segunda-feira, novembro 03, 2014

Obra em área afetada por tragédia causa medo em moradores do São Sebastião

Na tragédia registrada na cidade no ano de 1988, diversos petropolitanos perderam suas casas e até a vida. Com a proximidade do período de chuvas fortes, quem mora em encostas ou áreas que oferecem algum risco fica em alerta máximo. Esse é o caso da doméstica Isaura Regina dos Santos Alves, que vive na Rua Capitão Paladino, no bairro São Sebastião, e teme possíveis deslizamentos de terra devido a uma obra que está sendo realizada em um morro acima de sua casa. 
Em 1988, um grande deslizamento atingiu a residência da moradora, que na época perdeu a mãe na tragédia. O corpo da mulher foi encontrado alguns dias depois pendurado em uma árvore do Meio da Serra. Segundo a doméstica, o fato ocorreu por causa de uma obra que estava sendo realizada no mesmo local. Este mês, a chuva forte que chegou a alagar algumas ruas da cidade provocaram também um deslizamento de terra na mesma região, mas em proporções menores.
 “Tenho medo que a mesma coisa se repita. Conseguimos reconstruir a casa, mas a minha mãe acabou morrendo. Agora estão novamente fazendo obra no mesmo barranco e já ouve um pequeno incidente. Tenho muito medo do que pode acontecer e ninguém do poder público vem fiscalizar essa intervenção. Já cansamos de ligar para os setores responsáveis e até agora nada”, afirmou Isaura.
A nora da doméstica, Priscila Hercolano, também vive no local com os dois filhos pequenos. “Entrei em contato com o Ministério Público há dois meses e me disseram que não poderiam fazer nada por se tratar de apenas uma residência. Fui na Defensoria Pública e me deram um telefone que ninguém atende. Já na Secretaria de Obras, o encarregado disse que só poderia ir ao local se o chefe desse essa ordem. Enquanto isso, a obra continua e os riscos vão aumentando”, reclamou.
A principal reclamação estaria ligada ao descarte de entulho no próprio barranco. “Minha casa não é invasão e pago todos os impostos, por isso estou brigando pelos meus direitos. Todo o entulho produzido pela obra está sendo colocado no barranco e quando chover forte vai ser levado para baixo, onde fica a minha casa. Isso só pode dar em tragédia e estou muito preocupada”, contou Isaura.
Apesar disso, o proprietário da casa, Maicon Oliveira de Souza, que é carpinteiro e trabalha com obras há mais de 20 anos, alega não haver nenhum risco. “Ainda não consegui regularizar 100% a obra na prefeitura porque meu sogro faleceu esse mês e a família toda ainda está atordoada, mas isso estará resolvido na segunda-feira.
Com relação ao entulho que está no local, foi um material que eu desenterrei, pois foi colocado pelo antigo proprietário e moradores que vivem nos terrenos que foram invadidos. Estou jogando tudo fora e plantando grama no local para segurar a terra. Nunca faria nada que pudesse prejudicar alguém, muito menos que colocasse a minha família em risco, tendo em vista que se esse morro começar a ceder vai me prejudicar também”, se defendeu.
Maicon afirma ainda que o terreno está regularizado e que a obra vem sendo acompanhada por um engenheiro. “Tenho certeza que nada que está sendo feito causa risco. Estou aumentando uma parte da casa e por isso estou colocando cinco colunas para que isso seja possível, mas me preocupei em plantar grama, retirar o entulho antigo e descartar tudo da forma correta”, disse. Mesmo assim, Isaura não se sente segura. “Já vi essa história em 1988 e acabou com uma pessoa morta. Mesmo plantando grama não será o suficiente para segurar a terra que está sendo mexida e o entulho acumulado no local”, alertou.
Fonte: Tribuna de Petrópolis

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