(Foto: divulgação)
Esse é o caso do servidor público Pedro Rocha, de 26 anos. Ele mora no bairro São Sebastião, em Petrópolis, e trabalha na Glória, no Rio de Janeiro, há 6 anos. No início descia e subia de ônibus, mas com o tempo viu que o preço para ir de carro era, basicamente, o mesmo. Com o aumento da tarifa do pedágio, ele falou que vai ter que voltar atrás. Por dia, Pedro revelou que gasta, em média, de R$ 60 a R$ 70. Como recebe mil reais para os custos com transporte, tem que tirar do bolso cerca de R$ 400. Esse é mais um motivo para voltar a ir de ônibus para o trabalho.
Já o empresário Leandro Ponte Carneiro, que também está indignado com a situação, mora em Areal e trabalha no Rio, em uma empresa de materiais de construção. Por dia, paga quatro pedágios – considerando ida e volta. Para ele, o aumento de mais de 24% é um absurdo. “Estamos passando por um momento de crise. Na minha loja, o movimento caiu, em média, 40%. Não é preciso fazer muita conta para saber que a realidade é que há perda no faturamento e aumento dos custos. Infelizmente o que vemos é que estamos pagando pela corrupção do governo”, lamentou.
As consequências do aumento do pedágio já podem ser sentidas pela população. Ontem, a Viação Única, empresa que faz a ligação intermunicipal entre o Rio e Petrópolis, aumentou o valor das passagens. Linhas que saem de Petrópolis para Barra, Novo Rio, Duque de Caxias, Castelo e Juiz de Fora, por exemplo, já tiveram as tarifas alteradas. Mas a média do aumento foi de R$ 0,14 por passageiro. A passagem de Petrópolis para a Rodoviária Novo Rio passou de R$ 22,21 para R$ 22,35.
Segundo José Augusto Cortinhas, do departamento jurídico da empresa, esperava-se um reajuste com base na inflação e não acima dela. Já o gerente de operações Luiz Felipe Fernandes ressaltou que o preço cobrado pela concessionária não condiz com as péssimas condições da rodovia. Por dia, os coletivos da Única fazem, em média, 300 viagens – ida e volta. Ao todo, carregam cerca de 8 mil passageiros por dia. Porém, de acordo com José Augusto houve redução do número de passageiros. Ele destacou ainda que o aumento no valor da passagem é substancial, uma vez que, o pedágio é diluído de acordo com o número de passageiros que o ônibus pode carregar – 32.
Deputados e vereadores pedem revisão dos cálculos para aumento da tarifa
Ontem, o deputado federal Hugo Leal (PROS-RJ) entrou em contato com representantes da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e exigiu a revisão da resolução que autorizou a cobrança dos novos valores. O deputado garantiu que esse novo valor, será derrubado o mais rápido possível. O reajuste autorizado pela agência ficou bem acima da inflação do período, que ficou em 8,89%.
Desde o início da cobrança de pedágio, em 1996, a tarifa subiu 319%. Isso se for levado em conta o período até agosto de 2014, quando entrou em vigor o reajuste anterior.
Já o presidente da Câmara de Vereadores, Paulo Igor (PMDB), enviou um ofício ao Ministério Público Federal (MPF), pedindo que o órgão intervenha, adotando as medidas cabíveis. A Câmara também oficiou a ANTT, cobrando explicações sobre os parâmetros adotados para a autorização para um reajuste dessa proporção. “Não existem melhorias na estrada que justifiquem uma majoração como esta. Estamos falando de uma rodovia que não recebe a manutenção necessária. A pista de subida da Serra de Petrópolis continua em péssimas condições”, ressaltou.
Ele lembrou ainda que os investimentos feitos hoje pela Concer estão concentrados basicamente na construção da nova pista de subida da BR-040. Mas cabe lembrar que 70% destas obras estão sendo custeadas com recursos federais – um aporte financeiro de R$ 700 milhões. “Um aumento como este na tarifa de pedágio, é uma afronta aos usuários da rodovia e certamente prejudica a economia da cidade”, destacou Paulo Igor.
Bernardo Rossi, deputado estadual licenciado, está questionando a ANTT se esse reajuste está relacionado a uma tentativa de repasse dos custos da nova obra de subida da serra para os usuários. “A nova subida da serra é fundamental para a cidade, para a nossa economia, mas o usuário petropolitano
não pode continuar sendo punido. A obra já deveria ter ficado pronta em 2011 e sem dinheiro público porque deveria ter sido executada pela empresa que opera a via”, aponta. Bernardo está pedindo uma audiência com o presidente da ANTT para levar um documento assinado por entidades que representam a sociedade civil de Petrópolis e de Minas Gerais contra o reajuste de pedágio.
Caminhoneiros falam em manifestação
Jorge Lisboa, do Sindicato dos Caminhoneiros de Petrópolis, declarou que a classe está insatisfeita com o aumento do pedágio e estuda a realização de uma manifestação para reivindicar o alto valor da tarifa. Segundo ele, embora os encargos sejam mais um custo na conta do caminhoneiro, muitas empresas ainda conseguem passar esse aumento para o consumidor final. Apesar disso, declara que não entende como o reajuste foi autorizado pela ANTT, uma vez que a concessionária não cumpre com suas obrigações, como a manutenção da rodovia.
No último dia 27 de julho, Lisboa entrou com um pedido de audiência pública na Câmara de Vereadores justamente para reivindicar as condições da BR-040, que provocam os constantes acidentes na estrada. A maioria deles, envolvendo caminhoneiros.
Fonte: Tribuna de Petrópolis
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