O preço do gás de
cozinha em Petrópolis é um dos mais caros dentre os municípios próximos. Uma
pesquisa feita pelo Diário mostrou que a média do preço do GLP (gás liquefeito
de petróleo) é R$ 61,60 por botijão de 13kg. Esse valor é superior ao praticado
em cinco dos sete municípios pesquisados, e fica abaixo apenas de Teresópolis,
também na Microrregião Serrana, onde o preço médio do botijão sai por R$ 63,30.
O terceiro município da região, São José do Vale do Rio Preto, tem preços
significativamente mais baixos, com uma média de R$ 54. Esse valor é 12% mais
barato que o de Petrópolis.
Também foram
pesquisados os preços das revendedoras de gás em Duque de Caxias (R$ 60), Três
Rios (R$ 57,50), Nova Friburgo (R$ 55) e Niterói (R$ 53,30), todos inferiores
aos praticados em Petrópolis e em Teresópolis. O menor valor pesquisado – de
Niterói – é 14% mais baixo que o preço de Petrópolis.
A diferença é
significativa. Uma família que tenha renda de um salário mínimo e gaste um
botijão de GLP por mês em São José do Vale do Rio Preto economizaria no período
de um ano R$ 91,20 (quase o preço de dois botijões) em relação a uma família
petropolitana na mesma situação. A família de Petrópolis vai ter gasto, ao fim
de 12 meses, R$ 739,20. Ou seja, quase um salário mínimo inteiro iria para o
gás de cozinha.
Nas ruas da cidade,
não faltam reclamações sobre o preço do produto: “Tenho que comprar, é a única
coisa que se não tiver em casa, eu estou ferrada”, disse Daniela da Silva (21
anos), moradora do Quarteirão Brasileiro. Ela diz que, naquele bairro, o preço
do produto chegou a ficar R$ 70 no ano passado, e recentemente voltou à marca
dos R$ 50. Daniela nunca deixou de comprar o GLP, mas diz que já ficou diversas
vezes sem comprar outros itens por causa do custo adicional. “Deixei de comprar
outras coisas, roupas por exemplo”, disse a moradora.
O barbeiro João
Carlos Gomes ficou indignado com o preço, e disse que culpa as ações do governo
pela alta. “Acho que é uma falta de compromisso do governo. Não entendo como
podemos ser autossuficientes em petróleo e termos esses preços altos em gás,
gasolina. Está tudo alto”.
Distribuição e
venda é 59% do preço
Segundo a Petrobras,
o preço final do GLP refinado pela estatal é influenciado principalmente pelas
distribuidoras e revendedoras. A petrolífera brasileira estima que 59% do valor
final do botijão seja acrescentado por esses setores. O ICMS (imposto sobre
circulação de mercadorias e serviços), que é estadual, tem impacto de 13%,
impostos federais (PIS/Pasep e Cofins) têm impacto de 0,4% e a produção da
Petrobras impacta o preço em 24%.
Mas a Petrobras não é
a única empresa que produz esse gás para o mercado brasileiro. O monopólio da
estatal sobre esse setor foi quebrado em 1997, e hoje empresas refinadoras
particulares também podem produzir o GLP, que pode também ser importado de
fabricantes estrangeiros.
Mas qualquer que seja
a fonte do produto, ele tem de passar por uma companhia distribuidora antes de
chegar ao consumidor final. Essas distribuidoras recebem o produto a granel, e
abastecem o mercado comercial ou residencial. A forma mais comum de consumir o
gás de cozinha é com empresas revendedoras: são aqueles comerciantes que
transportam o botijão para as casas e empresas, a forma mais comum de comércio
varejista de GLP.
O Sindigás (Sindicato
Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito) disse ao Diário que não
comenta os preços, pois “o mercado é livre para que as empresas formem seus
preços” e acrescentou que as revendedoras não relatam os valores praticados
para as associações. No entanto, a assessoria de imprensa do sindicato disse ao
Diário que vários fatores podem influenciar o preço, principalmente o ICMS
cobrado em cada estado (o que não é o caso, uma vez que a pesquisa foi
realizada em municípios do Rio) e a logística das operações de cada revendedora
e distribuidora.
A Fecombustíveis
(Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes), que
representa as revendedoras, disse que também não se pronuncia sobre preços, e a
assessoria da entidade afirmou que a federação é voltada para a defesa do
segmento.
Preço
do gás de cozinha
|
||
Microrregião
|
Município
|
Média
|
Serrana
|
Teresópolis
|
R$ 63,30
|
Serrana
|
Petrópolis
|
R$ 61,60
|
Metropolitana
|
Duque de Caxias
|
R$ 60,00
|
Centro-sul
Fluminense
|
Três Rios
|
R$ 57,50
|
Centro Fluminense
|
Nova Friburgo
|
R$ 55,00
|
Serrana
|
São José do Vale do
Rio Preto
|
R$ 54,00
|
Metropolitana
|
Niterói
|
R$ 53,30
|
Fonte: Diário de Petrópolis
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