quinta-feira, fevereiro 26, 2015

Caminhoneiros continuam protestando na BR-040

Aderindo ao movimento nacional caminhoneiros de Petrópolis realizaram novamente manifestação na BR-040, na altura de Itaipava, e pararam outros motoristas em repudio ao aumento da gasolina, além de reivindicar reajuste no valor dos fretes e também pedágio abusivo. Cerca de 200 caminhões foram parados durante a manhã. Os manifestantes, além de conversar com outros motoristas, distribuíram panfletos aos que aderiram a causa.
Este é o segundo dia de ato em Petrópolis, Região Serrana do Rio, no entanto, desde o fim de semana, que o movimento nacional ganhou força, principalmente na Região Sul do país, onde inclusive, o abastecimento de alimentos e materiais essenciais, já ficou escasso. Cerca de 15 caminhoneiros, com faixas aderiram a mobilização e ajudaram a parar outros caminhões no trajeto.
“Pedimos que os caminhoneiros ficassem em casa novamente, no entanto, não são todos que são donos dos seus caminhões, em sua maioria são funcionários. Por isso realizamos estes bloqueios, pedindo que eles fiquem parados por cerca de duas horas. É um ato pacífico e todos aderiram também, já que as reivindicações são da classe toda”, disse o representante do Sindicato dos Caminhineiros, na Região Serrana, Jorge Lisboa.
Durante toda a manhã eles realizaram paradas de caminhões em um posto de gasolina que fica na altura do km 61, pouco depois da entrada para Itaipava. Muitos motoristas aderiram ao manifesto e pararam os veículos em protesto. Segundo Jorge, o objetivo é retirar os caminhões das rodovias, mesmo que por pouco tempo, o que representa um prejuízo para o governo.
“A maior parte dos alimentos por exemplo que são essenciais para as famílias brasileiras são transportados por caminhões, carretas. Não há outro meio de transporte e com o aumento no combustível como aconteceu, não tem como não ter aumento também na vida, cotidiano das pessoas. Nosso frete hoje, com este aumento abusivo, é deixado cerca de 60% para pagamento da gasolina. O restante é dividido entre os gastos com pedágio, despesas durante a viagem, alguns ficam quase um mês fora de casa, e pagamentos de contas, está inviável”, lamentou.
Grande parte dos caminhoneiros aderiram a parada dos veículos e concordaram com as reivindicações da classe, que acontece hoje em todo país. No caso do caminhoneiro Washington Luiz da Silva, que exerce a profissão há 10 anos, o aumento não incidiu em si no seu trabalho, já que é funcionário, mas sim em todas as despesas de casa.
“Já estou há 9 dias na estrada fazendo o transporte para o interior do Rio. Mas o prejuízo em geral é para todos nós. Concordo com as reivindicações porque não tivemos também reajuste de salário”, lamentou.
 
União pede liberação das vias
No início da semana, a Advocacia-Geral da União (AGU) decidiu otem entrar na Justiça Federal com um pedido de liberação das rodovias bloqueadas. De acordo com a AGU, a medida tem o apoio do Ministério da Justiça, por meio da Polícia Rodoviária Fderal (PRF) e da Força Nacional.
As ações, segundo a AGU, foram ajuizadas nos estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. O órgão informa ainda que pediu a autorização da Justiça para que o Poder Público possa adotar “medidas necessárias para garantir a circulação nas pistas e a fixação de multa de R$ 100 mil para cada hora que os manifestantes se recusarem a liberar o tráfego”.
 
Cidades ficam desabastecidas
Os bloqueios nas estradas têm causado desabastecimento de produtos em alguns estados do país, principalmente da região Sul. Indústrias de alimentos, agricultores e pecuaristas do oeste, sudoeste e norte do Paraná chegaram a suspender as produções. Frigoríficos em Francisco Beltrão, Dois Vizinhos e Toledo deixaram de fazer o abate de aves. No Rio Grande do Sul, a paralisação afetou diversos setores produtivos. Indústrias de laticínios e frigoríficos, por exemplo, tiveram a produção reduzida por falta de matéria-prima e já contabilizam prejuízos.
 
Classe se reuniu com governo
Para encerrar o protesto dos caminhoneiros, o governo se compromete a sancionar sem veto a Lei dos Caminhoneiros, aprovada pela Câmara no último dia 11 e que estabelece regras para o exercício da profissão de motorista. O projeto aprovado assegura isenção de pedágio para quem estiver com o caminhão vazio. Assim, os veículos vazios não pagarão pedágio pelos eixos que estiverem suspensos. Além disso, o governo admite a prorrogação dos empréstimos do Programa Pró-Caminhoneiro por um ano. Em 2013 e 2014, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) emprestou R$1 bilhão.
O governo não atendeu ao pedido de reduzir preço do diesel nem de interferir na negociação do preco do frete. Nesta quarta, na Bahia, a presidente Dilma Rousseff afirmou que não há condições de reduzir o preço do diesel, a exemplo do que já havia antecipado o ministro Miguel Rossetto no dia anterior.
Em meio aos protestos e bloqueios de estradas, governo e representantes dos caminhoneiros estiveram reunidos na tarde de ontem em Brasília. A reunião para negociar o fim das interdições aconteceu no Ministério dos Transportes. A assessoria da pasta confirmou a presença do titular dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues.
 Fonte: Tribuna de Petrópolis

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