quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Tragédia comparada a Tsunami

"Parece até que um Tsunami passou por aqui!" Esta frase foi a mais ouvida pelas pessoas que moram ou as que passaram pela região de Itaipava atingida pela tromba d’água no último fim de semana.

Desde a entrada da Petrópolis/Teresópolis (ao lado do Terminal de Integração de Itaipava) até a subida da Serra, após o clube Boa Esperança, as cenas eram de desolação. Pessoas sujas de barro perambulando sem destino, e amontoados de móveis e roupas ao lado da pista.

Um ônibus ficou atolado em uma grande quantidade de lama e um Opala Comodoro acabou engolido por uma avalanche de terra que desceu de uma encosta. Até agora o motorista do veículo não sabe como escapou.

A cozinheira Jaqueline Ribeiro Souza, de 37 anos, o comerciante Magno França, de 33 e os filhos deles, Igor de 8 e Iago de 7, vão demorar a esquecer a tragédia. Na tarde de domingo, a família caminhava na estrada totalmente suja de barro e com apenas algumas trouxas de roupas que conseguiu retirar dos escombros da casa. Os quatro eram apenas uma pequena parte da tragédia com a qual quem passava pela região se deparava.

Abalada, Jaqueline contou que eram duas horas da manhã quando a casa começou a ser alagada. "Só deu tempo de pegar as duas crianças e o aparelho de TV. Não tive como salvar mais nada", lembrou ela, com apenas uma bermuda e uma camisa de malha, sujas de lama.

Magno contou que o nível do rio Santo Antônio subiu tão rápido que acabou enchendo a residência do casal. "Nunca vi uma coisa tão ruim assim. Estou impressionado", disse ele, que, sem abrigo, seguia com a mulher e as crianças para seu comércio, que funciona perto do Terminal de Integração de Itaipava, a poucos metros da tragédia.

Tango Igor quanto Iago, pela inocência da idade, não sabiam a gravidade da situação e só lembravam do volume de água que tiveram que observar durante muito tempo até que o nível de água baixasse e eles conseguissem escapar. "Era muita água", contou inocentemente um deles.

Carro é engolido por lama

"Quase morri!" Esta frase resumiu o desespero do mecânico Luiz Henrique Ribeiro Sampaio, de 20 anos, cujo carro, um Opala Comodoro 1992 cuja placa ficou escondida pela lama, acabou ‘engolido’ pelo deslizamento. Ele seguia de Madame Machado com destino a Itaipava quando seu carro, que não tem seguro, foi atingido.

"Eu dirigia tranqüilo, apesar da chuva forte e de repente só vi a terra encobrindo meu carro. Nem sei como eu consegui sair. Foi Deus", disse o rapaz ainda assustado e totalmente coberto por lama. O veículo teve perda total.

Luiz Henrique revelou que nunca tinha sentido tanto medo quanto na madrugada de domingo, quando aconteceu o acidente.

Idosa vai sair do local

A aposentada Joselina dos Santos, de 74 anos, que mora ou morava na Rua 6, 125, na Comunidade 1o de Maio, em Madame Machado, vai custar a esquecer o que aconteceu. Na tarde de domingo, ela estava sentada à beira da rua.

Joselina lembrou a dificuldade com que conseguiu construir sua casinha com apenas três cômodos. "A barreira atingiu a parede do banheiro e comprometeu a estrutura da casa. Foi Deus que guardou a minha vida", sentenciou.

A filha dela, Sonia dos Santos, teve a casa, que fica perto da casa da mãe, parcialmente destruída. Por milagre, ela havia saído com as crianças e se salvou da tragédia.

"Além da chuva, o vento arrancou as telhas e a terra derrubou a parede. Agora vou morar com meu filho, não quero mais ficar por aqui", garantiu.

Poste é arrastado e leito de rio destruído

Moacir Araújo Lima, de 43 anos, morador de Madame Machado, ficou impressionado com o que viu. O jardineiro não acreditava que a força da Natureza faria um estrago tão grande na região.

É mas fez! De onde ele estava, perto da Escola Municipal Amélia Antunes Rabello, pode ser visto pelos menos dois postes arrancados do chão e levados por pelo menos 300 metros; o leito do rio totalmente destruído; e a ponte que liga a BR-495 até a Rua José da Gama Machado, completamente coberta por mato e lixo, o que sugeria que o nível do rio Santo Antônio subiu tanto que acabou passando sobre a ponte.

O local virou um ponto turístico sinistro. Muitas pessoas, inclusive famílias com máquinas fotográficas queriam fotografar tudo, tipo de imagem que muita gente quer esquecer, principalmente os que moram no local ou que perderam pessoa da família.

Ainda na Rua José da Gama Machado, na altura do número 1001, uma verdadeira piscina se formou prejudicando o fluxo de veículos que queria chegar à BR-495 ou até mesmo à Comunidade 1o de Maio.

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