RJ. Ocorre que este órgão estadual é, há muito tempo, claramente cooptado por interesses privados, escusos e inconfessáveis. Por exemplo: é do conhecimento de boa parte dos usuários o fato de capatazes da Única trabalharem em conjunto com agentes do Detro, na saída de Petrópolis, a fim de criar dificuldades ao transporte fretado por passageiros em direção ao Rio, em clara demonstração de intolerável mistura dos interesses público e privado. Se a ANTT nada pode fazer, se o Detro não faz o que deveria fazer, e, ainda por cima, protege os interessados na manutenção do atual estado calamitoso, resta-nos perguntar o que faz o órgão competente do Ministério Público estadual em nossa cidade? Será que desconhece todos esses absurdos? Por que não sai em campo, exercendo seu poder de investigação e constatando in loco todas as mazelas aqui relatadas e facilmente comprováveis? Que fique claro: a manutenção desse espúrio monopólio só se justifica pelas engrenagens da corrupção. Trata-se de afronta aos interesses de toda uma coletividade, lembrando que é obrigação constitucional do Ministério Público tutelar tais interesses. Não precisamos de promotores de justiça que fiquem trancados em gabinetes, envoltos por despachos burocráticos. É preciso que os representantes do MP estadual em Petrópolis acordem e desempenhem o poder que lhes foi atribuído. São eles que podem fazer valer o direito do cidadão, investigando a relação promíscua entre os órgãos responsáveis pela concessão e a fiscalização do transporte intermunicipal e grupelhos de cartéis privados que se comportam como donos de um serviço que é público. Com a palavra, o Ministério Público.
Glaucio Rodrigues Marcolino,Petrópolis

Nenhum comentário: