sexta-feira, setembro 30, 2005

quinta-feira, setembro 29, 2005

De comediante o Congresso está cheio

Com tanto comediante no Congresso para bater as botas, quem morre é o nosso Golias. Os órgãos brasileiros estão todos falidos e quem morre de falência dos órgãos é o Golias.
O Brasil é uma piada. O salário-mínimo é uma piada. Os governantes são uma piada. Os políticos são uma piada. E quem morre? Logo a piada boa. Uma parte da família vai. Os trapos ficam.
E, neste exato momento, alguém deve estar falando a mesma coisa que eu nos Estados Unidos. Afinal, com tanto comediante no Congresso americano para bater as botas, quem morre é o Don Adams, o nosso inesquecível Agente 86. O Bush, que também é uma piada, continua vivo. O Agente 86 vai e o KAOS continua, cada dia pior. Eu não perdia um seriado. Passava exatamente na hora em que eu voltava do colégio. A musiquinha, as portas fechando, o riso abrindo.
Para quebrar um pouco a tristeza, fiquei imaginando como seria se o Mel Brooks fizesse a versão do Agente 86 contra o KAOS brasileiro. Com certeza ele criaria o Agente 171, um espião secreto, carequinha, infiltrado no CONTROLE para promover o Kaos. E talvez criasse também o Agente Sifú, em homenagem ao brasileiro.
A 99 posaria nua para a Sexy e depois se candidataria ao Congresso. Os números dos agentes mudariam todo mês, conforme a variação da taxa de juros. A CPI dos Correios pediria a quebra de sigilo do sapatofone do Maxwell Smart. O Cone do Silêncio estaria sendo grampeado pelos agentes da Abin. E o Chefe do Controle não saberia de nada, muito menos que o KAOS existe.
P.S.: Nas minhas pesquisas, descobri que o 86 foi escolhido porque era o número-código que os barmen americanos usavam para denominar as pessoas que enchiam a cara. Será que já tem um Agente 86 no Controle e a gente não sabia?

quarta-feira, setembro 28, 2005

'Habemus papão'

Fritz Utzeri: 'Habemus papão' (do verbo papar)

Na manhã chuvosa, a multidão se concentra na praça, os olhos voltados para a chaminé que sai do teto do edifício. Se for fumaça preta, será sinal de que os conclavistas ainda não se decidiram. E são cinco candidatos, ou papabili. O voto é secreto e as articulações e compromissos pululam. Comenta-se que o imperador Ignátius I destinou algo em torno de 500 milhões de táleres, para favorecer a eleição de seu candidato, Aldus. Esse dinheiro fora distribuído aos votantes para obras e ''caridades'' em suas sedes que atraíssem a simpatia de seus rebanhos (de onde vem a expressão ''curral''). Aldus circula intensamente e procura atrair votos, mas alguns conclavistas corrompidos aumentam o preço do apoio à medida que o escrutínio decisivo se aproxima.
Os oponentes acusam o imperador de simonia, mas este se defende dizendo que o monarca que o antecede, Fernando II, por ele derrotado e maquinando seu retorno, praticava esse malfeito com a maior sem-cerimônia e que, portanto, tratando-se de um pecado generalizado, deixa de ser pecado. A estranha interpretação teológica do imperador não encontrou oposição entre a maioria dos conclavistas, que - teoricamente - deveriam estar movidos pelo espírito, para o bem e a salvação de todos. Mas na prática prevalece o salve-se quem puder e o meu pirão primeiro.
Os conclavistas estão reunidos pela segunda vez em pouco mais de duzentos dias. No conclave anterior, o imperador fora extremamente inábil e apoiara um membro do alto clero arrogante e mal visto por seus pares e - especialmente - pelo baixo clero, que acabou impondo um dos seus: Severinus, homem rústico que, além de não ter preparo para a liturgia do cargo (ainda menos que o imperador), acabou perdendo-se por miúdas transações com um dos bodegueiros da cidade.
Nos primeiros escrutínios ninguém chegou à maioria e os arranjos continuam. Outro fator que intranqüiliza os conclavistas é a aberta interferência do grão-duque Renancius, dito o Calheirus, buscando derrotar o candidato Temérius, que normalmente seria favorito, por ser o seu grupo o mais numeroso, após a defecção de alguns ex-partidários do imperador. Mas Temérius vê o seu partido dividido. Três representantes do baixo clero aliaram-se, outros correm por fora e todos eles negociam com alguns hereges submetidos à Inquisição por seus malfeitos e ameaçados de serem excluídos da comunhão. Entre eles, um cardeal, Josephus Dircaeus, estigmatizado pelo tribuno Ropertus, que o acusou de várias bruxarias. Calcula-se na praça que a coisa toda custará caro até a fumacinha branca sair da chaminé e o povo exclamar (sem qualquer entusiasmo): ''Habemos papão!''. E depois, todos seremos amaldiçoados.
O caminho de Canossa
E já que estamos em clima de conclave, Josephus Dircaeus tomou o caminho de Canossa e apareceu na Folha de S. Paulo, imitando o imperador do Sacro Império Romano-Germânico, Henrique IV, que brigou com o papa Gregório VII. Deve ter arranjado um marqueteiro culto - o Josephus, não o papa. Sua Santidade proibira o imperador de nomear padres, abades ou bispos, episódio conhecido como a ''Querela das Investiduras''. Henrique não concordou, acabou excomungado em 1076 e proibido de governar.
O imperador, sem coroa ou insígnias, em traje de penitente, apresentou-se no ano seguinte, humilde e descalço, às portas de Canossa, onde Gregório estava. Após esperar três dias ao relento e em meio à neve, foi recebido, inclinou-se ante o papa e submeteu-se a ele. Assim foi - manso e humilde - o Dircaeus que a Folha ouviu domingo, doce, afável, mas observando que Ignátius estava a par de seus feitos.
Quem se impressionar com a humildade do personagem, deve ler o resto da História. Em 1084 Henrique IV nomeia Clemente III antipapa e toma Roma, Gregório VII refugia-se no castelo de Sant'Angelo e escapa da morte por um fio, até ser libertado por soldados muçulmanos (!). Não confiem nos arrependimentos de Canossa. A zorra dessa história toda lembra o Brasil. Ainda mais porque tudo acabou num grande acordão (a Concordata de Worms) entre o papa e o filho de Henrique IV.

terça-feira, setembro 27, 2005

Cardápio de conteúdos para dar mais sabor à taça

Embora teoricamente as mudanças no mundo do vinho sejam lentas, o setor tem se movimentado muito nos últimos tempos. Todo dia aparece produtores novos, regiões que despontam, métodos e conceitos inovadores. Enfim, não é nada fácil se manter atualizado no hoje tão dinâmico cenário vinícola do planeta.
Até que a Internet tem auxiliado bastante nessa tarefa, com um número grande de sites sobre o tema - mas, pelo menos para mim, nada substitui os tradicionais guias e revistas que o carteiro entrega regularmente na minha porta. Internet serve sobretudo para informações rápidas e na maioria das vezes superficiais. É o caso, por exemplo, da caça a pontuações alcançadas pelos vinhos.
Com o incessante aparecimento de novidades, para não comprar gato por lebre, é de grande valia saber quais rótulos e que safras valem a pena. No entanto, é sempre bom frisar, que essas avaliações se resumem à opinião individual de um crítico.
Enfim, vinho é um assunto muito amplo e cativante para ser resumido num simples número. Nenhum vinho, produtor ou região, chegou nem vai chegar a uma posição de destaque sem uma história interessante por trás. Da mesma forma, a par dela um vinho ganha outra dimensão. É por isso que não dá para beber passivamente um Barca Velha, tinto ícone de Portugal. O que é um Château Mouton Rothschild sem a figura do Baron Philippe? É indiferente ou é importante saber que se os produtores de Mendoza não tivessem aproveitado o efeito altitude os vinhos argentinos não teriam ficado tão bons? É mais provável, e confortável, posicionar-se a respeito através de uma boa revista de vinho do que diante da tela de um computador.
Existem boas publicações espalhadas mundo afora, algumas mais abrangentes outras mais específicas. Em países com grande presença de rótulos importados, como Inglaterra e Estados Unidos, é natural que todas as regiões vinícolas ali representadas sejam abordadas, dando um caráter internacional à revista. Não é o que ocorre em países produtores, onde o foco se concentra na produção local.
Antes de listar as revistas que eu assino e recomendo, cabe uma diferenciação entre as abordagens americana e inglesa. Essa distinção tem por base, lógico, as características específicas do público na Inglaterra e nos Estados Unidos: os primeiros, embora levem muito em consideração o preço da garrafa, têm um enfoque mais cultural, enquanto os americanos são mais consumistas e objetivos (e influenciáveis), preocupando-se mais com a pontuação de cada vinho. Isso explica porque tantas publicações inglesas são mais informativas e as americanas dão ênfase às notas.
Decanter (ver assinatura em www.decanter.com ):
Editada mensalmente é a mais importante e informativa revista inglesa, com grande credibilidade internacional. Aborda, sem discriminações, todas as regiões vinícolas do planeta através de colaboradores especializados nos assuntos. Um de seus principais editores é Steven Spurrier, nome de grande prestígio no setor. Entre seus colunistas estão os conhecidos Michael Broadbent e Hugh Johnson. Apresenta todo mês dois painéis de degustação cobrindo exaustivamente o tema.
The World of Fine Wine ( www.finewinemag.com ):
Bimensal inglesa é mais elitizada do que a Decanter, até porque ambas têm artigos assinados pelos mesmos colaboradores. O presidente do conselho editorial é Hugh Johnson e traz outras figuras de peso como o australiano Len Evans e o francês Michel Bettane.
Wine Spectator ( www.winespectator.com ):
Eu preferiria nem comentar, mas tenho obrigação de fazê-lo. Aqui tudo indica que quem anuncia tem regalias. Seu ranking dos 100 melhores do ano serve para os americanos se vangloriarem e acharem que têm vinhos melhores do que o resto mundo.
Wine Enthusiast ( www.wineenthusiast.com ):
Cópia piorada da anterior.
Wine & Spirits ( www.wineandspiritsmagazine.com ):
Revista mensal que prova que os americanos podem ser bem representados. Dá espaço para o que acontece nos Estados Unidos, mas tem caráter internacional.
Wine Advocate (wineadvocate@erobertparker.com):
Fundada há 25 anos, é publicação bimensal editada pelo influente crítico americano Robert Parker. Está focada em avaliações de vinhos, onde, embora as pontuações sejam acompanhadas de comentários, todos se interessam mesmo é pelas notas.
Revue de Vin de France (larvf@presse-info.fr):
Mesmo com algumas falhas, é a mais tradicional e informativa revista de vinhos da França. Ainda é cedo para dizer se a saída de Michel Bettane, o mais importante nome da imprensa do setor no país terá implicações, mas de qualquer modo é praticamente a única publicação regular francesa sobre o assunto.
Bourgogne Aujourd´hui ( www.bourgogne-aujourdhui. com ):
Bimensal para que quer ficar atualizado com a Borgonha.
The Burgundy Breafing ( www.sarahmarsh.com ):
É na verdade uma newsletter eletrônica bimensal, que é melhor imprimir para ler com mais calma e arquivar. Para os aficcionados da Borgonha vale a pena para, principalmente os que seguiam a publicação The Vine. Depois que seu autor, Clive Coates, ficou um vazio, agora preenchido por sua seguidora, Sarah Marsh.
Gambero Rosso ( www.gamberorosso.it ):
Embora a seção dedicada a vinho seja menor do que a de culinária/gastronomia, é a revista de vinho mais interessante da Itália. Até porque é da mesma editora do melhor guia de vinhos do país.
Revista de Vinhos (assinaturas.mce@mcall.pt):
Melhor revista de vinhos de Portugal. Imperdível para quem se interessa em saber tudo que se refere aos vinhos portugueses. Mensal.
Winestate ( www.winestate.com.au ):
A Austrália tem várias revistas de vinho, mas esta é a mais recomendada. Dá um bom panorama do que acontece no país, com bons artigos e painel de degustação.
Guia Peñin Sibaritas (peninmagazine@pi-erre.com):
É a revista bimensal de José Peñin, autor do melhor guia de vinhos da Espanha.
VitiViniCCultura ( www.vitiviniccultura.com ): É não só a melhor revista de vinhos do Chile, como tem uma qualidade de conteúdo e padrão gráfico de fazer inveja a outros países, em particular à Argentina que não tem nada. Mostra a importância com que o vinho é encarado no país. O fato de ser editada em espanhol e inglês, indica que a idéia é mesmo mostrar o Chile no exterior.

segunda-feira, setembro 26, 2005

O avanço do poder grisalho no mercado brasileiro

Não é preciso ir fundo nos dados demográficos para se constatar que o Brasil está envelhecendo. A geração que fez dos anos 60 um espaço de imaginação e contestação entra no novo milênio como representante de um novo poder, o "poder grisalho". Experientes e pragmáticos, eles se beneficiam atualmente de uma combinação de afluência material e avanço do conhecimento, jamais acessíveis a outras gerações. Como utilizarão isso em suas vidas pessoais e profissionais é a questão que aqui levanto. Antes, contudo, é importante percorrer o "background" deste cenário.
Hoje, os indivíduos com 60 ou mais anos de idade totalizam cerca de 15 milhões de pessoas, ou 9% da população brasileira, de acordo com os dados do IBGE. A tendência é de que esse número, pelo menos, dobre nos próximos 20 anos. Trata-se de uma mudança significativa na estrutura etária do país, se considerarmos que na década de 40 os "sessentões" representavam apenas 4% dos brasileiros. A perda de participação dos jovens no desenho demográfico foi motivada, em parte, pela redução dos índices de natalidade a partir dos anos 80, e pela diminuição da taxa de fertilidade com impacto no próprio tamanho das famílias brasileiras. As mulheres da década de 60, por exemplo, tinham em média 6,2 filhos, enquanto atualmente não passam de 2,3 - especialmente aquelas com nível elevado de instrução.
Outro fator está no aumento da expectativa de vida - um fenômeno mundial - que aqui no Brasil saltou de 46,3 para 71,3 anos de idade em menos de meio século. Resultado direto de um rápido processo de urbanização e da melhoria de serviços de primeira necessidade, como saúde e saneamento básico, e não propriamente do desenvolvimento social. Os avanços no campo da medicina, da nutrição e da própria tecnologia fizeram despontar indivíduos maduros com muito mais vigor, preparo e disposição para assumir os desafios que a sociedade moderna e o mercado de trabalho apresentam atualmente. Apesar de o culto à juventude ainda predominar no "show business", na moda e na publicidade, o poder grisalho vem ganhando seu espaço.
No Brasil, trata-se da geração "baby-boomers", indivíduos nascidos durante o pós-guerra - época que coincide com a volta dos soldados para casa e a explosão dos índices de natalidade. Hoje, estão na casa dos 60, mas aparentam lá seus 45 anos de idade - resultado do chamado "efeito dos 15 anos a menos", que acompanhou este processo de envelhecimento da população brasileira nas últimas décadas. São, em sua maioria, as pessoas que viveram em um ambiente marcado pela expansão do mercado de consumo de massa - a televisão foi seu maior ícone -, do acesso à cultura e à gestão do conhecimento.
É fato que a geração dos "baby-boomer" tem as melhores condições - em tese, por já ter vivido mais, criado sua família e obtido a tão sonhada independência financeira - de fazer o papel de mentores dentro do ambiente corporativo. São eles que, por meio da experiência, dão o tempero e o equilíbrio ideal que uma empresa formada por jovens executivos ambiciosos precisa. Sua contribuição para o amadurecimento das organizações brasileiras é indiscutível.
É por essa razão que a demografia guarda uma íntima relação com a qualidade do processo de 'mentoring' (transferência de aprendizado) nas empresas. Não são apenas profissionais mais vividos em posições de destaque, premiados por seus longos anos de entrega ao ofício. Trata-se de verdadeiros conselheiros, de quem se espera a nobre missão de liderar e partilhar o conhecimento com seus aprendizes. Partem dos mentores a integridade psicológica e o estímulo constante que irão atenuar as crises e revelar o que os subordinados têm de melhor para dar.
Segundo pesquisas recentes, 35% dos colaboradores importantes que não recebem 'mentoring' regularmente dizem que pretendem procurar emprego dentro de um ano. Na árdua missão de descobrir e reter talentos, o objetivo do mentor, entretanto, não é simplesmente o de propiciar o aprendizado, mas também o de promover melhor desempenho, produtividade e eficácia. Obviamente, há mérito em aprender por aprender. Mas no mundo atual dos negócios, em que imperam margens pequenas, deve-se aprender em nome de resultados.Por outro lado, o verdadeiro objetivo de 'mentoring' não é controlar. O controle implica fechamento, término, chegar a um destino. No mundo atual de constantes mudanças, a meta do mentor é dominar conhecimentos, uma jornada interminável e sempre expansiva de crescimento. Tal idéia sugere que o relacionamento, muitas vezes, é mais importante que a meta, e o processo costuma ser também mais valorizado que o próprio resultado. Neste contexto, a transferência de aprendizagem e a experiência são os poderes principais de contribuição que o profissional "sessentão" tem a seu favor, em meio a uma percepção geral equivocada de que lhe carece um papel nas companhias modernas.

sexta-feira, setembro 23, 2005

Morte e vida Severino

A coluna de hoje vem com trilha sonora: "Já vou embora, mas sei que vou voltar, amor, não chora, se eu volto é pra ficar". Desculpa fazer isso com a tua música, Geraldinho - aliás, é uma das mais bonitas. Mas lá se vai o Severinho. Lá se vai minha inspiração. Enquanto o Vinicius tinha a Helô, eu tenho o Severinho, o Marcos Velório, o Dilúvio, o Jefferson, o Ingenoino, o Lula, o Zé Desceu… Como são as coisas. Eu tenho que ficar olhando para a poupança do Severinho. Enquanto ele tinha a garota de Ipanema, eu tenho a Patota de Diadema, de São Bernardo, do ABC… (nada contra Diadema, é que não consegui outra rima). Não dá pra ser poeta assim. Até tentei, mas olha no que deu a Patota de Diadema:
Olha que coisa mal vinda mais feia desgraça,
É essa propina, que vem e que passalevando o balanço a caminho do mal
Moços das contas douradasdo ABC a Diadema
Esses maus deputados são o nosso problemadesde a Casa da Dindaa mão querem passar
Ah, por que tem mensalinho?
Ah, por que tudo é tão triste?
Ah, a pobreza que existe
A pobreza que não é só minhae que não passa sozinha.
Ah, se eles soubessem que enquanto eles roubamo mundo inteirinhos e enche da graçae só fica rindopor causa do humor,por causa do humor...

quarta-feira, setembro 21, 2005

Adeus às armas (e já contaram para os bandidos?)

O texto a seguir está circulando na internet: ''Há muitos equívocos sobre o Estatuto do Desarmamento. Ele não proíbe a posse de arma... Apenas dificulta a obtenção da mesma. Existem duas coisas: o registro e o porte da arma. O registro é apenas quando a arma fica no domicílio e o porte quando a pessoa está autorizada a 'andar' armada pelas ruas... No primeiro caso, todos maiores de 25 anos podem ter armas, tendo apenas que registrá-la de tempos em tempos. Nesse caso as armas terão que ficar em casa! Existem pesquisas que indicam que a grande maioria das ocorrências fatais com armas de fogo são oriundas de acidentes domésticos... Só para finalizar, já houve um declínio de 8,2% no número de mortes desde que a campanha começou...''.
O texto afirma que o estatuto do desarmamento apenas dificulta a obtenção da arma. Ela não ''dificulta'', simplesmente proíbe o comércio legal de armas, o que cria uma dificuldade inexistente para bandidos e malfeitores, que não serão afetados e não terão o menor problema em se abastecer de armas, incluindo as pesadas de todo tipo, até granadas e mísseis.
E o cidadão comum, onde vai se armar? Ainda mais num país que tem uma polícia declaradamente ineficiente (experimente discar 199, emergência policial e ver se ela estará em sua casa em minutos). Nos últimos dias, no Rio, vários cidadãos conseguiram localizar automóveis roubados, usando detectores com GPS e apelaram para a Polícia Militar, que os mandou para casa afirmando que não agiriam por tratar-se de lugares ''muito violentos''. Durma-se com um barulho desses.
Se vai ser proibido comprar armas legalmente como será possível registrá-las? Os bandidos não têm o menor problema nisso e o resultado é que vamos passar a ter um segundo mercado ilegal: o do tráfico de armas, primo-irmão do de drogas. Criaremos mais uma ilegalidade que vai ampliar a corrupção e o banditismo. Ou alguém duvida que isso vá acontecer? Agora, além de boca de fumo, os traficantes vão abrir bocas de armas, os contrabandistas vão encher as burras de dinheiro e, conseqüentemente, a polícia e até alguns militares corruptos vão faturar alto, mais um Mensalão na praça, que se somará ao dos bicheiros e traficantes.
Lembram quando era proibido importar computadores? Comprava os meus na Rua de Santana. Batia numa porta, dava uma senha e depois de checado entrava numa oficina onde os computadores eram montados na minha cara, de acordo com o que eu quisesse, tudo made in Coréia. Funcionava igualzinho a qualquer clínica de aborto desta cidade, coisa que, aliás, é proibida, mas que a polícia está careca de saber onde funciona e até os nomes dos médicos ''responsáveis''. Era precisava comprar computador no contrabandista porque os fabricantes ''legais'', protegidos pela reserva de mercado, cobravam preços pornográficos por micros vagabundos e geralmente clonados de velhos modelos estrangeiros e feitos também com peças contrabandeadas, mas enchendo os bolsos de alguns maganos oficiais que lhes davam monopólio.
O mesmo ocorre com os softwares, vendidos livremente nas calçadas da Av. Rio Branco. Quem for mais velho em redação de jornal do Rio se lembrará do Danilo, nosso contrabandista de uísque. Ele vendia Old Stroessner, que era como a gente chamava o uísque dele, para gozá-lo, pois era ''importado'' do Paraguai, quando não destilado em Ypacaraí. Até hoje os sacoleiros que atravessam a Ponte da Amizade em hordas só transportam bebidas, cigarros, eletroeletrônicos e coisas assim. Se o estatuto for aprovado (e tudo indica que o será por este povo manipulado), podem ter certeza de que haverá sacoleiros com ''32'' e ''trezoitões'' nas bagagens e aí é que ninguém vai mais controlar nada. (A seguir: Armas e responsabilidade)

terça-feira, setembro 20, 2005

Sílvio Lach: A volta dos Lach

É impressionante a quantidade de Silvios que cabem dentro da minha cabeça. São tantos que, hoje, uma simples pergunta pode me causar uma verdadeira revolução interna. Sério! Não tenho mais certeza de nada, ou melhor, não temos. Por exemplo, se você me perguntar se o Lula sabia de tudo, vou ter que responder como um instituto de pesquisa: 40% dos Silvios acham que sim; 25% acham que não; 15% acham que talvez; 10% não souberam responder; e 10% votaram nulo ou em branco.
Quer dizer: a pergunta foi para segundo turno e os Silvios, neste exato momento, estão em uma campanha feroz para ver quem tem razão. De um lado a coligação Lulalach, reunindo os Silvios que, de alguma maneira, ainda simpatizam com o Lula ou que acham que político é tudo a mesma coisa, gritando que o "Honesto de hoje, é o corrupto de ontem e o desonesto de amanhã". E do outro, a coligação Corra Lula, Corra, reunindo os Silvios que acham que já está mais do que na hora do Lula Thomas Nonô…, melhor dizendo, se mandar. Ficam azucrinando a minha cabeça com a recriação do jingle petista "sem medo desse infeliz" e o slogan "Um Brasil de tolos".
Não tenho a menor idéia de qual Silvio está certo. O Silvio que sempre votou no Lula não quer dar o braço a torcer. O Silvio que está cansado de ser enganado já quer mudar o nome da coligação para Morra Lula, Morra. O Silvio Sonhador ainda espera aparecer uma denúncia bombástica provando que esse esquema vem desde outros Fernandos. O Silvio Diet não quer que acabe em pizza. Já o Silvio Ecológico morre de medo de Serra.

segunda-feira, setembro 19, 2005

ITAIPAVA FOLIA TRAZ TERRA SAMBA

O grupo baiano apresenta novo cd na micareta em Itaipava, no próximo sábado.
Os ingressos ainda estão à venda para o Itaipava Folia 2005 que promete esquentar Itaipava no próximo dia 24, no Espaço Itaipava. Os valores variam de acordo com o local escolhido para assistir ao show. O público pode optar pela pista, com valor único de R$ 30, pelo Abadá Savana R$ 70, masculino e R$ 50 feminino e pelo Camarote Zapata, masculino R$ 100 e feminino R$ 70. Quem anima a noite é o grupo Terra Samba que apresentará repertório inédito do novo cd É só Alegria.Além de surpresas exclusivas que o Itaipava Folia promete aos foliões, haverá, ainda, DJ Kekey (Transfolia Transamérica), DJ Danadão (Axé) e Companhia Tremedeira Show com show durante toda a noite antes e depois do Terra Samba, prometendo trazer a Bahia até Itaipava. A pista oferecerá uma grande área, contando com segurança, praça de alimentação e banheiros. O abadá dá direito ao público de se posicionar em frente ao trio elétrico e no camarote terá espaço para 500 pessoas. O evento terá 8 horas de programação musical, com um trio elétrico de 23 metros montado sobre uma carreta, que ainda dispõe de um palco de 30 metros quadrados, banheiros e área vip para convidados.A grande atração da noite traz os percussionistas e pesquisadores musicais Mário Ornellas e Edson Souza, que fizeram parte do Gerasamba, que durante vários anos foi o mais popular grupo de samba nos bares e clubes de Salvador. Em 1991, eles resolveram seguir carreira e formaram o Terra Samba, uma denominação que sempre existiu simultaneamente ao Gerasamba e cujo registro pertencia a Mário Ornellas.O primeiro disco gravado em 1989 já se chamava Terrasamba. Era um long-play com vários sambas tradicionais da Bahia, especialmente pot-pouri com sambas-de-roda do Recôncavo. A sua trajetória de popularização começou com o sucesso Vá Pra Casa Corno (Riachão-Ninha) e segundo Mário Ornellas, as apresentações no Lagoa Mar (bar da orla de Salvador) foram decisivas para a divulgação do grupo.Em 1994, com a saída do vocalista Diumbanda, entrou Reynaldo Nascimento. Isso foi muito importante, pois ele possuía uma grande simpatia popular e uma ampla experiência profissional. A trajetória definitiva do Terra Samba começou com o primeiro CD, em 95 foi lançado o Terra Samba Faz Bem, depois Deus é Brasileiro de 96 e Liberar Geral do ano seguinte.O grupo virou mania nacional. Além de apresentações esgotadas, o conjunto recebeu a confiança da crítica e foi apontado como o Grupo Revelação de 1998. Recebeu ainda o prêmio Melhor Show de 98, pelo canal Multishow / Globosat. Nessa época o grupo passou a intensificar a sua carreira internacional.Em 2004 o cd Show do Terra Samba mostrou um repertório não só do grupo como também grandes sucessos de outros artistas consagrados, a exemplo de: Malandragem, Palpite e Sonífera Ilha. Agora chegou a vez do Cd É só Alegria. Ele vem cheio de expectativa, com músicas inéditas.Os portões do Espaço Itaipava serão abertos às 22h. Até 01h10, terá a apresentação do DJ Danadão, em seguida a Cia Tremedeira Show se apresenta. Às 2h terá início o show do Terra Samba, que permanece no palco até as 3h50 e depois a festa continua com os DJs Kekey e Danadão. Às 6h termina o evento. Em Itaipava os convites podem ser adquiridos nos Supermercados Bramil e na loja Flying - Shopping Vilarejo..

sexta-feira, setembro 16, 2005

Os tipos de cheque

Já que os cheques voltaram a dar o que falar, estamos lançando aqui na coluna a nova versão dos tipos de cheque. Só não coloquei o Cheque Lach para não deprimir os amigos leitores.
Cheque Zé Desceu:
Esse cai rapidinho.
Cheque Esperto Jefferson:
É um novo tipo de pré-datado. Bom só para 2015.
Cheque Ingenoíno:
Esse não bate mais.
Cheque PT:
É aquele que perdeu todas as estrelas.
Cheque Severinho:
Está sendo processado.
Cheque Maluf:
Esse dá cadeia.
Cheque Sushiken:
Esse tem fundo. De pensão.
Cheque Carlos Rodrigues:
Esse volta, com certeza.
Cheque Mabel:
É aquele que você não vê rosca.
Cheque Lula:
Dois anos depois você descobre que ele não compensa.
Cheque Gabriela Kênia:
É aquele que você não recebe nem depois de morto.
Cheque Buana:
Paga na hora mas só desconta um ano depois.
Cheque Flamengo:
Cai na segunda.

quinta-feira, setembro 15, 2005

Tão reclamando de barriga cheia

Ser gordo me ajuda muito a entender os problemas do país. Por exemplo: eu entendo o que o Severinho deve estar passando. Sei muito bem o que uma pessoa sente quando é acusada sem provas. Exemplo: elevador lotado. Alguém peida. Quem leva a culpa? Eu, o gordo. Fica todo mundo no elevador com aquela cara de quem comeu e não peidou. E olhando pra mim com ar de reprovação. Ninguém apresenta fatos que comprovem os flatos. Cadê o depoimento do seu Manel do botequim, provando que no dia do ataque com gases tóxicos no elevador eu tinha exterminado três ovos rosa? Cadê, hein? E os exemplos não param por aí. Quando a cadeira quebra, foi o gordo. Quando deixam um torpedeiro boiando na privada, foi o gordo. Quando acham resto de salgadinho no tapete, foi o gordo. O gordo é uma espécie de Dilúvio Soares do mundo: a culpa de tudo que acontece é sempre dele e de mais ninguém.
Por ser gordo também entendo a política econômica do governo. Até porque eu sou que nem dívida: tô sempre engordando. Se você pensar bem, peso é que nem juros: sobe muito rápido e demora um século pra descer. Outra coisa que eu descobri é que, assim como a economia, o gordo também tem problema de balança comercial. Sério! Sempre que um gordo se pesa na rua, diz que a porcaria da balança está estragada. Boa é a balança de casa, que está dando dois quilos a menos. Na verdade, a política econômica é uma coisa muito simples de entender: para não ter problemas na balança comercial, basta que a importação seja menor que a exportação. Indo no popular: o que você bota pra dentro tem que ser menor do que o que você manda pra fora, entende? Como o Palocci, eu também estabeleci o meu superávit primário quando comecei regime. Tinha que perder 10 quilos em 2005, nem que para isso eu tivesse que cortar mais um pouquinho daqui e dali.
A obesidade também me ajuda a entender um pouco mais o que acontece nas CPIs. Parece gordo explicando pra mulher que não tem problema nenhum sair do regime de vez em quando: "Pô, amor, bem que podia rolar uma pizza hoje à noite, hein? Só umazinha, não agüento mais esse regime…".

terça-feira, setembro 13, 2005

Já que este país é uma zona

Brasília está uma sacanagem só. É um pau na poupança de um, dois paus na poupança do outro, mão naquilo, aquilo na cueca, bota no caixa dois, tira, bota, tira, mais, mais, é carequinha pra cá, carequinha pra lá, oh, God!!! Só podem estar gozando comigo. Isso não é um país, é uma zona. Aliás, é uma zona tão grande que eu acabei nem me apresentando. Muito prazer, meu nome é John Tex, o repórter pornô, e estarei escrevendo aqui, dos anais de Brasília, para a coluna do Silvio Lach. Não sei se vai ser bom pra você, mas vamos lá.
O grande festival de filmes pornôs que assola Brasília continua fazendo o maior sucessão. Esta semana entraram em cartaz os filmes Os 10 paus de Severinho, Vamos colocar este membro pra fora e Vou abrir minha boquinha. É mole? E o Buana assumiu que andou dando para o Severinho Cavalcanti. Aliás, disse que dava dez por mês. Isso, com uma mulher daquelas em casa. Vai pra casa, Buana!!! O Severinho, por sua vez, jura que nunca teve nenhuma transa com o Buana, apesar de apreciar muito a cozinha dele. Diz que ele não é homem de ficar colocando a mão num volume tão pequeno e que os documentos que o Buana apresentou não dão nem pro começo. Você engole essa ou cospe? Já a oposição resolveu endurecer com o Severinho. Querem colocar o membro para fora de qualquer jeito. Severinho já avisou que não aceita ficar nessa posição. Se vierem meter o pau, ele abre a boca. Bocão!!! E se o Severinho resolver cair de boca o que não vai faltar é membro caindo. Oh, no!!! Sem falar que se o Severinho cair quem entra no lugar é o Thomas Nonô. Thomas aonde? Depois não querem que eu seja pornô. Pior foi o Zé Alencar, que disse ser fiel ao Lula mas que está pronto para assumir. Que porra é essa?! O vice resolveu sair do armário. Assim não dá.
Oh, God!!!

segunda-feira, setembro 12, 2005

NOVAMOSANTA

Já está dando frutos a aproximação da ong Novamosanta com autoridades municipais. A Secretaria de Obras está fazendo manutenção permanente na Estrada Correa da Veiga, em Santa Mônica, o que tem facilitado o escoamento dos produtores de agricultura orgânica da região. Também foram realizados trabalhos de restauro do teto e do sistema elétrico da escola pública Celina Schechner. Na estrada do Sumidouro, que há muito tempo não tinha manutenção, vários pontos estão sendo consertados e restaurados.

sexta-feira, setembro 09, 2005

Este país me deixa doente

Não tem nada pior que ser hipocondríaco num país que não tem remédio. Este país está me deixando cada dia mais doente. Sério! A única coisa que eu não tenho faz tempo é diarréia. Afinal, essa merda aqui não está mole não. A minha mulher insiste em que eu não tenho nada, que sou só um maldito hipocondríaco. E talvez ela não deixe de ter até uma certa dose de razão. Abro a carteira, nada. Abro a geladeira, nada. Abro os armários da cozinha, nada. Fiz até alguns exames para saber o que eu tenho, mas todos deram negativo. Examinei o saldo da conta, negativo. Examinei o cartão, negativo. Examinei um empréstimo, negativo. Examinei os classificados em busca de emprego, negativo, negativo, negativo. Não é à toa que meus problemas de cálculo só fazem piorar. Nem calculo mais. Esta falta de dinheiro não tem me feito nada bem. Tenho andado na rua com aquela sensação de queimação horrível o dia inteiro. E não é para menos: tô queimado na padaria, no açougue, na mercearia, no botequim do Seu Manel. Só Deus sabe o mal-estar em que eu fico, mas azia. Fazer o quê? Para piorar a situação, ainda fui pegar bicho-de-pé. Que sensação horrível!!! Desde que eu peguei empréstimo com uns agiotas que os bichos não saem mais do meu pé. Só não digo que sou um ser imprestável porque ninguém me empresta mais um tostão. O mais dramático é que os meus problemas estão deixando a família inteira contaminada. A patroa está com a conta minada. Meu filhos estão com as contas minadas. Deve ser por isso que chamam de conta corrente: o meu dinheiro mal entra, já sai correndo. A coisa que eu mais queria hoje era ser o Lula. Imagina que maravilha: não ter que falar em crise e ainda poder dizer que a economia nunca esteve tão bem.

quinta-feira, setembro 08, 2005

O 'ão' nosso de cada dia

Comissão, sucessão, cassação, inflação, deflação, delação, corrupção, situação, oposição, acusação, negação, investigação, cuecão, mensalão, votação, licitação, extorsão, acordão, desfiliação, sonegação, fundos de pensão, investigação, concessão, milhão, bilhão, expulsão, televisão, informação, exploração, armação, negociação, frustração, decepção, depressão, domingão do Faustão, furacão, destruição, depredação, omissão, falta de explicação. Não sei vocês, mas eu ando meio de saco cheio de tanto ''ão''. Até porque, na minha vida real, sempre gostei mais de um ''inho'', de um ''inha''. Um carinho, tomar um vinho, um chopinho, um cafezinho, uma caipirinha, pegar um cineminha, dar umazinha, uma dormidinha, um churrasquinho, a vizinha, uma prainha, um baralhinho, uma porrinha, gol do Ronaldinho, do Robinho, chorinho, inferninho, meus filhinhos, minha mulherzinha.
É lógico que tem exceção: seleção, feriadão, mengão, diversão, inspiração, Adegão, Porcão. Assim como, por outro lado, também tem Rosinha, Garotinho, Ratinho, mensalinho, camisinha, flanelinha e o meu salariozinho.

quarta-feira, setembro 07, 2005

E na cozinha, não vai nada?

Eu vou ter que sair em defesa do Severinho. Não é propina o que dizem que ele recebe do dono do restaurante da Câmara. É no máximo uma ''receita do chefe''. Na verdade, tudo isso não passou de um gigantesco mal-entendido. O culpado é o garçom do Fiorella, onde Severinho era cliente fiel. Por exemplo: sempre que o presidente da Câmara queria comer um feijãozinho, o garçom gritava para a cozinha: ''Sai o tutu do Severinho''. O mesmo acontecia quando ele pedia uma carne seca. O garçom, na sua inocência, cobrava aos berros do cozinheiro: ''Cadê o jabá do Severinho?'' O mal-entendido ainda era maior com a sobremesa. O Severinho era louco por mil-folhas. Levava sempre umas dez para casa. O garçom, com aquela mania desagradável de abreviar tudo, saiu com a pérola: ''Sai 10 mil pro Severinho, é pra viagem''. Não é à toa que, depois disso, o Severinho foi para Nova York. Mas tenho relatos de que o mesmo já cansou de acontecer com outros parlamentares. Quando o ACM pediu um filé, o garçom mandou essa para a galera da cozinha: ''Olha o mal passado do ACM!'' O Zé Desceu também passou por isso quando pediu um simples peixinho grelhado. ''Sai a truta do Zé Desceu!!!'' Quando o FHC, ainda presidente, pediu um pastel de carne para ser entregue em seu gabinete, o garçom caprichou: ''Olha o pastel do FHC viajando!!!'' O cardápio do garçom é extenso, com destaque ainda para pedidos incríveis, como a pamonha da Rosinha, a língua do Jefferson, o escondidinho do Ingenoíno, a batata assada do Sushiken, a conta do Marcos Velório, a saideira do Lula. Mas dizem que a melhor de todas aconteceu quando a Heloísa Helena apareceu de vestido no Fiorella e pediu um salgadinho. O garçom, em seu momento de maior inspiração, mandou assim: ''Olha a coxinha da Heloísa Helena!!!'' Aliás, é a maior maldade ficarem dizendo que o prato que o Severinho mais gostava no restaurante da Câmara era o tutu. Até porque ele também adorava o jabá. Não seria melhor a ala majoritária do governo chamar o movimento de Refundamento do PT de Reafundamento do PT? Agora dizem que a Veja pagou propina para saber da propina do Severinho. E se o Severinho cair, entra em seu lugar o Thomas Nonô. Sempre achei que falta um sobrenome aí. Thomas Nonô aonde?

terça-feira, setembro 06, 2005

Brasil do Robinho x Brasil do Roubinho

Depois da vitória do Brasil do Robinho em Brasília e de mais uma derrota do Brasil do Roubinho em Brasília, achei mais do que coerente republicar este texto que saiu em junho. É lógico que devidamente aumentado:
O Brasil do Robinho joga bola. O Brasil do Roubinho pede bola. O Brasil do Robinho joga de amarelo. O Brasil do Roubinho joga de laranja. O Brasil do Robinho tem comissão técnica. O Brasil do Roubinho tem comissão parlamentar. O Brasil do Robinho só tem craque. O Brasil do Roubinho só tem escroque. O Brasil do Robinho tem patrocínio. O Brasil do Roubinho tem latrocínio. O Brasil do Robinho tem o Adriano trombador. O Brasil do Roubinho só tem trombadinha. O Brasil do Robinho fica feliz com Gol. O Brasil do Roubinho fica feliz com Land Rover. O Brasil do Robinho tem um ótimo banco de reservas. O Brasil do Roubinho tem ótimas reservas no banco. O Brasil do Robinho ganha no campo. O Brasil do Roubinho ganha no Rural. O Brasil do Robinho tem Kaká. O Brasil do Roubinho só tem caquinha. O Brasil do Robinho tem o quadrado. O Brasil do Roubinho tem a quadrilha. O Brasil do Robinho tem Dida. O Brasil do Roubinho tem Duda. O Brasil do Robinho dá gosto. O Brasil do Roubinho dá gasto. O Brasil do Robinho tem gente que defende o Real. O Brasil do Roubinho tem gente que rouba o Real. O Brasil do Robinho tem seleção. O Brasil do Roubinho tem cassação. O Brasil do Robinho tem Cafu. O Brasil do Roubinho tem Tafu. O Brasil do Robinho vai bem desde o início. O Brasil do Roubinho vai mal desde o Inácio. O Brasil do Robinho vai para a Alemanha. O Brasil do Roubinho vai para as Bahamas.

segunda-feira, setembro 05, 2005

REGRA MINEIRA PARA RESOLVER PENDENGA

Um rico advogado paulista, famoso na capital, gostava de caçar nas férias. Estava fazendo tiro ao pato numa região de lagoas, em Patos de Minas. Um dos patos que ele alvejou caiu do outro lado de uma cerca de arame farpado. Sem ver vivalma por perto, pulou a cerca e, quando avançava pela propriedade,apareceu um velho dirigindo um tratorzinho, em sua direção. - Moço, isso aqui é terra particular. Cê pode ir vortano. - Mas é que eu atirei naquele pato, ele caiu aqui; só vim pegá-lo. - Pode vortá. Caiu aqui, é meu. - Olha, meu senhor, sou um influente advogado. Posso meter-lhe uns 15 processos, questionar o seu direito de propriedade, avocar o foro para São Paulo e o senhor vai à falência só de tanto que vai ter que viajar para lá. Vou acabar por lhe tomar esta fazenda. O senhor não me conhece. Não sabe do que sou capaz. O velho assume um ar entre preocupado e amedrontado e argumenta: - Peraí, sô. Pur quê que a gente não arresorve a questão usando a regrinha minera pra arresorvê pendenga? - Como é isso? - É assim: eu dou três chutes nocê. Depois ocê dá três chutes ni mim. Quem guentá mais caladim, quem gritá menos, ganha a pendenga. O jovem advogado avalia aquele velhote franzino e, por curiosidade e pelo vício de ganhar disputas, resolve topar. - Eu, qui sô mais véio, chuto premero. O advogado concorda. O velho salta do trator e só aí o advogado vê asbotinas duras de pneu que ele estava usando. Mas raciocina: "Mesmo com essas botas,é um coroa franzino; eu agüento e depois acabo com ele no primeiro pontapé". O primeiro chute do velho é bem no saco do advogado, que se curva e se ajoelha gemendo. O segundo pega bem no nariz e o rábula se estatela no pasto,lacrimejando e mordendo os lábios para não urrar de dor. O terceiro pegou nos rins e o advogado, mesmo se quisesse, não conseguiria gritar. Sequer consegue respirar,tamanha a dor. Passam alguns segundos de agonia, no entanto, e ele começa a se recuperar. Põe-se de pé e ameaça: - Agora pode ir rezando, vovô, que eu sou faixa marrom de karatê e vou desmontar o senhor só com um chute na testa. - Num carece não. Eu disisto da pendenga. Reconheço que pirdi. Pode pegá seu pato.

sexta-feira, setembro 02, 2005

Mega-Sena acumulada

É impressionante como a gente passa a se conhecer melhor em semana de Mega-Sena acumulada. Geralmente o meu raciocínio segue sempre as mesmas fases:
Fase 1: O bondoso
É aquela fase em que você começa um bate-papo com Deus mostrando como ele acertou na hora em que resolveu te colocar no mundo. Você é diferente dos outros. É humilde e bondoso. Veio à Terra com a missão de ajudar os que mais precisam. Mentalmente, começa a fazer suas grandes ações: abre hospitais, asilos, creches, instituições de caridade Na verdade, esta é a fase em que tenta corromper Deus, mostrando que, se você ganhar, ele leva 50%. Parte para a segunda fase já só com metade da sua fortuna.
Fase 2: O 'família'
É aquela em que você resolve que vai tirar a família da merda. Dá R$ 5 milhões para os pais, R$ 1 milhão para cada irmão, ajuda os avós, alguns parentes que estão no aperto, reserva um fundo de caixa para ajudar os amigos Sua generosidade está te levando à falência. Pobre de novo, parte para a terceira fase.
Fase 3: O administrador
Nesta fase você começa a voltar a ser você mesmo. Resolve que o melhor é ninguém saber que ganhou sozinho, principalmente a sua esposa, que vai querer levar 50% de tudo e depois viver feliz com um garotão de 20 anos em Aruba. Entra em negociação com Deus e diminui a comissão dele para 15%. Com os 85% restantes, monta um caixa 2 protegido dessa cambada de parentes e amigos interesseiros que só estão de olho no seu dinheiro. Mas de que adianta ter dinheiro e não poder gastar com mulheres, vícios, viagens e jogos? Quanto vocês querem para me deixar em paz? Pra que R$ 10 milhões, R$ 5 milhões já é muito, toma R$ 2 e meio, divide com seus irmãos e traz troco. Fui!!!
Fase 4: O culpado
Será que Deus vai ficar revoltado porque eu quebrei o acordo? ''Ah é, só me deu 10%? Então toma esse câncer de próstata, seu traidor''. E quem vai cuidar de mim? Eu quero a minha mãe!!! Minha mulherzinha!!! Não me deixem só!!!
Fase 5: O sortudo
Pô, ainda bem que eu não ganhei.