A
possibilidade de mais um terreno na região de Itaipava, com extensa área verde,
dar lugar a um grande condomínio residencial, está preocupando moradores da
região. A Fazenda Bela Vista, localizada na Rua Agante Moço – que fica atrás do
Parque Municipal Prefeito Paulo Rattes – teria sido adquirida por investidores,
que construiriam no local um empreendimento imobiliário. O medo dos moradores
da região é de que essa construção aumente ainda mais o adensamento
populacional do terceiro distrito, causando prejuízos para o meio ambiente e
gerando ainda mais transtornos na mobilidade urbana e na qualidade de vida dos
moradores
Informações obtidas
pelo Diário dão conta de que dez investidores compraram o terreno, por um valor
que seria de aproximadamente R$ 25 milhões, para investir na construção dos
prédios. O espaço é uma das poucas áreas verdes ainda disponíveis em Itaipava,
após a construção de diversos “espigões” que descaracterizaram o bairro nas
últimas décadas. Os Censos do IBGE de 1980 e de 2010 mostram que, apesar de ter
apenas a quarta maior área territorial da cidade, Itaipava foi o distrito que
mais cresceu em Petrópolis, tendo um aumento populacional de 42,39% em 30 anos.
No entanto, a infraestrutura do bairro não acompanhou esse crescimento – não foram
construídas vias alternativas e, hoje, o fluxo de veículos na Estrada União e
Indústria, especialmente no centro de Itaipava é intenso.
No caso da Fazenda
Bela Vista, além de todos os impactos que a construção de mais um condomínio
poderia gerar, há um agravante: a completa falta de infraestrutura da Rua
Agante Moço. A via, estreita, não tem largura suficiente para dois veículos
trafegarem em sentidos opostos. Além disso, a rua não é asfaltada e parte dela
está cedendo, nas proximidades do Condomínio Lagos de Itaipava.
A notícia preocupa o
presidente da NovAmosanta, Jorge de Botton. A entidade que representa a
sociedade civil organizada de Itaipava propõe uma lei para que o impacto de
vizinhança para grandes projetos possa ser analisado de forma diferenciada e
individual, por conta das peculiaridades de cada investimento e a necessidade
de contrapartidas das empresas para garantir a qualidade de vida dos moradores
da região.
- Estamos ouvindo
comentários sobre a possibilidade de novos investimentos, como a construção
deste empreendimento imobiliário. Vejo com muita preocupação, pois o acesso ao
terreno não tem a menor condição. A rua é estreita, não tem largura. Acredito
que qualquer empreendimento teria que ter contrapartida para o arruamento, e os
grandes empreendimentos teriam que ter análise individual, para que a
Prefeitura possa analisar caso a caso e buscar uma solução sobre o que pode ser
feito em diversas áreas, como a distribuição de água, saneamento básico, acesso
e demais melhorias. Desta forma, teríamos o crescimento, que é necessário, mas
de forma sustentável. Isso beneficiaria inclusive os novos condomínios e seus
moradores – disse Jorge de Botton.
Na mesma linha, o
vereador Jamil Sabrá Neto (PDT) destacou que a construção de novos condomínios
nos principais corredores da cidade é uma realidade de toda a cidade, e não
apenas de Itaipava. O vereador protocolou, nesta sexta-feira (23), pedido de
informações à Prefeitura, questionando se há licença para alguma incorporação
no espaço da Fazenda Bela Vista.
- A nossa cidade não
teve nenhuma grande obra para melhorar a infraestrutura nos últimos 30 anos e,
no entanto, o que vemos são as principais vias expressas da cidade, como a
União e Indústria em diversos trechos, como Corrêas e Itaipava, e a Coronel
Veiga, com uma gama muito grande de empreendimentos imobiliários em vias de
finalização. Isso não pode acontecer mais. É preciso checar, imediatamente, os
empreendimentos que estão aprovados e o que estão para serem aprovados, e
consultar se há estudo de impacto de vizinhança. Não podemos ter nenhum
investimento de grande porte sem uma análise profunda – disse Jamil.
Uma alternativa para
planejar melhor o desenvolvimento da cidade e melhorar a qualidade de vida dos
moradores é a revisão da Lei de Uso, Ocupação e Parcelamento do Solo (Lupos),
garantindo um melhor ordenamento do espaço urbano e das atividades comerciais
em toda a cidade. A medida foi defendida pelo urbanista Gustavo Basto, em
entrevista ao Diário há duas semanas.
- É preciso atualizar
a Lupos para definir melhor as ocupações. Além disso, é preciso exigir que os
novos prédios tenham infraestrutura adequada, com vagas de estacionamento
suficientes. O primeiro passo para melhorar o trânsito na cidade é rever a
legislação existente – disse.
O Diário procurou a
Prefeitura de Petrópolis e questionou se há algum empreendimento licenciado na
Fazenda Bela Vista, mas, até o fechamento desta edição, não houve resposta. O
Instituto Estadual do Ambiente (Inea) também foi procurado, mas não respondeu.
Fonte: Diário de Petrópolis
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