O trânsito cada vez
mais congestionado e os problemas envolvendo o transporte coletivo estão
fazendo com que os petropolitanos comecem a pensar em alternativas para
melhorar a mobilidade urbana da cidade. Uma saída apontada como solução para
essa questão, comum nos Estados Unidos e em países da Europa, é simples: o
incentivo à chamada carona solidária.
A iniciativa é uma
ação entre amigos, conhecidos ou de um grupo. As pessoas oferecem carona para o
deslocamento de uma ou mais pessoa, e todos ajudam com os custos. O objetivo
não é lucrar, mas compartilhar o transporte e, desta forma, melhorar o
trânsito, reduzindo o número de veículos nas ruas. Além disso, a ação tem o seu
caráter sustentável, uma vez que, se utilizada em grande escala, reduz
sensivelmente a emissão de gás carbônico na atmosfera.
No entanto, apesar de
Petrópolis ter a sétima maior frota de automóveis do Estado do Rio, com mais de
110 mil veículos – um carro para cada dois habitantes, de acordo com o Detran –
RJ, esse conceito ainda não está muito difundido para viagens entre os bairros
da cidade.
No fim de 2012, após
o aumento da passagem de ônibus de R$ 2,80 para R$ 3,20, houve uma primeira
tentativa: a criação de um grupo nas redes sociais. O objetivo era dar uma
resposta ao reajuste das tarifas e começar a criar uma cultura em torno da
carona solidária na cidade.
- Além dessa questão
das empresas, tive a ideia para adiantar o lado da população, diminuir o
trânsito da cidade. A ideia do grupo nasceu basicamente aí. Fiz o grupo
pensando em englobar o máximo de pessoas possível e, em três meses, atingimos
três mil pessoas. Ainda hoje, sem divulgação, temos uma média de 10 pessoas que
entram por semana – disse o criador do grupo, Willian Gouvêa.
Entretítulo: Demanda
de viagens para outras cidades é maior que entre bairros
No entanto, cinco
anos depois, a conclusão de Willian é que essa ideia ainda não funcionou, na
prática, como o planejado inicialmente.
- A minha avaliação é
que não deu certo. A carona solidária é um tabu ainda, porque muitas pessoas
ainda têm certo receio, um medo que é infundado, porque hoje você tem meios de
saber quem é a pessoa que está oferecendo a carona. Quando criei o grupo, a
ideia era que fosse algo para o transporte dentro da cidade. Hoje, o nosso
grupo no WhatsApp tem uma grande movimentação, mas todos só procuram as caronas
para outras cidades, e não para os deslocamentos dentro do município – avaliou.
E essa parece mesmo
ser uma tendência que “pegou” mais do que as caronas entre bairros. No final de
2015, o maior aplicativo de caronas entre cidades do mundo, o BlaBlaCar, chegou
ao Brasil. Desde então, os resultados da plataforma, que está presente em 22
países, são surpreendentes: no primeiro ano de operação, a empresa conseguiu um
milhão de assentos compartilhados (o que equivale a dois lugares por minuto),
25 mil rotas para viagens intermunicipais (28 vezes a malha aérea doméstica,
segundo o IBGE) e 85 milhões de quilômetros percorridos pelos usuários. As
viagens têm uma distância média de 250 quilômetros.
Entre os usuários de
Petrópolis, os destinos mais comuns são as cidades do Rio de Janeiro, Duque de
Caxias, Macaé, Cabo Frio e Juiz de Fora (MG). O diretor da BlaBlaCar no Brasil,
Ricardo Leite, explicou, ao Diário, o porquê do aplicativo só oferecer caronas
intermunicipais.
- Não realizamos as
caronas nas cidades por questões logísticas, e também porque há alguns
problemas em realizar o aplicativo para viagens dentro do município. Por
exemplo, se um grupo se junta para ir ao trabalho, na volta pode ter algum problema
com os horários e inviabilizar. Com a viagem intermunicipal isso não acontece.
Além disso, nem sempre o valor que o condutor recebe compensa os custos na
carona urbana. É algo que ninguém ainda conseguiu resolver – disse Leite.
O aplicativo oferece
ferramentas para aumentar a confiança dos usuários. Todos passam por um
cadastro, há avaliações no fim da viagem e uma equipe de 130 pessoas, que
monitora as atividades e a taxa de satisfação em todo o mundo.
- Desde o começo,
tivemos todas as nossas estimativas superadas, inclusive no Estado do Rio de
Janeiro, onde estamos indo muito bem. Temos uma avaliação média de 4,7
estrelas, de 5, e 90% dos novos usuários vem do chamado boca a boca. Queremos
quadruplicar os nossos resultados em 2017, e estamos crescendo – afirmou o
diretor da empresa.
Um dos usuários do
aplicativo é o estudante universitário Petterson Soares. Petropolitano, ele
mora em Niterói, estuda no Rio e vem para Petrópolis todo fim de semana. A
alternativa de vir de carona se tornou mais em conta.
- Desde que passei a
fazer faculdade tive dificuldade com o custo de translado, além do desgaste de
ter que fazer baldeação. Nosso custo era bem elevado. Depois de um ano, comecei
a usar o grupo do WhatsApp e o aplicativo para as caronas. Tive um receio,
achei que não era seguro, mas depois que a situação financeira ficou pior
decidi usar este recurso – contou Petterson.
Desde então, a
experiência tem sido agradável.
- As pessoas que
ofereciam a carona também tinham certo medo, mas as experiências foram agradáveis,
com pessoas boas, simpáticas, foi bem legal. A viagem passa até mais rápido, e
costuma ser até três vezes mais barato do que vir de ônibus – destacou o
estudante.
Fonte: Diário de Petrópolis
Nenhum comentário:
Postar um comentário