terça-feira, outubro 11, 2005

Fusquinha 63

Silvio Lach:

Não tem nada pior que virar um carro usado. Não sou ainda um daqueles modelos de colecionador, mas já começa a faltar peças para reposição no mercado. Mal comparando, sou um Fusquinha 63 saindo da revisão. Digo mal comparando porque o Fusquinha, além de ter ficado mais charmoso com o tempo, tem uma barriga bem menor que a minha e só cinco pneuzinhos, já contando com o estepe. Sem falar que eu estou bem mais enferrujado e que dificilmente passo da segunda.
Como um Fusquinha 63, ainda posso rodar por mais alguns anos, sabendo que as visitas à oficina vão ficar cada dia mais freqüentes e que em breve o cano de descarga terá que passar por exames constrangedores. Como diria um amigo meu, quem mandou abrir o capo?
Bom, para não bater pino, estou tendo que seguir à risca algumas das recomendações do mecânico. Por exemplo: tive que trocar o óleo. Agora só azeite de oliva virgem e comida no vapor. Deixei também de ser Flex Power: não posso mais encher o tanque nem de álcool nem de refrigerante normal. Passei a controlar a emissão de fumaça e a medir regularmente a pressão: 12 nos da frente e nos de trás.
Tratei também de não mais esquentar o cabeçote e a sair todo dia às seis da manhã da minha garagem quentinha para correr na praia. Maldita reeducação. Ter muitos anos de estrada é isso mesmo. Meu medo agora é a patroa colocar aquele adesivo no meu vidro: ''Meu outro carro é um BMW novo''. Mas vida que segue. Agora é fazer tudo para ser multado por passar dos 80.

Nenhum comentário: