A falta d'água em Petrópolis já
começou a chegar num nível considerado crítico. Sem chuva há mais de um mês, a
cidade já enfrenta problemas de racionamento em várias localidades. Segundo a
concessionária Águas do Imperador, os mananciais que abastecem a cidade tiveram
queda de 30%, contando com os sistemas alternativos de Ponte de Ferro e Rio da
Cidade.
Ainda de acordo com a
concessionária, as áreas mais prejudicadas pela estiagem são as partes altas,
onde o abastecimento só pode ser feito por meio de bombas, que dependem de
grande volume de água para serem automaticamente acionadas. Na barragem do
Caxambu, no Santa Isabel, o vazadouro está seco. Com a diminuição do volume de
água, não há pressão suficiente para que elas sejam ligadas.
Esse é o caso de localidades
como Bela Vista, Alcobacinha e diversas ruas da região do Quitandinha, como
Espírito Santo, Honduras, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Amazonas.
A dona de casa Ana Cristina
Raibolt, de 40 anos, tem duas filhas gêmeas de 10 anos. Ela conta que as crianças
não tomam banho desde a semana passada. “Minhas filhas estão sem tomar banho
desde sexta-feira, porque não está caindo água suficiente. Então temos que
estocar para beber e estamos racionalizando o banho. Eu tomei no sábado porque
não sabia que ia ser o último dia que teríamos água e elas vão tomar só quando
a caixa encher novamente. O que me preocupa é que além da aparência, a falta de
higiene pode gerar doenças”, revelou a moradora da rua Amazonas.
No Bela Vista a situação é
parecida. A caixa d'água da manicure Heloísa Marinho, de 36 anos, está vazia
desde sábado. “Se não temos água para beber, nem para cozinhar, tomar banho vai
ser só em último caso. Eu nunca tive problema com falta d'água aqui, até porque
aquela barragem da Ponte de Ferro fica perto de casa. Moro aqui há 20 anos, mas
dessa vez está demais. São quatro dias sem uma gota d'água. Eu entendo que a
concessionária não tem culpa, mas eles vão ter que fazer alguma coisa,
aproveitando melhor essa água da chuva e distribuindo igualmente” desabafou.
As regiões conhecidas como
“pontas de rede”, situadas nos pontos mais distantes dos sistemas de
abastecimento, e onde o fornecimento também é feito por bombeamento, também
ficam prejudicadas.
No bairro Atílio Marotti, o
abastecimento está interrompido há três dias. A situação é ainda pior para quem
mora no condomínio Sesmarias Residencial, no Samambaia. Lá, mais de 600
moradores estão sem uma gota d'água há pelo menos dez dias. “Desde a semana
retrasada estamos enfrentando essa situação. O atendimento nunca foi
satisfatório, mas dessa vez está muito complicado. Moro aqui há um ano e meio e
estou começando a ter sérios problemas com a falta de água. Nossas caixas só
conseguem atender os blocos por um dia e por isso precisam ser enchidas todos
os dias. O problema é que não cai nenhuma gota há uma semana. Tenho vizinhos
com criança pequena, o filho de uma vizinha estava com febre e ela não tinha
como dar banho na criança para a febre passar. É uma situação lamentável”,
revelou o empresário Reinaldo Coelho.
O empreendedor explicou que não
há caminhões-pipa suficiente para atender a demanda. “Eu estou há uma semana
tentando correr atrás de um caminhão-pipa para nós, mas eles não têm tempo,
estão atendendo a diversos bairros da cidade”, contou.
Sandro de Carvalho, de 48 anos,
tem uma filha de dois anos e vai passar o resto do mês na casa dos pais. “Eu
vou para a casa da minha mãe em Pedro do Rio, porque lá tem mina d'água. Minha
filha é pequena e falei com minha esposa para nos mudarmos por um tempo para
lá, porque não dá pra ficar sem água aqui”, explicou.
A Tribuna foi até o condomínio
Sesmarias Residencial Petrópolis, mas o síndico não estava e não havia nenhum
representante para falar com nossa equipe.
Diante da situação de escassez
bem avançada, para minimizar os efeitos da estiagem a Concessionária Águas do
Imperador informou que executa manobras específicas, fechando o abastecimento
para uma região para forçar o abastecimento dessas partes mais altas. Além
disso, segundo a empresa, oito caminhões-pipa estão circulando em horário
ampliado e a interligação dos sistemas, concluída em 2014, permite o
deslocamento de água de um sistema para outro, onde haja maior demanda.
Quanto ao condomínio Sesmarias,
a Águas do Imperador disse que o abastecimento está sendo normalizado e com a
pressão d'água dentro dos padrões. O que acontece é que o condomínio não dispõe
de um sistema de bombeamento interno para aduzir a água até o reservatório
superior. A Águas do Imperador informa ainda que está prestando assistência ao
condomínio e, por isso, um técnico da empresa iria ao local na noite de ontem
para ver o que pode ser feito.
Com relação às regiões do
Quitandinha, a empresa disse que enviou um caminhão-pipa para a região na
madrugada de hoje.
A concessionária de água informou
também que tem concentrado esforços em ações estratégicas para qualificar o
abastecimento e minimizar as consequências da estiagem: substituição de
adutoras, como a obra que está sendo realizada na Rua Mosela, por exemplo;
investimento em equipamentos de automação das Estações de Tratamento de Água e
limpeza das captações; otimização de unidades de bombeamento de água,
aumentando a vazão, e utilização de geradores para garantir o funcionamento das
bombas de água; e monitoramento em tempo real das redes através do Centro de
Controle Operacional. Em várias regiões da cidade, como Itaipava, Nogueira e
Cascatinha, estão sendo realizadas obras de interligação que diminuem a
intermitência do abastecimento.
Fonte: Tribuna de Petrópolis
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