São 30 suspeitas
aguardando resposta do laboratório, mas essas são apenas uma fração do total
De acordo com os
últimos dados do município, Petrópolis tem 30 casos notificados de suspeita de
zika, que tiveram colhimento de amostras de sangue e estão aguardando exames do
laboratório do Instituto Oswaldo Cruz. No entanto, esses números ainda não representam
o total dos casos de suspeita de zika que ocorreram desde julho de 2015, quando
o Governo do Estado considera que o vírus começou a circular no Rio de Janeiro.
Isso porque os sintomas muitas vezes não aparecem, ou são muito parecidos com
outras infecções virais. Assim, é muito comum que médicos diagnostiquem zika em
pacientes, mesmo sem terem certeza, já que o exame necessário para a
identificação é caro e só pode ser feito em laboratórios avançados. São
os diagnósticos clínicos
Só os casos que tem coleta
de sangue são notificados pela prefeitura ao Ministério da Saúde, já que não
faria sentido a notificação dos casos que não poderiam ser confirmados. Além
disso, os exames capazes de comprovar a presença do vírus zika é caro e
demorado. Por isso, o Ministério da Saúde aconselha a priorizar gestantes e
pessoas com complicações e doenças crônicas. E tratar os demais casos suspeitos
com os diagnósticos clínicos dos médicos.
A coordenadora da
Epidemiologia do município, Claudia Mara, confirmou que essa é a prática ao
dizer, na terça-feira (23) que os casos das gestantes recebem prioridade do
estado “por conta dos riscos da microcefalia”. Há 25 desses casos em
Petrópolis, que estão sendo acompanhadas por apresentarem sintomas do zika
vírus.
Segundo o infectologista
Paulo Cesar Guimarães, diretor da Faculdade de Medicina de Petrópolis (Fase), a
identificação da dengue e do vírus zika é complicada porque são doenças com
sintomas muito semelhantes.
- É difícil
diferenciar as três doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Dengue, zika e
febre chikungunya são muito parecidas, e são todas doenças do grupo das
arboviroses – disse o médico. Mas ele destacou um ponto menos negativo: mesmo
sem a confirmação das doenças, é possível fazer o tratamento, que é paliativo
para as três enfermidades:
- Na maioria das
vezes, não há um tratamento específico para cada uma. O mais importante é
começar a hidratação, oral no início, o mais breve possível.
Um petropolitano que
teve caso parecido é o fisioterapeuta Luís Mário Cruzick, que foi diagnosticado
com zika vírus no início de fevereiro, ao apresentar a maioria dos sintomas,
“fiz dois exames e
não havia acusado nada, mas um infectologista que eu conhecia me examinou e
disse que era zika. Estava com febre entre 37,5°C e 38°C, dor nas articulações
e muita dor na coluna”, contou Luís Mário. Mas os piores sintomas estavam por
vir: ”Depois de dois dias, vieram as manchas vermelhas, e aí começou uma
coceira louca, parecia que tinha pó de mico no meu corpo. Durou dois dias.
A esposa de Luís
estava grávida, com gestação de 30 semanas. Mesmo com esse estágio da gravidez
sendo avançado o bastante para diminuir o risco de microcefalia para o bebê, o
casal tomou a decisão de que ela passasse uma semana na casa da mãe para evitar
que ela se contaminasse, já que nos primeiros sete dias da doença, um mosquito
pode picar o infectado e transmitir o vírus. “Graças a Deus ela não pegou”,
acrescentou Luís Mário.
Identificação
A identificação do
vírus zika não é simples. Ainda não existe no Brasil um exame sorológico, que é
um teste simples capaz de ser efetuado qualquer laboratório de patologia
clínica. Em lugar disso, o que se faz é o exame conhecido como RT-PCR (sigla em
inglês para “reação da transcriptase reversa seguida de reação em cadeia de polimerase”).
Esse teste complexo é capaz de identificar o material genético do zika (seu
RNA) em uma amostra de sangue ou urina. Esse teste deve ser feito nos primeiros
cinco dias da doença.
A situação é
diferente, por exemplo, com o vírus da dengue, que pode ser identificado pelo
exame sorológico, que diferencia todos os quatro tipos do vírus. Ao contrário
do teste do zika, esse exame só é eficaz depois do sexto dia de manifestação da
doença.
Os sintomas da
infecção do zika vírus, assim como o das outras doenças transmitidas pelo Aedes
aegypti – dengue e febre chikungunya – são comuns a várias infecções virais. Só
20% dos infectados apresentam sintomas que são manchas vermelhas na pele com
forte coceira, febre intermitente, dor muscular e nas articulações, olhos
avermelhados e dor de cabeça.
“Pacientes
devem ficar em casa”
A médica paraibana
Adriana Melo, responsável por confirmar a associação do vírus zika com a
microcefalia no Brasil defendeu nesta ontem que as autoridades de saúde
orientação os infectados pelo vírus para que fiquem em casa.
“Muitas pessoas que
estão doentes vão trabalhar. Tem que pensar nessa orientação. Em caso de
doença, essas pessoas têm que ser estimuladas a ficar em casa. Na Europa, por
exemplo, uma pessoa gripada é aconselhada a ficar em casa para não passar o
vírus adiante”, disse,
A declaração foi
feita durante sessão temática no Senado sobre o mosquito Aedes aegypit.
O evento reuniu parlamentares, o ministro da Saúde Marcelo Castro e
especialistas médicos e pesquisadores.
Sobre as mães de
bebês com microcefalia Adriana Melo lembrou que elas precisam de cuidados que
vão além dos médicos: “Há muitas mães carentes e outras que foram abandonadas
pelos maridos. A maioria não tem condições de cuidar de suas crianças”.
Ela disse também que
é preciso melhorara a qualidade dos equipamentos de ultrassonografia, bem como
a capacitação dos profissionais que fazem o exame, que é um meio de detectar a
microcefalia. “Em caso de dúvida, o diagnóstico é feito pela ultrassonografia
durante a gestação. É possível fazer, mas tem que melhorar qualidade dos
aparelhos e capacitar o pessoal”.
“São coisas simples e
que barateiam muito a assistência aos pacientes” afirmou
Fonte: Diário de Petrópolis
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