sexta-feira, julho 29, 2005

O gordo

Estrórgio estava em casa, lendo jornal, quando ouviu as palmas ao portão:
- Pô, ainda nem chegamos ao fim do mês e os cobradores já tão atacando!
Foi à varanda e deu com uma multidão de vizinhos:
- Seja lá o que for, juro que não fui eu!
Um magricela:
- Não se aflija, colega! Viemos por outro motivo!
E soltou a bomba:
- Fizemos um julgamento e você foi condenado a emagrecer imediatamente!
Estrórgio não entendeu:
- Por quê? O presidente, por acaso, assinou alguma MP a respeito?
Um careca falou pelo magricela:
- Nem foi preciso, porque decidimos isso quando távamos no bar!
Tocou no ponto fraco do Estrórgio:
- Aquele lugar onde tem moelas, mocotó e rabada, tudo no divino molho amarelo?
O magricela, cheio de autoridade:
- Isso mesmo! E a partir de hoje você tá proibido de ir lá, porque vai ter que emagrecer uns 50 quilos em um mês!
A sogra do Estrórgio, da janela:
- É ruim, por causa de que ele come feito um cavalo!
Estrórgio encarou os vizinhos:
- E por que eu tenho que emagrecer? Quem não gosta de olhar, que não olhe!
Um baixinho:
- É que nós tamo preocupado com o dia em que você botar o bloco na rua e a gente ser obrigado a carregar o seu caixão!
Uma magrinha emendou:
- É sim, seu coisa! A gente não vai agüentar com o peso!
Estrórgio isolou numa cadeira:
- Virem essa boca pra lá! Eu tenho planos de ainda ver o Madureira campeão!
O magricela insistiu:
- Tem que emagrecer, senão seu caixão vai pesar toneladas!
Estrórgio isolou de novo:
- Parem de rogar praga! Eu já disse que ainda vou viver muito!
Uma velhinha riu:
- Gordo desse jeito? Não demora muito e o senhor vai ter a morte súbita mais súbita que eu já vi!
Estrórgio pulou o muro e cismou de encarar os vizinhos. Os caras da ambulância penaram para carregar a maca.

Nenhum comentário: