A procura por cachoeiras petropolitanas
nos dias de calor intenso tem causado transtornos para moradores e
comerciantes de localidades como em Secretário e no Rocio. No Poço da
Rocinha, em Secretário, a população pede que haja fiscalização da
prefeitura com urgência para controlar o fluxo de carros e o despejo de
lixos próximos ao local. Já no Rocio, o problema é gerado pelo comércio
irregular de vendas de alimentos e bebidas, criticado por donos de
bares licenciados e que pagam imposto anualmente. No município existem
ainda mais cinco quedas de água que atraem visitantes e não contam com
nenhum tipo de fiscalização e segurança, o que faz com que as pessoas
joguem lixos ao redor e faça, no local, as necessidades fisiológicas.
De acordo com o diretor de patrimônio do
Centro Excursionista Petropolitano (CEP), Julian Kronenberger, além dos
poços do Rocio e de Secretário existem ainda algumas cachoeiras no
Caxambu, uma no Véu da Noiva, que fica dentro do Parque Nacional Serra
dos Órgãos; a Cachoeira da Macumba ou do Açuzinho, na estrada
Petrópolis-Teresópolis; o poço do Vale das Videiras e mais uma que fica
dentro de um condomínio no Vale da Boa Esperança. Segundo ele, a
diferença entre poço e cachoeira é que o primeiro é como se fosse uma
piscina natural. “O que caracteriza uma cachoeira é uma queda d'água com
mais de 15 metros de altura”, explicou.
Na semana passada, o jornal noticiou a
reclamação de comerciantes e moradores do Alto Secretário, que estão
indignados com a desordem que tem se instalado no local, principalmente,
nos fins de semana. Dono de um restaurante que fica depois da
cachoeira, também na Estrada da Rocinha, Paulo Felipe, mais conhecido
como Bebeto, chegou a fazer uma postagem na página do Facebook do
prefeito Rubens Bomtempo, implorando uma solução. No texto, ele diz que
já chamou a polícia, a imprensa, secretarias e a Companhia
Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans). Ele relata o problema
que estão vivenciando com o excesso de lixo que está se acumulando no
local e os transtornos com estacionamento irregular. “Não podemos subir
ou descer, a estrada fica totalmente fechada e ficamos reféns da
desordem e do turismo predatório. Acho que todos têm direito de ir e vir
e fazer o que quiserem e bem entendem onde quiserem, desde que o
direito de todos os outros ao redor, também sejam respeitados, o que não
está acontecendo”.
Os moradores também criaram um grupo na
rede social, chamado Salvem o Poço da Rocinha, que contava ontem com 333
pessoas. Todos acreditam que deve ser tomada alguma medida com
urgência. A cantora Ana Zinger, de 50 anos, mora no Jardim Botânico, no
Rio e há um ano alugou uma casa em Secretário para fugir da cidade
grande. “Gosto da tranquilidade da Serra e por isso procurei um lugar
sossegado, sem estresse e é assim quando não acontecem os tumultos
durante o verão. No domingo fiquei mais de meia hora para conseguir
passar em um trecho onde os carros estavam estacionados de qualquer
maneira. A quantidade de pessoas, automóveis, motos e lixo no local é
absurda. O poço não comporta tanta gente”, destacou ela, enfatizando que
a área precisa de uma organização porque tá “um caos”.
Já no Rocio, a comerciante Solange Dias
Antunes, de 43 anos, está revoltada com um carro particular que tem
vendido bebidas e lanches próximo ao poço. “Eu tenho licença para
trabalhar, pago R$ 400,00 de imposto por ano. Já solicitei a
fiscalização da prefeitura para ver se ela toma uma providência. Não é
justo eu pagar minhas contas em dia o ano inteiro e no verão aparecerem
esses oportunistas”, desabafou ela, que tem um bar em frente ao poço há
40 anos. O local tem atraído diversos moradores da cidade, até nos dias
de semana. Ontem o vigilante Eduardo Fecher, de 32 anos, levou a esposa e
a filha de oito anos para se refrescar. “Sempre venho aqui, porque é o
lugar mais próximo de casa. Fim de semana não é tão bom porque fica
muito lotado”, disse ele, acrescentando que o poço é muito frequentado
por crianças e não existe nenhum salva-vidas no local. Eduardo afirmou
também que, como não tem lixeira próxima, ele guarda o lixo em uma saca e
leva no carro para casa. A área também não conta com banheiro químico.
A CPTrans informou, por meio da
assessoria de imprensa, que atua na fiscalização por toda a cidade,
inclusive nos fins de semana. A Companhia destacou que também conta com o
apoio da Guarda Civil para coibir irregularidades.
Fonte: Tribuna de Petrópolis
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