quarta-feira, outubro 05, 2005

Pelo sim, pelo não

O Sim saiu com o Não para azarar. Quer dizer, o Sim saiu para azarar, o Não foi à luta. Sentaram num bar da Zona Sul. O Sim era mais tímido, o Não mais atirado. Enquanto o Sim dava mole para uma, o Não atirava para todo lado.
Sim - Tá vendo aquela garota?
Não - Aquela mina?
Sim - A feiosa.
Não - O canhão?
Sim - Que está do lado da gorda.
Não - Aliás, que tanque, hein?
Sim - Tem cara de piranha.
Não - Pistoleira braba.
Sim - Sei não.
Não - Bandidaça!
Sim - Ela está te olhando.
Não - Me fuzilando.
Sim - Manda um bilhete pra ela.
Não - Um torpedo?
Sim - Isso! Chama pra sair.
Não - Que tal: ''Vamos para a balada, mina?''.
Sim - Garçom, entrega para aquela morena.
Não - Aquela mina, entre o canhão e o tanque.
Sim - Ela tá rindo.
Não - Vou detonar!
Sim - Quero ver.
Não - Vou lá dar uma armada.
Sim - Vai nessa.
Não - Aí, ela topou. Tô indo à luta.
Sim - Aproveita.
Não - Deixa comigo. Vou mandar bala.
De madrugada Não liga pro Sim:
Sim - E aí, cara?
Não - Foi uma bomba.
Sim - Não acredito.
Não - A mina era o maior trabuco!
Sim - Nem tanto.
Não - Tô falando. O tiro saiu pela culatra.
Sim - Não salvou nada?
Não - Deixei a mina em ponto de bala. Quando estava tudo engatilhado...
Sim - Não vai me dizer que...
Não - Neguei fogo, cara. Neguei fogo.

Nenhum comentário: