sábado, outubro 11, 2014

Petrópolis registra mais de 402 focos de incêndio

Foto: Alexandre Carius
Os prejuízos de uma queimada para a fauna e flora são inúmeros e, dependendo da proporção de um incêndio, a vegetação pode levar mais de 20 anos para se restabelecer. Além da perda do verde, os grandes incêndios trazem também prejuízos com perda de patrimônio natural, estabilidade geológica e até mananciais, uma das maiores riquezas naturais de Petrópolis. Segundo dados do Corpo de Bombeiros da cidade, até ontem foram 402 ocorrências de incêndio registradas em Petrópolis neste ano.

Os últimos dias na cidade foram marcados por grandes incêndios em vegetação. O último deles, em Nogueira, atingiu grande parte de mata virgem e após os bombeiros conseguirem apagar, tiveram que voltar para o local no dia seguinte porque as chamas haviam voltado. O incêndio teve início na Rua Bolívia e se alastrou rapidamente até o Bonfim e Calembe. Ainda não se sabe o tamanho do prejuízo para a vegetação e nem as causas do início da queimada, mas normalmente são criminosas. Desde queima de lixo doméstico ou até mesmo de lixo verde, que com o vento e falta de chuvas acaba se espalhando rapidamente. No início da tarde, um foco de incêndio foi registrado em Itaipava, nas proximidades do terminal de ônibus da região.
“A falta de acesso aos locais onde normalmente acontecem as queimadas é uma das dificuldades encontradas pelos militares no socorro, além de ter que carregar abafadores, bombas costais com 10 litros de água e os próprios uniformes para a segurança, que são pesados. Além disso, nos preocupa muito o fato de várias ocorrências ao mesmo tempo e os militares terem de deixar a área urbana 'descoberta'”, disse o coronel Roberto Robadey, comandante da área serrana do Corpo de Bombeiros.
O serviço se torna mais perigoso ainda durante a noite, já que as guarnições precisam pernoitar no local do incêndio pela dificuldade em retornar em segurança pelas trilhas.
Os dados do Corpo de Bombeiros mostram o período mais alarmante para a cidade com as queimadas. No mês de setembro foram registrados pouco mais de um incêndio em vegetação por dia, com total de 108 ocorrências. Neste mês, até ontem, já havia registros de 24 queimadas.

Trabalho continua após apagar o fogo
Mesmo depois de conter as chamas, não significa que o incêndio tenha terminado. Os socorristas precisam ainda ter o cuidado de retornar no dia seguinte para fazer o rescaldo. O rescaldo é o conjunto de operações necessárias para completar a extinção do fogo, impedir a reignição e colocar o local em condições de segurança. Como no caso do incêndio em Nogueira da última quinta-feira, que mesmo após ser contido pelos bombeiros retornou.

Prejuízos para fauna e saúde
Ainda não existe um levantamento sobre as espécies nativas de Petrópolis, mas existem animais comuns encontrados nestas regiões de muita vegetação como: pássaros das espécies trinca-ferro, xanxão, pica-pau, jacus, mico, preguiças, quatis, tatu e até jaguatirica, que é um gato selvagem e já foi visto algumas vezes na região da Reserva Biológica de Araras.
Além disso, a fumaça e a fuligem também causam problemas para a saúde. Diminuem a qualidade do ar, provocando doenças respiratórias como asma e rinite, atingindo, principalmente, crianças e idosos. Às margens das rodovias podem diminuir a visibilidade dos motoristas e provocar acidentes graves.
Estiagem aumenta incidência
Segundo o comandante da área serrana, coronel Roberto Robadey, esta é a época do ano em que o índice de queimadas e incêndios em vegetação acontecem com mais frequência, devido à estiagem (falta de chuvas). O período, que normalmente acontece no mês de setembro, ainda não teve fim neste ano, já que ainda não houve registro de chuvas.
Segundo um levantamento feito no ano passado pelo Corpo de Bombeiros do estado do Rio de Janeiro, a Região Serrana é campeã em incêndios florestais, sendo responsável por mais de mil incêndios por 
ano e causando uma perda ambiental de cerca de 15.000 hectares de área verde no mesmo período. Ainda de acordo com o levantamento, apenas 2% das queimadas têm causas naturais, as outras 98% são causadas por irresponsabilidade e intenção humanas.
Acompanhando Petrópolis, em Teresópolis o número de ocorrências de queimadas também foi alto, e até ontem totalizou 396 registros. Em Três Rios o número no mês de setembro também foi alto, com 80 ocorrências. No total foram 254 registros.
Crime ambiental pode ser punido
Os moradores podem denunciar quem comete esse tipo de crime. A Lei de Crimes Ambientais prevê multa de R$ 1.000 por hectare ou fração para quem faz uso de fogo em áreas agropastoris sem autorização, prisão e multa para quem fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios e prisão de até cinco anos e multa no valor de R$ 1.500 por hectare ou fração para quem provocar incêndio em mata ou floresta.
A pessoa que queima o lixo em casa pode ser multada em um valor que varia de R$ 500 a R$ 50 milhões, dependendo da área e da quantidade de resíduos que estão sendo eliminados.
Fonte:Tribuna de Petrópolis 

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