segunda-feira, outubro 16, 2006

Clubes e pousadas - Petropolitanos são vítimas de golpe

Diário de Petrópolis:

Quadrilha oferecia títulos de clubes e pousadas que não existem mais. Empresa tinha sede no RJ e SP

*Jaqueline de Mello
Petropolitanos também foram vítimas do golpe que vem sendo aplicado há alguns anos por uma quadrilha que oferecia títulos de clubes e pousadas que não existem mais. A quadrilha usava uma empresa de fachada, a American Tour Club, para aplicar o golpe. A empresa, que tinha sede no Centro do Rio e em São Paulo, foi fechada no mês passado por policiais da Delegacia de Defraudações.

Na manhã de ontem, a dona-de-casa Maria Lúcia Salomé esteve na 105a. DP e contou que também foi vítima da quadrilha e que chegou a pagar R$ 1 mil pelo falso título. "Na ocasião eu era casada e decidimos comprar o título, para podermos visitar familiares do meu ex-marido que moram no Ceará, mas nunca chegamos a utilizar", disse. Ela tomou conhecimento da fraude ao assistir a uma reportagem sobre a prisão da dona da empresa.

Com vários documentos em mãos que comprovam a negociação, Maria lembra que comprou o título da American Tour há 6 anos, em um evento realizado no Hotel Quitandinha. "Recebemos o convite pelo correio. Acredito que várias pessoas tenham sido lesadas na cidade, pois muita gente participou das reuniões", afirma, mostrando a carta que confirma que os encontros aconteceram nos dias 26 e 27 de agosto de 2000.

A dona-de-casa nunca chegou a usar o título, que prometia descontos especiais na hospedagem em luxuosos hotéis de todo território nacional. E disse que desconfiou quando começou a receber telefonemas de corretores da empresa fazendo ofertas pelas cotas do título. Os corretores diziam que os papéis tinham sido valorizados e que empresários estrangeiros estariam interessados em comprá-los.

Os golpistas prometiam lucros altos. "Eles diziam que para vender as cotas, as mesmas precisavam ser legalizadas e que para isso eu precisaria desembolsar R$ 1 mil por cota. Como eu tinha 30 cotas, precisaria gastar R$ 30 mil. Em contrapartida poderia vender cada uma por R$ 15 mil, ou seja, os papéis seriam vendidos por R$ 450 mil. Achei que era ganhar dinheiro muito fácil...", conta.

A petropolitana disse que chegou a visitar o escritório da empresa, que ficava no 35o. andar de um prédio na Avenida 13 de Maio, no Centro do Rio. "A empresa ocupava um andar inteiro do prédio, era muito luxuosa", lembra.

Esta semana a polícia conseguiu prender a mulher apontada como chefe da quadrilha. C.M.S.G., de 48 anos, foi presa em um apartamento na praia de Boa Viagem, em Niterói, para onde teria se mudado a poucos dias para tentar se esconder. Na garagem do prédio foram apreendidos quatro veículos, dois dos quais importados. De acordo com o inquérito, C. seria ainda proprietária de mansões em Teresópolis. A polícia acredita que a chefe da quadrilha tenha um patrimônio de mais de R$ 50 milhões, dinheiro que teria conseguido por meio de golpes.

A polícia estima que mais de mil pessoas tenham sido lesadas pela empresa, a maioria deles aposentados que investiram todas as economias. Quatorze pessoas acusadas de aplicar o golpe da venda de títulos falsos ainda são procuradas pela polícia.

A carta-convite apresentada pela vítima petropolitana leva a polícia a crer que muitos outros moradores da cidade podem ter caído no mesmo golpe. Os policiais da 105a. DP orientam as vítimas da American Tour Club a se dirigirem à Delegacia de Defraudações, no Rio de Janeiro, onde já existe um inquérito em andamento sobre o caso. A delegacia fica na Rua Silvino Montenegro, no 1 – Gamboa (Armazém, no 6 – Cais do Porto). Os telefones da delegacia são: (21) 3399-3664 e 3399-3666.

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