sexta-feira, julho 12, 2013

Dívidas levam ANS a determinar transferência de segurados da Unimed

A crise na saúde petropolitana acaba de ganhar mais um capítulo. Por determinação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a Unimed Petrópolis tem 30 dias – contados a partir desta quarta-feira – para negociar a carteira de clientes, hoje com mais de 46 mil nomes. A cooperativa médica garantiu que o atendimento aos conveniados continuará sendo realizado normalmente – o que também é previsto por lei – e adiantou que já entrou com uma ação na Justiça contra a determinação da ANS. As “anormalidades econômico-financeiras e administrativas graves” encontradas no gerenciamento da rede foram o motivo que levou à decisão da agência reguladora. Segundo a Unimed Petrópolis, a dívida gira em torno de R$ 20 milhões. A Unimed Petrópolis estava sob direção fiscal (tendo as movimentações financeiras acompanhadas) desde 2009. Por meio da assessoria de imprensa, a empresa declarou que vai buscar meios de reverter o quadro, inclusive através da Justiça. Uma delas seria a mudança do sistema, que levaria a Unimed Petrópolis a passar de operadora a prestadora de serviços. A empresa tem hoje um hospital próprio e um arrendado (contrato fechado com a antiga Casa Providência recentemente), além de unidades de atendimento em Itaipava, Piabetá e Fragoso. A estrutura física da cidade inclui 96 leitos, a única UTI privada neonatal da cidade, banco de leite humano e ambulâncias com equipamentos de UTI. Segundo a assessoria de imprensa da cooperativa, o balanço social consolidado (geração de riquezas e renda) neste ano foi de R$ 35 milhões. Além de gerar insegurança aos usuários e impacto negativo na saúde de maneira geral, o problema influencia ainda na economia da cidade, já que a arrecadação tributária deixará de ficar dentro de Petrópolis caso uma empresa de fora assuma a carta de clientes da Unimed Petrópolis. Conforme informou a assessoria da cooperativa médica, formada hoje por mais de 370 médicos, os tributos correspondem atualmente ao maior percentual da dívida acumulada, que tem tambémos serviços de maior complexidade e, consequentemente, maior custo, como responsáveis pelos atrasos nos pagamentos. A Unimed garante, entretanto, que estas são questões reversíveis e que a empresa não tem dívidas trabalhistas, nem de outras ordens. Dessa forma, a empresa, cujo faturamento bruto previsto para este ano era de R$ 165 milhões, estuda as possibilidades para continuar no mercado. A cooperativa emprega aproximadamente 620 funcionários, gerando mais de 3 mil empregos indiretos. Segundo dados da própria Unimed Petrópolis, “a cooperativa detém 20% do atendimento no município, que no momento se encontra em estado de calamidade pública na saúde, decretado no início deste ano, e 60% dos clientes de plano de saúde de Petrópolis”. Para o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) seccional Petrópolis, Jorge Gabrich, é preciso entender exatamente o que esta determinação significa e como vai impactar a saúde da cidade e os usuários do plano. “É uma notícia muito ruim para todos e mostra que a saúde suplementar (rede particular) também está passando por uma situação de crise”, afirmou o presidente do Cremerj, acrescentando que a ANS não contribui para a melhoria do quadro. “A agência apenas engessa a medicina suplementar, limitando de forma impraticável o reajuste das mensalidades das operadoras e obrigando-as a oferecer todo tipo de serviço, mesmo que o custo deste não corresponda ao valor pago pelo plano”, completou Gabrich. A diretoria da operadora lamenta a decisão da ANS de alienar a carteira da Unimed Petrópolis, “apesar desta manter os seus compromissos financeiros em dia com a equipe de colaboradores e a ampla rede de prestadores de serviços”. Por fim, a cooperativa “garante que os atendimentos e os procedimentos médicos e hospitalares serão rigorosamente mantidos aos clientes”. Segundo a determinação da agência reguladora publicada ontem no Diário Oficial da União, “fica determinado que a operadora Unimed Petrópolis promova a alienação da sua carteira no prazo máximo de 30 (trinta) dias contados da data do recebimento da intimação (ocorrida no dia 10)”. Além disso, a cooperativa médica está proibida de comercializar planos e produtos. Caso a Unimed Petrópolis não consiga encontrar uma empresa interessada na carteira, a alienação será compulsória, ou seja, a ANS passa a ser responsável pela negociação com novas operadoras e a carta de conveniados passa por oferta pública. Segundo a ANS, os clientes da Unimed Petrópolis têm cobertura garantida por lei e, caso esta condição seja desrespeitada, devem denunciar a situação à agência reguladora por meio do 0800 701 9656. Fonte: Tribuna de Petrópolis

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