A implantação do ingresso
eletrônico nos terminais urbanos de Petrópolis anunciada nesta terça-feira pelo
Setranspetro gerou muita confusão e revolta durante a manhã de hoje em diversos
usuários do transporte público. Isso porque quem tentou entrar nas rodoviárias
pagando a passagem em dinheiro acabou sendo barrado após ser informado de que
era obrigatória a compra do Cartão Expresso no valor de R$ 1 na própria
bilheteria. O fato foi, inclusive, registrado na 2° Promotoria de Tutela
Coletiva e Interesses Difusos do Ministério Público.
Apesar da confusão, o
Setranpetro informou que o ingresso eletrônico não é obrigatório. Porém, para
oferecer a ampliação dos pontos de aquisição do RioCard, os mesmos continuarão
sendo disponibilizados nas bilheterias dos quatro terminais. A implantação do
projeto surgiu após solicitação vinda da população, principalmente dos
distritos, de mais pontos de recarga e distribuição de cartão.
Mas quem passou pelo
constrangimento de ser barrado na porta dos terminais afirma que a obrigatoriedade
é ilegal e insensata. A presidente do AnimaVida, Ana Cristina Ribeiro, por
exemplo, buscou orientação jurídica após ser impedida de entrar no Terminal de
Itaipava. “Protocolei nesta quarta-feira a minha reclamação no MP. Os
funcionários que impediram a minha passagem até pediram desculpas, mas
afirmaram cumprir ordens. Então decidi não discutir e fui para o ponto de
ônibus mais próximo do local, onde consegui embarcar no coletivo pagando a
tarifa em dinheiro. Não sou obrigada a adquirir o cartão”, disse.
A doméstica Rosemary de Jesus
foi outra passageira barrada na bilheteria, dessa vez no Terminal de Corrêas.
“Minha mãe conseguiu passar porque ela tem cartão e eu estou aqui do lado de
fora. Entreguei o valor da passagem, mas a moça não quer liberar a minha
entrada. Pelo visto vou ter que comprar esse cartão, mas era um serviço que não
faço questão de utilizar. Além disso, um monte de gente na fila que chegou
depois de mim presenciou essa cena lamentável. Estou realmente envergonhada!”,
contou.
Já a caseira Neia do Nascimento
afirmou ser um absurdo a medida. “Se eu não tiver esse valor na bolsa não posso
entrar no terminal, que é um local público? Onde estão nossos direitos? Não
quero o cartão e pretendo pagar a tarifa em dinheiro”, afirmou revoltada. Após
a confusão que começou a se instalar no local, uma segunda funcionária assumiu
a bilheteria e liberou a entrada dos usuários, que pagaram a passagem em
dinheiro.
O Setranspetro informou ainda
que o valor de R$ 1 cobrado aos passageiros para adquirir o cartão é uma
determinação da RioCard e que funciona em todo o estado do Rio de Janeiro.
“Mesmo assim, quando a pessoa quiser, ela pode trocar o cartão em uma loja da
RioCard pelo dinheiro gasto na aquisição do mesmo. Na verdade isso ocorre para
evitar o desperdício, levando em conta que o equipamento necessita de
investimento para ser fabricado”, explicou.
Resposta Prefeitura de
Petrópolis
Especialistas afirmam que
obrigatoriedade é ilegal
De acordo com a advogada Márcia
Cristina Toledo de Almeida, o uso dos cartões representam uma melhoria no setor
e é uma medida já utilizada em vários locais do país. Porém, quando existe a
imposição do serviço, fere diretamente a liberdade de escolha do consumidor,
princípio básico dos direitos dos cidadãos, já que restringe a entrada das
pessoas em local público.
“É um direito coletivo!
Acredito que os usuários não são contra a medida, mas sim como a maneira que
isso está sendo feita. Até mesmo pelos turistas, imagina os visitantes querendo
comprar um bilhete sendo obrigados a comprar um cartão que só valerá aqui? Isso
fere a liberdade de escolha”, afirmou.
Projeto de acordo com o
Setranspetro
Com o objetivo de ampliar os
pontos de distribuição de cartões RioCard para que a população petropolitana
possa usufruir do sistema de integração e ter o desconto de R$ 0,10 na tarifa,
desde o início da semana o Setranspetro, em parceria com a CPTrans e a RioCard,
implantou o ingresso eletrônico nos terminais urbanos de Petrópolis.
O projeto consiste em fazer com
que os passageiros embarquem nos terminais urbanos do Bingen, Itamarati,
Corrêas e Itaipava utilizando um dos cartões RioCard, que pode ser o cartão de
Vale-Transporte, o Vale-Transporte Rápido ou o Expresso.
“Implantamos esse projeto para
poder atender uma solicitação da população, principalmente a dos distritos, que
sempre pediu para que a RioCard disponibilizasse mais pontos de distribuição de
cartões e de recarga de créditos, além da loja que fica no Centro de
Petrópolis”, informou Carla Rivetti, assessora de marketing e comunicação do
Setranspetro.
Para quem não tem qualquer
cartão RioCard de bilhetagem eletrônica, o cartão Expresso pode ser adquirido
uma única vez por R$ 1,00 na loja RioCard, nas bilheterias dos terminais
urbanos ou com os promotores de venda que ficam próximos às máquinas de
recarga. Caso o cliente não queira mais utilizar o cartão de bilhetagem
eletrônica, todo o cartão RioCard Expresso que foi adquirido por R$ 1,00 pode
ser levado na loja da RioCard, no Centro de Petrópolis, para que o cliente
tenha o reembolso de R$ 1 investido no momento da adesão do cartão.
Existe também a possibilidade
do cliente fazer um cadastro na RioCard, nas próprias bilheterias dos
terminais, e não ter a necessidade de desembolsar nem R$ 1 no momento da adesão
do RioCard Expresso.
Todos os profissionais que
atuam junto às máquinas de recarga de créditos e os que trabalham nas
bilheterias receberam treinamentos e orientações sobre o novo projeto. As
recargas nas máquinas de autoatendimento podem ser feitas a partir de R$ 5 e
nas bilheterias recarregando R$ 3,10, o valo da tarifa do transporte com
desconto de R$ 0,10 no pagamento eletrônico.
Fonte: Tribuna de Petrópolis
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