sexta-feira, janeiro 21, 2011

Estações meteorológicas desativadas poderiam ter alertado sobre o perigo

Moradores de áreas atingidas pela enxurrada que devastou a região do Vale do Cuiabá (Itaipava) e deixou um rastro de destruição ao longo de mais de 10 quilômetros do Rio Santo Antônio na madrugada do dia 12 poderiam ter sido alertados sobre o perigo, com cerca de duas horas de antecedência, se 19 estações meteorológicas que chegaram a funcionar em caráter de teste em Petrópolis (uma delas em Itaipava) estivessem funcionando. O sistema de monitoramento começou a ser implantado no município em 2006, foi ampliado em 2009 e funcionou por quase quatro anos em caráter experimental, tendo como base a sede do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC). Por conta da indefinição sobre a renovação de um convênio, entre o LNCC, o Ministério de Ciência e Tecnologia e a Prefeitura de Petrópolis, para custeio da operação do equipamento, que custa R$ 900 mil por ano, o serviço foi suspenso no segundo semestre do ano passado.
“Temos em diferentes pontos do município de Petrópolis 19 estações hidrológicas e pluviômetros e três estações meteorológicas. Com este sistema funcionando, os dados desses equipamentos são monitorados 24 horas por dia, 365 dias por ano, por meteorologistas e geólogos. Todos os dias, em dois horários, um balão que carrega uma sonda com sensores é lançado do aeroporto do Galeão. Por volta de 23h, as informações meteorológicas colhidas por esse equipamento já estariam disponíveis no sistema e certamente seriam observadas por nossos meteorologistas, que emitiriam o alerta para a Defesa Civil Municipal. Isso não evitaria as perdas materiais, mas poderia preservar algumas vidas”, explica o diretor do LNCC, Pedro Dias.
O prefeito Paulo Mustrangi explicou que o convênio foi firmado no governo anterior e afirma que a prefeitura desconhecia o fato de que teria que assumir o custo para manutenção do sistema – R$ 900 mil anuais. “Com o orçamento que temos, a Prefeitura não tem condições de assumir sozinha essa despesa. Fomos informados sobre isso em outubro e não havia como pagarmos essa conta. Entramos em contato com o Ministério da Ciência e Tecnologia e realizamos reuniões com o LNCC e ficou acertado que essa questão seria resolvida no início do ano, mas não houve tempo. Nossa cidade foi atingida por essa tragédia antes”, explicou Mustrangi.
As estações meteorológicas (estações de superfícies) são instaladas em torres de oito metros de altura, com sensores que medem temperatura, vento e umidade do ar. Pluviômetros e limpígrafos medem o nível do rio. Os dados são passados a uma central no LNCC, onde meteorologistas fazem o monitoramento.
A Força Aérea Brasileira disponibiliza desde ontem três Estações Meteorológicas Táticas, que captam em tempo real informações climáticas locais. Os equipamentos de última geração, embora não sirvam para fazer previsões meteorológicas, contribuem para maior segurança das operações e dinamizam a movimentação de helicópteros das Forças Armadas, da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros em Itaipava, Teresópolis e Nova Friburgo, que atuam nos locais.
As estações Meteorológicas Táticas, cedidas pelo Parque de Material de Eletrônica da Aeronáutica do Rio de Janeiro (Pame-RJ) disponibilizam informações como direcionamento e velocidade do vento, temperatura, umidade relativa, pressão atmosférica e precipitação pluviométrica. “Essas informações em tempo real agilizam pousos e decolagens com segurança”, explica o suboficial Jari Marques da Silva.
Os dados emitidos pelas estações meteorológicas são enviados para terminais monitorados o tempo todo por controladores da FAB que coordenam os voos. “A operação funciona como uma corrida de bastão. A vitória depende do trabalho e empenho de todos”, compara o tenente Pedro Paulo Alves, especialista em Comunicações.
Fonte: Tribuna de Petrópolis

Nenhum comentário: