segunda-feira, junho 25, 2007

Eventos realizados em Itaipava estão sendo repudiados pelos comerciantes, moradores e turistas

Empresários, moradores e freqüentadores de Itaipava estão revoltados e criticam a realização de eventos como os recentes shows de axé (micareta) e o Tuning Show, que levaram centenas de pessoas ao Espaço Itaipava e trouxeram prejuízos para a região. Segundo comerciantes, eventos com este perfil tumultuam o trânsito e causam confusões que assustam turistas e afastam veranistas, que há anos buscam naquela região a tranqüilidade de um fim de semana na serra.

O Diário de Petrópolis procurou a assessoria do secretário de Cultura e Turismo Marcus São Tiago, para falar sobre o assunto, mas foi informado que a liberação do evento é uma atribuição da Secretaria de Fazenda, que é responsável pela fiscalização de posturas.

Empresários entretanto acreditam que a liberação para os eventos deveriam ser avaliadas em conjunto pela pelos dois órgãos do governo, uma vez que os mesmos trazem reflexos negativos para o turismo na região dos distritos.

Um exemplo deste caso é o engenheiro e empresário Luiz Carlos Cavalcante, que é proprietário de um imóvel na Granja Brasil, e prefere não vir a Itaipava quando eventos deste tipo estão programados. "Não venho e não permito que minha família venha também. Esses eventos não têm a ver com Itaipava, fazem o pessoal fugir daqui", comenta, lembrando que quando está em busca de agitação prefere as opções de diversão das casas de shows do Rio, onde mora, ou até mesmo uma viagem à Bahia. "Pode ser até bom ouvir este tipo de música, mas lá na Bahia, não aqui. Em Itaipava as pessoas buscam outro tipo de lazer", afirma, referindo-se aos shows de axé.

Da mesma forma que o engenheiro, cerca de 90% dos moradores dos 250 apartamentos e casas da Granja Brasil desaprovam eventos deste tipo na vizinhança. Segundo informações do presidente da incorporadora, José Carlos Eloy, moradores reclamam muito em função da confusão no trânsito e desorganização urbana. "É um despropósito a liberação destes eventos em Itaipava, pois eles não beneficiam o turismo ou o comércio da região. O público destes eventos não tem a ver com a região", critica.

Carlos Eloy explica que não é contrário ao evento, mas sugere que o mesmo seja realizado em uma outra região. "Deveriam liberar este evento em locais como por exemplo no campo do Serrano, que seria mais adequado", declara.

O presidente da incorporadora conta que freqüentadores de Itaipava ficam assustados e lembra que o distrito tem um perfil de visitantes diferenciado. "As pessoas vêm para Itaipava para relaxar e encontram aqui: tumulto, barulho, barracas colocadas na rua para venda de bebidas, pessoas embriagadas, muito lixo, confusão e um tumulto grande no trânsito. É um absurdo, eles não respeitam nada e espantam o visitante", desabafa.

Eloy lembra que durante o Tuning participantes levaram duas carretas que ficaram estacionadas por três dias na Granja Brasil, sem que fosse pedida qualquer autorização.

Entre comerciantes, as opiniões são unânimes: o evento tumultua o trânsito, gera confusões, leva para Itaipava um público que nada tem a ver com o perfil da região e espanta os consumidores habituais. "Alguns tipos de eventos não combinam com nossos clientes. Eles gostam de eventos tranqüilos, como o Petrópolis Gourmet, por exemplo. Estas raives, carnavais fora de época e Tuning Show, não agradam. Eles reclamam muito, porque estão em busca de sossego e encontram trânsito tumultuado e pessoa bêbadas", conta a gerente do restaurante Clube do Filé, Gláucia D’Olmodo, lembrando que durante o último fim de semana até mesmo rachas foram presenciados nas ruas.

O funcionamento do Hortomercado municipal também fica prejudicado com a realização destes eventos, pois o trânsito tumultuado afasta os clientes. "O trânsito ficou fechado, pessoas embriagadas entraram no Horto, incomodando os clientes. Já pensamos em entrar com uma representação contra estes eventos, que estão ficando cada vez mais freqüentes em Itaipava", declara Fernando Rinaldi, do Hortomercado.

Rinaldi conta que durante os dias de "micareta", por exemplo, o horário de funcionamento foi alterado em função da bagunça. "Estes eventos só incomodam os freqüentadores de Itaipava. Normalmente funcionamos até às 18h, mas nos dias dos shows de axé, por exemplo, fechamos às 16h (sexta-feira) e às 15h30 (sábado), pois não havia condições de continuar. Os bêbados incomodavam os clientes, e fizeram uma sujeira nos banheiros do Horto. Não dava para continuar funcionando", declara.

Ele também sugere que os eventos sejam transferidos para outros locais. "Esse Tuning, por exemplo, deveria ter sido feito no Parque Cremerie, que fica no Quitandinha, e é mais próximo da Baixada, de onde vêm a maioria dos participantes. Aqui em Itaipava esses eventos só atrapalham", declara, lembrando que um leilão de cavalos que aconteceu na região foi prejudicado pelo tumulto provocado pelo show de axé.

Trabalhando com venda de flores no Horto há alguns anos, o empresário Luiz Fernando Martins chama atenção para a falta de infra-estrutura do evento. "O trânsito fica caótico. Além disso eles liberam o evento sem que haja estacionamento para os participantes. Com isso eles param no meio da rua e dão um nó no trânsito, fazendo com que o motorista leve 2h ou 3h para fazer o percurso que em situação normal levaria no máximo 30 minutos.

Ele afirma que isso prejudica as vendas, que chegam a cair 70%. "Isso porque trabalho com entregas. Do contrário a porcentagem seria ainda maior", conta.

Proprietária de várias lojas no Shopping Itaipava, a empresária Cláudia Pereira de Aguiar também faz críticas aos eventos. "Eles trazem um público que não é nosso. Além disso o tumulto no trânsito espanta os clientes", declara.

A empresária lembra que no feriado prolongado de Corpus Christi, os comerciantes de Itaipava se programaram para um bom movimento, mas foram prejudicados pela "micareta", que afastou os visitantes.

Funcionária de uma loja no mesmo local, a vendedora Joana da Silva lembra que no dia da "micareta" grupos de jovens circularam pelo shopping fazendo uma arruaça que assustou os clientes. "Eles faziam muita bagunça, chegaram a quebrar garrafas. Isso não combina com nossos clientes, que vêm para o shopping para relaxar", finaliza.

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