Na tragédia registrada na cidade no ano de 1988, diversos
petropolitanos perderam suas casas e até a vida. Com a proximidade do
período de chuvas fortes, quem mora em encostas ou áreas que oferecem
algum risco fica em alerta máximo. Esse é o caso da doméstica Isaura
Regina dos Santos Alves, que vive na Rua Capitão Paladino, no bairro São
Sebastião, e teme possíveis deslizamentos de terra devido a uma obra
que está sendo realizada em um morro acima de sua casa.
Em 1988, um grande deslizamento atingiu a residência da moradora, que
na época perdeu a mãe na tragédia. O corpo da mulher foi encontrado
alguns dias depois pendurado em uma árvore do Meio da Serra. Segundo a
doméstica, o fato ocorreu por causa de uma obra que estava sendo
realizada no mesmo local. Este mês, a chuva forte que chegou a alagar
algumas ruas da cidade provocaram também um deslizamento de terra na
mesma região, mas em proporções menores.
“Tenho medo que a mesma coisa se repita. Conseguimos reconstruir a
casa, mas a minha mãe acabou morrendo. Agora estão novamente fazendo
obra no mesmo barranco e já ouve um pequeno incidente. Tenho muito medo
do que pode acontecer e ninguém do poder público vem fiscalizar essa
intervenção. Já cansamos de ligar para os setores responsáveis e até
agora nada”, afirmou Isaura.
A nora da doméstica, Priscila Hercolano, também vive no local com os
dois filhos pequenos. “Entrei em contato com o Ministério Público há
dois meses e me disseram que não poderiam fazer nada por se tratar de
apenas uma residência. Fui na Defensoria Pública e me deram um telefone
que ninguém atende. Já na Secretaria de Obras, o encarregado disse que
só poderia ir ao local se o chefe desse essa ordem. Enquanto isso, a
obra continua e os riscos vão aumentando”, reclamou.
A principal reclamação estaria ligada ao descarte de entulho no
próprio barranco. “Minha casa não é invasão e pago todos os impostos,
por isso estou brigando pelos meus direitos. Todo o entulho produzido
pela obra está sendo colocado no barranco e quando chover forte vai ser
levado para baixo, onde fica a minha casa. Isso só pode dar em tragédia e
estou muito preocupada”, contou Isaura.
Apesar disso, o proprietário da casa, Maicon Oliveira de Souza, que é
carpinteiro e trabalha com obras há mais de 20 anos, alega não haver
nenhum risco. “Ainda não consegui regularizar 100% a obra na prefeitura
porque meu sogro faleceu esse mês e a família toda ainda está atordoada,
mas isso estará resolvido na segunda-feira.
Com relação ao entulho que está no local, foi um material que eu
desenterrei, pois foi colocado pelo antigo proprietário e moradores que
vivem nos terrenos que foram invadidos. Estou jogando tudo fora e
plantando grama no local para segurar a terra. Nunca faria nada que
pudesse prejudicar alguém, muito menos que colocasse a minha família em
risco, tendo em vista que se esse morro começar a ceder vai me
prejudicar também”, se defendeu.
Maicon afirma ainda que o terreno está regularizado e que a obra vem
sendo acompanhada por um engenheiro. “Tenho certeza que nada que está
sendo feito causa risco. Estou aumentando uma parte da casa e por isso
estou colocando cinco colunas para que isso seja possível, mas me
preocupei em plantar grama, retirar o entulho antigo e descartar tudo da
forma correta”, disse. Mesmo assim, Isaura não se sente segura. “Já vi
essa história em 1988 e acabou com uma pessoa morta. Mesmo plantando
grama não será o suficiente para segurar a terra que está sendo mexida e
o entulho acumulado no local”, alertou.
Fonte: Tribuna de Petrópolis
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