quarta-feira, janeiro 29, 2014

Ministério Público pede informações sobre cachoeiras de Petrópolis

O Ministério Público Federal (MPF) de Petrópolis instaurou um Inquérito Civil Público destinado a órgãos municipais e estaduais pedindo informações e providências a serem tomadas com relação a utilização dos poços e cachoeiras da cidade. Um ofício já foi expedido pelo procurador da República,  Charles Estevan da Mota Pessoa, e será entregue a Secretaria de Meio Ambiente, a Companhia Municipal de Desenvolvimento (Comdep), a Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans), a Secretaria de Segurança Pública, ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e a Área de Proteção Ambiental (APA) Petrópolis. A partir do aviso de recebimento, os órgãos terão 15 dias para responder os questionamentos feitos pelo procurador. Segundo Charles, será convocada uma reunião entre o MPF e esses órgãos para discutir questões como a superlotação, segurança, trânsito e impacto ambiental nesses locais. 
O inquérito foi instaurado a partir das frequentes denúncias feitas por moradores de diferentes localidades, como no Poço da Rocinha, em Secretário, onde a população tem reclamado frequentemente da desordem nos fins de semana. Além dos transtornos, as cachoeiras e os poços não contam com segurança, como a presença de salva-vidas. 
Entre os questionamentos, feito pelo procurador, constam as providências que serão tomadas com relação aos estacionamentos irregulares, que impedem o deslocamento dos moradores na região;  a existência de um plano de patrulhamento para evitar brigas e usos abusivo de bebidas alcoólicas;  a  possibilidade de instalação de banheiros químicos e se há um plano de aproveitamento ordenado e sustentável de cachoeiras e poços, especialmente aqueles que, recentemente passaram a contar com problemas recorrentes a superlotação.  “Acho complicado que esta situação fique desregrada. Precisamos que esses espaços sejam utilizados de forma ordenada. São recursos naturais que estão sofrendo impactos ambientais”, destacou o procurador. 
A cidade conta com poços no Rocio, no Vale das Videiras e em Secretário, além das cachoeiras do Bonfim, Caxambu, Véu da Noiva (dentro do Parque Nacional Serra dos Órgãos), cachoeira da Macumba ou Açuzinho (Estrada Petrópolis – Teresópolis) e do Vale da Boa Esperança. Nas últimas semanas, a temperatura acima dos 35ºC na cidade tem levado petropolitanos e turistas para estes locais. Em Secretário, a estimativa é que 3 mil pessoas estejam frequentando o poço nos domingos de sol. Após uma série de reclamações, a prefeitura enviou, nos últimos dois fins de semana equipes de fiscalização para o local, além de ter sinalizado toda a via,  com placas que indicam que é proibido estacionar no lado esquerdo da pista. Mas, mesmo depois destas providências, os moradores continuam preocupados com o excesso de banhistas e pedem que a fiscalização seja intensificada, assim como, o número de frequentadores seja limitado, por meio de uma cancela. 
Flávia Soares, de 36 anos, é analista de sistemas, e mora no Centro do Rio de Janeiro. Nos fins de semana ela sobe a serra, em busca de tranquilidade na região do Alto Secretário. Mas, no verão ela tem enfrentado transtornos com engarrafamentos de até 2 horas para passar pela Estrada da Rocinha. A analista reconhece que as intervenções da prefeitura ajudaram a controlar a desordem, mas ainda teme a época do Carnaval e o aumento do número de banhistas neste período. “A CPTrans liberou todo lado esquerdo da pista para estacionamento, porém, em alguns pontos é inviável que os carros fiquem parados dos dois lados, porque a estrada é estreita e bloqueia a passagem de outros automóveis. A atuação da prefeitura tem ajudado, mas alguns ajustes ainda precisam ser feitos”. Flávia reprovou a atitude da população que chegou a amassar as placas colocadas pela CPTrans e, acredita que a melhor medida é limitar o acesso ao Poço. “Minha preocupação e dos outros moradores é que no Carnaval a situação fique insustentável. É preciso que a fiscalização seja ainda mais intensificada neste período”, declarou. 
Paulo Felipe, mais conhecido como Bebeto, é dono de um restaurante na Estrada da Rocinha há dois anos, e tem sido diretamente afetado com a superlotação do posto. O motivo principal é que os clientes do restaurante não conseguem chegar para almoçar, por causa da dificuldade em atravessar a estrada que liga o Baixo Secretário ao Alto. “Nos outros anos, a situação era ruim, mas em 2014 está caótica. Com a presença da CPTrans houve uma melhora na organização do trânsito, mas ainda não é 
o suficiente, porque ainda demoramos cerca de 40 minutos para passar pelo local”, comentou.  Sobre o lixo, depositado pelos banhistas, Bebeto afirmou que, na segunda-feira, a Comdep realiza a coleta do que está dentro da caçamba. Já o que fica na cachoeira e no entorno, não é recolhido. 
Fonte:Tribuna de Petrópolis 

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