quarta-feira, setembro 13, 2006

LARANJA - CONSTRUTORA DÁ GOLPE MILIONÁRIO

Sete empresários registraram queixa na polícia. Prejuízo chega a R$ 1 milhão

Empresários que comercializam produtos para o setor de construção civil estiveram ontem na 105a. DP para registrar um caso de estelionato que causou prejuízos de mais de um milhão de de reais. O golpe foi aplicado por "uma empresa laranja". A construtora abriu um escritório no Centro de Petrópolis e depois de comprar uma grande quantidade de matériais de construção com cheques pré-datados para 30, 60 e até 90 dias, fechou as portas do escritório e encerrou as atividades.

A falsa construtora comprou materiais de empresas do Rio de Janeiro, São Paulo, Itaboraí, Maricá, Santo Antônio de Pádua e Espírito Santo. Pelo menos sete empresários estiveram ontem na delegacia para registrar o ocorrido. Em um cálculo inicial a polícia estima que o golpe seria de mais de R$ 200 mil. Mas os empresários calculam um valor bem mais alto. "Eles aplicaram um golpe de mais de R$ 1 milhão. Muitas pessoas ainda não vieram registrar", disse um deles.

Além de um escritório no 10o. andar do Edifício João Paulo I, a empresa laranja mantinha ainda uma área alugada na Rua Professor Cardoso Fontes, na Castelânea, onde as empresas entregavam todo o material comprado pelos estelionatários. "Estranhamos que o material fosse entregue naquele local e de lá levado por caminhões da construtora para a tal obra", disse outro empresário.

Descoberta

O golpe foi descoberto na manhã de segunda-feira, quando um dos caminhões que entregaria uma carga de pedras chegou ao local e encontrou o mesmo fechado. A área estava vazia e o entregador foi informado que a construtora encerrou as atividades. Daí em diante, já conscientes de que teriam sido vítimas de um golpe, os empresários tentaram contato com o escritório. Sem sucesso, eles foram até o prédio no Centro e descobriram que o escritório tinha sido fechado. A mudança teria sido feita às pressas no último sábado.

Empresários conseguiram ainda localizar parte do material que, segundo eles, estaria armazenado às margens da BR-040, na altura de Itaipava. O material estaria em um terreno na altura do quilômetro 60 da pista sentido Juiz de Fora. Entre os materiais depositados no local estariam chapas de granito avaliadas em mais de R$ 20 mil.

Conta bancária e crédito

Com documentos falsos, a empresa laranja, que tinha o nome limpo no mercado, conseguiu abrir conta em pelo menos dois bancos da cidade. Com cheques em mãos os estelionatários compraram caminhões de cimento, telhas, pedras, cal, pedras decorativas, tijolos, chapas de granito, blocos de concreto, forro de PVC, vasos sanitários, entre outros produtos.

Empresários descobriram ainda que a empresa chegou a cadastrar pelo menos quatro funcionários, que teriam uma conta-salário em um dos bancos.

Desconfianças

A compra de uma grande quantidade de mercadorias e a pressa no prazo de entrega causou desconfiança em alguns dos empresários. "Meu filho chegou a falar que havia visto uma movimentação muito grande de caminhões naquele local e que deveríamos esperar algum dos cheques compensarem para depois entregarmos o restante do pedido", disse o representante da Pedras Requinte, José Carlos Magalhães. A empresa de Santo Antônio de Pádua forneceria seis caminhões de pedras decorativas, mas apenas um deles foi entregue.

O proprietário de uma madeireira do Rio de Janeiro teve um prejuízo ainda maior. "Tivemos um prejuízo de cerca de R$ 50 mil com a entrega de três cargas de madeira", disse o responsável pela empresa. Situação semelhante aconteceu com um fornecedor de telhas, que fez entregas avaliadas em cerca de R$ 45 mil.

A fornecedora de blocos de concreto Lajes Pentágona, de Maricá, entregou cinco caminhões e teve um prejuízo de R$ 10 mil; um fornecedor de pedras decorativas entregou dois caminhões e teve um prejuízo de R$ 17 mil. A Indústria Mineradora Pagliato (Minercal), de Sorocaba, SP, forneceu cargas de cal hidratado e cal pintura. "O material entregue está avaliado em R$ 2.365", lamenta o representante da empresa, Luiz Carlos G. Guimarães.

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