sábado, fevereiro 23, 2008

ACIDENTE NA BR-040

Caminhoneiro é carbonizado em acidente na BR 040

Reportagem - Gabriela Haubrich

Foto - Alan Alonso

Um caminhão tanque, que aparentemente perdeu o freio no trajeto de descida da BR 040, bateu em uma curva e explodiu. O acidente aconteceu ontem, por volta das 10h25, na altura do quilômetro 96. O motorista, Itelcio Quintero Madeira, de 37 anos, ficou preso nas ferragens e morreu no local, mas ainda não se sabe se foi em decorrência da colisão ou do incêndio. O veículo, um Scania 360, vermelho, modelo Bi-Trem, placas CDL 7218, de Duque de Caxias, e DAJ 1252, de Guarulhos – SP, era da Empresa Brasileira de Transportes Líquidos (EBTL) e fazia carregamento de álcool etílico.

De acordo com o relato de testemunhas, o motorista estava tentando frear o caminhão, quando o segundo tanque tombou, foi arrastado pela pista e se desprendeu da carreta, Itelcio perdeu o controle e bateu de frente a uma parede de pedra e barro. Logo em seguida o fogo começou e houve a primeira explosão. Quem chegou depois se deparou com uma cortina de fogo e fumaça negra.

"Antes da curva já dava para ver a fumaça. Estava tão alta que parecia que o fogo era no alto do morro. Foi um susto, eu nunca vi nada igual. (...) O fogo começou na segunda carreta,e quando o combustível escorreu do tanque criou uma cortina de fogo. Não dava pra ver o outro lado e quase que não víamos também o caminhão. ", relatou Márcio Castro.

Ele contou ainda que ocorreram de três a quatro explosões, e que a última parecia ter sido causada pelo pneu estourando. Os Bombeiros, entretanto, negam que tenha havido explosões, e dizem que a carga apenas incendiou.

A estudante Mariana Cordebello, de 17 anos, que fotografou o incêndio, estava no terceiro carro que chegou ao local, e disse que a família levou um susto com o fogo na rua. "Vimos a fumaça, mas achamos que fosse no morro. Depois demos de cara com a fumaça escura na pista e não conseguíamos ver nada.", revelou. "Nós estávamos indo trabalhar no Feirão das Malhas, em Duque de Caxias, mas pelo que parece já perdemos o dia.".

Os oficiais da Polícia Rodoviária Federal no local não souberam informar o destino e a origem da carga. Todos os documentos que estavam na cabine do veículo foram queimados. O Corpo de Bombeiros chegou cerca de 20 minutos depois e efetuou duas tentativas para apagar as chamas. Apesar de ter conseguido na primeira vez, eles tiveram que buscar mais água e o fogo recomeçou. Somente por volta de 12h30 as chamas foram extintas.

A passagem da pista da esquerda foi liberada pela Concer por volta das 16h, mas o caminhão continuava no local. A abertura total da estrada estava prevista para as 18h, mas a empresa declarou que a chuva que caiu na cidade durante a tarde poderia atrapalhar o serviço de retirada do veículo.

Motoristas reclamam de falta de informação e demora no isolamento da área

Logo depois do acidente, a Concer interrompeu o trânsito na descida da BR 040, e os motoristas tinham duas opções para chegar à Baixada Fluminense: desviar pelo Cento de Itaipava, e seguir pela BR 116, ou descer pela Estrada Velha da Estrela (Serra Velha). De acordo com motoristas obrigados a fazer o desvio, o trânsito ficou intenso nas duas áreas, que não costumam receber fluxo intenso de carros. Um ônibus da empresa Única saiu da rodoviária no Bingen às 10h e chegou no Castelo, no Rio de Janeiro, por volta das 17h.

Quem estava no local também reclamou da falta de informação e da atuação da Polícia Rodoviária Federal. Conforme relataram, a Concer não estava fazendo nenhum aviso anterior à barreira criada, e os motoristas só sabiam do ocorrido quando chegavam no bloqueio criado pela empresa.

Márcio Castro também contou que a PRF não fez um cordão de isolamento na área, e as pessoas podiam chegar perto do caminhão em chamas. "Eles até pediam para a gente não chegar muito perto, para ficar atrás do carro deles. Mas eram só dois guardas novos para controlar todo mundo. É muito despreparo.", disse. O cordão de isolamento da área só foi colocado às 13h50 em torno do caminhão.

Os carros de passeio que ficaram presos no congestionamento da Serra podiam retornar pela contra mão até o desvio para a pista de subida. Entretanto, muitos ficaram, junto com ônibus e caminhões, esperando a abertura da estrada.

Caminhoneiro se emociona com acidente

Muitos caminhoneiros se comovem quando vêem um acidente como o que ocorreu ontem na BR 040, e não foi diferente com José Umbelino Menino Filho, motorista da White Martins, que viu todo o acidente acontecer. Ele conhece os perigos da estrada, e sabe que toda viagem é uma aventura. Itelcio Quintero Madeira, a vítima, tinha família, assim como Umbelino, e hoje uma delas respira de alívio, a outra, de tristeza.

Para Umbelino foi angustiante ver a situação do companheiro de estrada. Conforme contou, uma mulher passou de carro gritando que o caminhão de trás estava sem freio, logo depois o caminhão dirigido por Itelcio passou e colidiu.

"Eu vi que ele estava tentando frear; a luz de freio estava acesa. Mas deu pra ver o desespero dele segurando o volante. E me deu uma angústia, quando percebi que ele não ia conseguir passar da curva. (...) Tudo foi muito rápido. Eu cheguei a descer do meu caminhão, mas logo o fogo começou, e fiquei com medo de explodir.", emocionou-se Umbelino.

Conforme explicou, Itelcio teria conseguido fazer a curva se estivesse com um carro menor. "O Bi-Trem perde o controle da traseira e tomba. Foi o que aconteceu com ele. Não tem jeito. E se ele tivesse passado por essa curva teria chegado na Baixada. Uma pena. Dizem que ele tentou abrir a porta e sair do caminhão, mas não conseguiu.", contou.

Umbelino acha ainda que o motorista estava tentando parar o caminhão há muito tempo, porque a velocidade não estava alta demais. "Eu estava andando a 30 km/h, o outro rapaz devia estar a 70 km/h.", confidenciou. "Se ele não estivesse tentando frear estaria muito mais rápido."

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