domingo, agosto 25, 2013

Obra na serra pode representar ameaça ao abastecimento de água na cidade

A obra da nova pista de subida da Serra – que já teve início – pode colocar em risco o abastecimento de água da cidade. O impacto ambiental da construção do túnel de quase 5 mil metros de comprimento é o que mais preocupa órgãos como o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Piabanha e o Ministério Público Federal. O MPF inclusive oficiou a Concer – concessionária que administra a BR-040, e a Diretoria de Licenciamento Ambiental (Dilic), órgão do Ibama responsável pela execução de licenciamento em nível federal. A intenção é obter informações sobre o impacto das intervenções no lençol aquífero (formação geológica capaz de reter e ceder água) que corre o risco de ser contaminado, caso o projeto não esteja adequado. Segundo o presidente da Concer, as detonações devem começar em no máximo quatro meses. O túnel corresponde ao lote 3 da obra e dará acesso a nova entrada da cidade, no Bingen. Na Rua Luiz Winter, no bairro Duarte da Silveira, uma clareira na mata foi aberta há uma semana, indo de encontro até a pista de descida da Serra, próximo ao local onde será o término do túnel. Segundo o engenheiro Luiz Antônio Vinhaes Assumpção, diretor técnico da viação Única, que é membro do Comitê Piabanha – reconhecido legalmente como unidade de planejamento e gerenciamento das bacias e nascentes – “é preciso ter muito embasamento na hora de construir o túnel. A rocha terá que ser perfurada commáquina ou explosivo e o impacto, se não for bem planejado, pode fazer com que a água desça pela montanha ou ainda pode levar à contaminação do lençol aquífero, que abastece a cidade”. O especialista afirmou ainda que as plantas da obra foram solicitadas à Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), assim como o relatório de impacto ambiental (rima), pela promotora de Justiça Vanessa Seguezzi, do MP Federal. “Outra questão preocupante é que o Ibama concedeu a licença sem consultar o Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Este, por sua vez, diz que a responsabilidade é do Ibama. Se as águas forem contaminadas, as consequências serão desastrosas, podendo até levar à seca. O processo – a água entrando pelas rochas e formando o lençol aquífero (subterrâneo) – levou anos para acontecer. Não sou contra a obra e sei que existe tecnologia capaz de garantir que a intervenção seja feita de forma segura, mas o fato é que não estamos tendo acesso aos documentos que comprovam isso”, destacou o engenheiro. O presidente da Concer, Pedro Jonsson, garante que tem todas as licenças, inclusive da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Jonsson garante que os pontos por onde o aquífero passa já foram localizados e que as perfurações não vão causar danos ambientais. Mas o presidente da concessionária admite que surpresas podem surgir: “Estamos utilizando as técnicas mais modernas, mas quando começarmos a percorrer os caminhos vamos encontrar coisas que não estavam previstas. Fizemos um levantamento de tudo o que existe no entorno do túnel e com certeza o impacto será o mínimo possível tanto para o meio ambiente quanto para a população local. As detonações devem começar em no máximo 4 meses”, disse. Ele acrescentou que próximo ao Mirante do Belvedere será feito um sistema de tratamento de efluentes, por conta de um riacho que corta a região. Apesar do projeto já estar pronto e sendo colocado em prática – as movimentações são vistas no km 102 da Raiz da Serra e no inicio da descida onde a abertura dá acesso ao bairro Duarte da Silveira – o presidente da Concer revela que adequações ainda podem ser necessárias. “Ainda estudamos o impacto na região para que este seja o menor possível e, se para isso for necessário fazer arranjos, eles serão feitos”, pontuou Pedro Jonsson. Fonte:Tribuna de Petrópolis

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