segunda-feira, agosto 22, 2016

Onze hectares de mata do Parnaso foram queimadas em duas ocorrências

Duas queimadas em áreas pertencentes ao Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso) consumiram pelo menos 11 hectares e meio de mata. Nos dois casos, birgadistas do Parnaso aturam ininterruptamente para extinguir as chamas. Em um dos casos, ocorrido no meio do último mês, antenas de comunicação da Região Serrana, foram prejudicadas pelas chamas provocadas pela soltura de um balão.

A quantidade de área queimada chamou atenção principalmente na última semana, quando uma queimada atingiu uma mata nas proximidades da Rua Nossa Senhora da Glória, em Corrêas. Pelo menos 10 brigadistas atuaram na localidade e foram necessários dois dias para que o fogo fosse cessado. No local, oito hectares de terra foram consumidos pelas chamas. Apesar disso, não existe informações sobre o que gerou o fogo.
Fogo no Morin

No dia 11 de julho, áreas de vegetação de três bairros foram atingidas por queimadas, supostamente provocadas por um balão. Caxambu, Siméria e por último o Morin, que teve a extensão verde mais prejudicada. No local, pelo menos três hectares e meio de área verde foram queimadas, próxima às antenas das principais estações de rádio, televisão e telefone do município. Brigadistas do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso), que atuam no Instituto Chico Mendes e uma equipe dos bombeiros atuavam no combate.

O balão teria caído na mata por volta das 21h, onforme informações do pedreiro Elianderson Fernandes, morador do bairro Vila Felipe.

- Cheguei a ver o balão vindo em direção à mata. Neste momento, soltava muitos foguetes. Não consegui ver a origem do balão. Quando foi meia-noite, vi caindo e então teve início a queimada – lembrou.

Por volta das 7h, um grupo de nove Brigadistas do Parque Nacional da Serra dos Órgãos chegou ao local. No momento, uma equipe do Corpo de Bombeiros já atuava no trecho. O contingente teria controlado o foco da queimada e após perceberem que o equipamento dos bombeiros não atendia mais a demanda, os militares deixaram o combate por conta dos agentes do Instituto.
Fogo volta a atingir o local no dia seguinte
Por volta das 12h, o fogo teria novamente tomado força e com isso outros brigadistas foram acionados. Ao todo, atuavam na mata 20 agentes do ICMBIO, comandados pelo chefe de brigada Mariano Santana. Segundo o mesmo o vento e a época seca, contribuíam com a propagação das chamas.

- A idéia é traçar um estudo para o combate às chamas, pois a área é de mata virgem. O problema é o difícil acesso aos focos e a extensão que o fogo atingiu. O ideal é não deixar as vegetações chegarem em torno das antenas – explicou.

Mariano chegou ao local com sua equipe logo pela manhã. Segundo informações que teve acesso, vindas de moradores da região e da internet, as chamas foram provocadas pela queda de um balão. Supostamente o mesmo que ocasionou uma queimada no Caxambu.

- Ainda à noite, tive informações via internet, que o balão que provocou a queimada combatida pelos bombeiros, foi o mesmo que provocou as chamas no Morin. Estamos atuando aqui, pois esta área faz parte do Parque Nacional. Aqui, pelo menos três hectares foram queimados – afirmou.
Coronel: relevo atrapalha combate às chamas

Dando suporte ao combate, os agentes dos bombeiros de Petrópolis e Itaipava trabalharam nos últimos meses para combater a prática de queimadas, comuns nos meses de julho a outubro. Segundo o plano de contingência do município, é a Secretaria de Defesa Civil que coordena a resposta a emergências, gerenciando a logística das entidades que atuam no combate a incêndios.

O diretor operacional da Defesa Civil, coronel Ramon Camilo, falou ao Diário sobre o combate às queimadas dos últimos meses.

- Em primeiro lugar, não existe combustão espontânea em Petrópolis. No Morin, a causa foi um balão. Nos outros locais, vamos determinar a causa em perícia. As condições do tempo, com a mata seca, propiciam a propagação dos focos de incêndio – disse o coronel. Ele disse também que o relevo da região atrapalha o trabalho dos bombeiros, já que há focos de incêndio em lugares íngremes ou inacessíveis.

- Todo bombeiro é treinado para entrar na mata, mas existem locais em que é preciso escalar, e isso é inviável. Nesses casos, tem que aguardar para que o fogo desça, para poder apagá-lo.

A Defesa Civil é o órgão responsável por essa perícia. Mas também por ações de prevenção dos incêndios. São distribuídas cartilhas, avisando a população para não descartar guimbas de cigarro, nem queimar mato ou lixo, especialmente próximo a vegetação. Incêndio florestal é crime, previsto na Lei Federal 9.605/98.
Fenômeno climático é a principal consequência

A estiagem é um fenômeno climático que tem como principal consequência a falta de chuva por períodos prolongados. Diferentemente da seca, que tem duração permanente, a estiagem é sazonal. Por conta da falta de água, principal impacto negativo da estiagem, a prioridade de abastecimento passa a ser o ser humano. É aí que a agropecuária, as indústrias e os serviços passam a ficar comprometidos.
Os meses de setembro e outubro foram historicamente mais secos em 2015, o que, como são meses de transição para a época das chuvas, não é um bom sinal. Um sistema de alta pressão atmosférica que vem do oceano impediu que as frentes frias trouxessem umidade do Sul.

Atipicamente, este fato ocorreu durante o verão (de janeiro a março) e ficou parado na região, impedindo as nuvens carregadas de chuva de se aproximar. Quando abril acabou, levou com ele a temporada de chuva.
Um relatório recente da ONG WWF Brasil apontou o desmatamento da Amazônia como possível causa do fenômeno. Com o fenômeno climático obviamente o setor agropecuário brasileiro sofre as consequências.
Nos casos de redução da oferta de produtos agropecuários, há um aumento de preços, causando ainda impactos no PIB dos municípios. Os pastos foram prejudicados, o que tornou os efeitos da entressafra sobre os preços de bovinos mais agudos.

Em nota enviada à Redação do Diário, o Grupamento de Operações Aéreas (GOA) do CBMERJ poderá ser acionado por qualquer unidade operacional em todo o Estado do Rio de Janeiro, tanto para ações de combate a incêndio florestal, atendimento pré-hospitalares, salvamentos, e outras atividades de bombeiro-militar; o seu acionamento depende de diversos fatores.
Fonte: Diário de Petrópolis 

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