domingo, abril 20, 2014

Trote ainda é um problema enfrentado pelos Bombeiros

O Corpo de Bombeiros de Petrópolis, tanto dos quartéis da Barão e de Itaipava, tem enfrentado um problema que pode prejudicar o atendimento à população da cidade. A cada cinco minutos, uma ligação recebida pela central de atendimento e emergência, o número 193, é trote, segundo o comandante da Área Serrana, Roberto Robadey. Um dado preocupante, já que os militares podem ser deslocados para atendimentos falsos e atrapalhar quando o socorro é realmente necessário.
Segundo os bombeiros são dois tipos de trotes com mais reincidências. O primeiro deles, geralmente nos horários de entrada e saída das escolas, praticados por crianças e adolescentes. Este tipo, segundo o comandante Robadey, é mais fácil de detectar apesar de ocupar a linha, mas envolve também um outro agravante.
“As crianças acabam perdendo um pouco da credibilidade e quando realmente precisam pedir socorro, pode atrasar no atendimento como aconteceu uma vez na cidade de Cordeiro, quando trabalhei na área. Uma residência estava pegando fogo e enquanto os pais tentavam conter as chamas, pediram ao filho que chamasse os bombeiros. O atendimento foi realizado, e ninguém ficou ferido, mas acabou demorando um pouco”, explicou.
O segundo tipo de trote praticado na cidade, o mais grave, é aquele em que a pessoa liga e de tão real que se faz parecer, acaba convencendo o atendente. Este, no entanto, não é frequente. Nos últimos 30 dias, em toda região serrana, foram três trotes que deslocaram ambulâncias e outros veículos dos bombeiros para o socorro. Um deles em Petrópolis, na região de Itaipava, o que é ainda mais preocupante, já que o quartel da localidade conta com efetivo menor que no centro.
“Os bombeiros acabam se deslocando sem necessidade enquanto poderiam estar atendendo realmente a uma emergência. É um problema que atinge diretamente à população, porque pode ser qualquer um precisando de ajuda. Apesar dos homens que trabalham na central de atendimento serem treinados para identificar se a ocorrência é verdadeira ou não, sempre acontecem alguns casos em que a pessoa convence”, disse o comandante.
O Corpo de Bombeiros já utiliza algumas técnicas para evitar o deslocamento da equipe do socorro, tais como a utilização do identificador de chamadas e também a confirmação do socorro. O atendente recebe a ligação apura rapidamente a emergência e retorna ligando para o número que fez o pedido para confirmar.
“É um trabalho rápido já que o atendimento é de emerência, precisa ser feito com agilidade. Normalmente a equipe quando recebe o aviso de saída, consegue se deslocar do quartel em menos de dois minutos”, explicou.
São ao todo cerca de 150 homens divididos entre os quartéis da Avenida Barão do Rio Branco, que é o 15° Grupamento de Bombeiros de Petrópolis e o de Itaipava. O grupamento do centro conta de 15 a 20 militares atuando na emergência por dia, já no terceiro distrito são de sete à 10. Dependendo do tipo de socorro, mais de uma viatura é deslocada, como a ambulância, o resgate e o Auto-bomba-tanque (ABT) geralmente utilizado para combater incêndios.

Trote também é problema para polícia
Não são apenas os bombeiros que sofrem com os trotes, a Polícia Militar, através do 190, também é vítima da brincadeira de mal gosto. Segundo o comandante do 26° Batalhão da PM de Petrópolis, na média de ligações recebidas por dia, cerca de 50% são trotes.
Além dos prejuízos com o deslocamento das viaturas sem qualquer necessidade, há também os gastos para a Polícia Militar como combustível e também a manutenção do veículo.
“Não são só os gastos públicos, mas também acabam ocupando a linha, que poderia estar recebendo uma ligação com uma denúncia de verdade. A polícia poderia estar atuando mais na segurança da própria população, que não percebe ser o que mais perde com esta brincadeira. Investigamos também 
casos de 'trote planejado' em que suspeitos desviam viaturas propositalmente”, disse o comandante, lembrando que a principal vítima do trote é a população.
De acordo com dados da Polícia Militar, o 190 recebe mais de duas mil ligações por dia, são normalmente chamadas rápidas que duram entre 30 segundos e um minuto. Ao contrário das ligações para o Disque Denúncia (2242-8005).
“Os policiais do Serviço Reservado da Polícia Militar (P2) são homens treinados para atender a chamadas qualificadas, com informações consistentes e quando percebem que é uma brincadeira de mau gosto já desligam a ligação. Nem contabilizamos os trotes para este telefone porque não são muitos”, disse.
O comandante do 26º Batalhão Polícia Militar, Rubens Peixoto, lembra que as denúncias da população podem ser feitas pelo 190 e também pelo Disque Denúncia (24) 2242-8005.

Trote é crime
A pessoa pode ser multada e responder por falsa comunicação de ocorrência e pode ficar preso com pena de até seis meses de reclusão.  No caso do crime ser cometido por uma criança, os pais podem responder legalmente pelos filhos.
Neste caso, a maior prejudicada é a comunidade, já que, quando a linha está ocupada, os bombeiros e também os policiais deixam de atender uma situação real e que pode ser grave.
Fonte:Tribuna de Petrópolis 

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