quinta-feira, agosto 11, 2005

Mau humor

Eu sou novo nesse negócio de escrever humor. E talvez por isso ainda sofra tanto. Eu me sinto como aqueles catadores de comida, restos e objetos quebrados no lixão. Fico esperando de madrugada os caminhões descarregarem todo aquele lixo repugnante do dia anterior, ainda fresquinho, para de lá tirar o alimento e os materiais para a minha coluna diária. Acho um pedaço velho de pizza, o bagaço de um dos laranjas podres do Esperto Jefferson, um resto estragado de Lula, umas migalhas do pastelão que rola no Congresso, uma porção de pamonhas. Tutu que é bom, nada. Acho também as sobras de legumes e frutas podres a partir das quais preparo cuidadosamente minha pouco apetitosa salada: uma porção de abobrinhas que os políticos falaram, os pepinos que o Dilúvio Soares deixou, o abacaxi do Zé Desceu, o resto das batatas que foram assadas pela crise e a banana que eles sempre dão pra gente. Volto para casa, coloco essa nojeira toda num prato e, mesmo fedendo horrores, como sem lavar ou esquentar. E aí vem o mais cruel: transformar a dor de barriga em riso, o estômago embrulhado em piada e a vontade de vomitar num texto engraçado.
Hoje eu não consegui. Azia. Mas amanhã eu sei que vou estar melhor.

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