As reclamações com relação ao transporte
público de Petrópolis voltaram a fazer parte do cotidiano de quem
depende dos ônibus para se locomover. Desta vez, a falta de respeito com
os idosos impressiona. Muitos que utilizam as linhas da cidade afirmam
que atualmente quase ninguém cede lugar às pessoas da terceira idade,
causando constrangimento entre a classe e até mesmo prejuízos físicos,
pois muitos reclamam de dores pelo corpo e por isso a necessidade de
andarem sentados nos coletivos.
Nem mesmo os lugares destinados a esse
público estariam sendo respeitados, fazendo com que motoristas e
cobradores se recusem a seguir viagem caso ninguém se levante para que
os mais velhos possam se sentar. Quem lida com esse tipo de problema
afirma preferir ir em pé, por medo de represálias e por ser obrigado a
ouvir piadas ao longo do trajeto.
Os jovens estão no topo da lista de
reclamação. “Quando embarcamos pelo meio pode ter certeza de que não
conseguiremos sentar. Os adolescentes ficam olhando para o telefone,
fingem que estão dormindo ou simplesmente nos olham e ignoram do mesmo
jeito. Por isso, não faço nem mais questão de sentar, mas claro que é
muito desconfortável ir sacolejando todo o trajeto em pé. Já não somos
mais fortes como eles”, afirmou a doméstica Regina das Graças da Silva.
Regina faz tratamento duas vezes por
semana no Hospital de Corrêas, por ter 12 pinos e três platinas em um
dos ombros. Como mora no bairro Quitandinha, o trajeto é longo. “Toda
segunda e quinta-feira preciso ir para esses lados e é sempre uma luta.
Ninguém nos concede o lugar e ainda nos olham como se não tivéssemos o
direito de sentar por termos gratuidade. Em outra ocasião estava com um
machucado na perna que demorou cerca de dois anos para cicatrizar, isso
porque sempre que eu pegava ônibus além de não conseguir me sentar,
acabava sendo atingida sem querer por alguém e a ferida abria de novo.
Por causa disso, agora eu só entro no ônibus se estiver muito vazio,
assim tenho a certeza de que vou sentada”, afirmou.
O autônomo Adilton Basílio Pereira
também enfrenta o mesmo problema. “O desrespeito está presente em todos
os lugares, mas quando preciso ir para Itaipava e pegar o coletivo 700 é
um dos dias mais cansativos, isso porque ele vai lotado e mesmo assim
ninguém nos dá lugar. Não reclamo com ninguém e acabo indo em pé, mas é
preciso estar atento ao longo de toda a viagem para não correr o risco
de cair em alguma freada”, afirmou.
Os aposentados Leonor da Costa e Gerci
Martins também passaram pelas mesmas experiências. “Existem ainda muitas
falhas no sistema de transporte público do município e para piorar as
pessoas não têm educação, nem respeito pelos mais velhos. Só queria que
os jovens entendessem que os velhos de hoje são eles amanhã”,
desabafaram.
Fonte: Tribuna de Petrópolis
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